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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
20/01/2015 | Luiz Santos: Os Catecismos e o Avivamento

 Apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela” (Tt 1.9).

Em muitos contextos evangélicos, presbiterianos inclusive, os Catecismos não gozam de muita simpatia. Muitos logo o associam à Igreja Católica Romana e por isso mesmo possuem tanto preconceito. Muitos acreditam que o conteúdo dos Catecismos não passa de introdução de elementos meramente humanos, costumes e doutrinas surgidas em determinado período que pouco ou nada tem a ver com as Escrituras.

Bom, em se tratando do catecismo da Igreja Católica isso lá tem a sua verdade. Ali você encontrará o ensino oficial daquela denominação sustentado sobre o tripé Tradição, Escrituras e Magistério eclesiástico, nessa ordem. Ali o que disseram os grandes doutores e mestres do passado, bem como os santos e místicos que desde sempre habitaram o ambiente romanista tem grande crédito. Também o pensamento papal tem enorme destaque. Evidentemente que as Escrituras também são citadas, mormente para consubstanciar os dois anteriores.

Mas, no contexto das Igrejas organizadas na Reforma Protestante os Catecismos surgiram já na aurora do movimento. Martinho Lutero providenciou catecismos para a instrução das crianças e depois também dos adultos. Depois surgiram em outros contextos reformistas outros catecismos, talvez o mais famoso deles o de Heidelberg publicado em 19 de janeiro de 1563 de autoria de Zacarias Ursino e Gaspar Oliveano que logo foi recebido e aceito pelas Igrejas dos Países Baixos tornando-se assim um de seus símbolos de fé.

Mais tarde, a célebre Assembleia de Westminster publicou a sua Confissão de Fé e seus dois Catecismos o Maior e o Breve em Fevereiro de 1649. Estes documentos confessionais oriundos de Westminster popularizaram-se no mundo de fala inglesa e ganharam o mundo através da expansão missionária das Igrejas Calvinistas nos séculos XVII-XIX.

Com o advento do liberalismo teológico e outras crises institucionais e de fé os catecismos infelizmente aos poucos quase desapareceram ou por falta de conhecimento e preconceito foram deixados de lado. Todavia, os catecismos outra coisa não fazem do que servirem de uma hermenêutica, de uma interpretação das Escrituras Sagradas conforme o padrão teológico Reformado e ao mesmo tempo é a sistematização das grandes verdades e doutrinas bíblicas.

Em nosso meio, onde o analfabetismo bíblico e doutrinário é mais do que um sintoma, é a própria doença em si, os catecismos podem ser muito úteis para uma ortodoxa formação do povo de Deus atacado e influenciado todos os dias por todo tipo de vento de doutrina, estilo de culto e muitas bizarrices. Além dos aspectos da iniciação cristã de crianças e adultos candidatos à profissão de fé e batismo, penso que os Catecismos seriam importantes em outras áreas da Igreja.

1. No culto familiar. Penso que nossos catecismos seriam um valiosíssimo instrumento para a formação doutrinal e ética de nossas famílias fornecendo conteúdo e a dinâmica para o culto familiar onde todos poderiam interagir com o sistema de perguntas, respostas, as citações bíblicas e etc.

2. Nos grupos de comunhão e pequenos grupos de discipulado. Nos Catecismos podemos trabalhar os pontos essenciais que todo discípulo maduro deve conhecer e de como viver para agradar a Deus. Os aspectos da santificação e da ética estão sempre presentes.

3. Na formação da liderança para formar a identidade confessional e denominacional. Não há nada de errado em beber de outras fontes, conhecer outras dinâmicas e propostas para dinamizar a vida da igreja ou de se oferecer temas relevantes nem sempre especificamente contemplados nos Catecismos. Não nego o fato de que existem muitas contribuições no campo da teologia, da exegese, da eclesiologia, pastoral, missiologia, antropologia, psicologia e etc., que muito podem e devem ser usados na formação da liderança e do povo em geral. Todavia, todas estas coisas devem ser aproveitadas sem que haja a negligência de nossa base confessional, de nossa identidade cristã reformada e presbiteriana, de nossa maneira de entender as Escrituras e o plano de Deus para este mundo, a humanidade, a criação e a Igreja.

4. Um último aspecto, não menos importante, é que não estamos isolados no mundo e na sociedade e nem temos o direito de assim proceder. Vivemos numa era dialógica de intensa interação e comunicação. Mas não há verdadeiro diálogo, construção da verdade e relações saudáveis e nem comunicação efetiva se não houver identidades definidas. Os catecismos podem auxiliar-nos e muito na construção e preservação de nossa identidade reformada e presbiteriana para podermos ter o que oferecer ao mundo, para sermos criteriosos na recepção do diferente e não nos perder nesta cultura liquefeita e em constante transformação. Os catecismos podem pavimentar o caminho para que o avivamento chegue!

Reverendo Luiz Fernando

É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

Fonte: Luiz Santos

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