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Itapira, 25 de Abril de 2024
Artigo
13/03/2019 | Luiz Santos: Prova e Tentação

O tempo litúrgico em preparação para a Páscoa é um chamado à igreja a fim de retornar ao fervor espiritual, ao zelo religioso e à busca de santificação mais intensa. Todo e qualquer tempo é apropriado para o fomento dessas virtudes na vida cristã, todavia, como seres psicológicos que somos e com a nossa pecaminosidade sempre latente, esses tempos são necessários e podem ser didaticamente bem aproveitados pelos cristãos. Com o passar dos dias e suas inevitáveis preocupações, com a ‘escurilidade’ das horas, muitíssimas vezes nos vemos tão aprisionados por nossa agenda que acabamos negligenciando os devidos cuidados com a nossa vida espiritual. Por isso, a igreja em sua bimilenar sabedoria instituiu essa estação litúrgica com um propósito pedagógico bastante claro: chamar os seus filhos a um permanente estado de vigília e oração como ordenou o Senhor Jesus Cristo. Para atingir esse objetivo a igreja volta os seus olhos para as Sagradas Escrituras, fonte e ápice da piedade e procura aprender e apreender dela os temas bíblicos que devem ajudar os cristãos a se despertarem de sua letargia e negligência e a darem maior importância aos cuidados de sua saúde espiritual. Há dois temas que me parecem essenciais nessa estação litúrgica e que eu gostaria de tratar nessa pastoral. Provação e Tentação. As versões modernas da Bíblia usam termos diferentes para falar dessa realidade espiritual e moral que testa o caráter do crente. Embora haja grande similaridade no campo semântico desses vocábulos, na verdade provação e tentação diferem essencialmente quanto ao agente e o propósito. A provação tem por agente o próprio Deus e seu propósito é o aperfeiçoamento do caráter do discípulo de Cristo. Para atingir o fim desejado na provação, o Senhor usa os mais variados meios e os caminhos mais inescrutáveis para a lógica ou razão humanas. Contudo, há sempre um padrão que o crente atento pode observar com base nas Sagradas Escrituras e na experiência acumulada pelos santos ao longo da história da igreja. Esse padrão pode ser diagnosticado para fins meramente didáticos da seguinte maneira: 1. A provação deseja revelar ao fiel a real condição da saúde espiritual do seu coração. O nosso coração costuma mentir sobre o seu estado verdadeiro:O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jr 17.9). Não poucas vezes somos tomados pela presunção de que somos capazes de resistir e repelir as provocações do inimigo e que somos suficientemente capazes de nos expor com senso crítico a situações que oferecem perigo para a nossa alma sem prejuízos para a nossa relação com Deus. A provação revela o estado frágil de nossa pretensa saúde porque nos leva a um senso terrível de impotência e de urgência de auxílio da graça divina para não cair. Este senso provoca em nós o senso aguçado de vigilância e oração, bem como a prática das demais virtudes, como a prudência bíblica, por exemplo. 2. A provação é um meio medicinal com o qual o Espírito Santo diagnosticando a presença da enfermidade espiritual e moral, ‘espreme’ o furúnculo da maldade com a finalidade de expurgar a iniquidade que infecta e contamina todo o nosso ser. Essa operação provocada pela provação leva-nos a uma atitude de humildade evangélica que passa a desejar e a amar a pureza do coração. 3. A provação se parece com o exercício físico e a vida de um atleta de alta performance. Ela contribui para o fortalecimento de nossa musculatura espiritual e nos leva a maiores rendimentos e a resultados sempre mais expressivos em nossa carreira cristã. Geralmente como parte do treinamento estão o cultivo da paciência, da perseverança, da obediência dócil, numa vida de alegre submissão e oração. A tentação por sua vez tem como agente Satanás e como propósito a ruína da alma do homem. Nessa empreitada maligna o diabo conta com um aliado, um traidor que se esconde dentro do nosso coração, que é a cobiça, pela qual queremos nos fazer deuses de nós mesmos. Satanás também tem um padrão que pode ser observado. 1. Ele deseja que creiamos que somos autossuficientes e que nos bastamos a nós mesmos, inclusive na luta contra o mal. Tudo o que ele deseja e que nos sintamos satisfeitos com o estado geral de nossa alma e a nossa vida religiosa, contentando-nos com um mínimo de piedade. 2. Ele deseja que nos admiremos e fiquemos maravilhados com a nossa piedade pessoal e a nossa justiça. Quer que nos achemos tão santos que cheguemos a nos orgulhar de nossa humildade. 3. Deseja convencer-nos que o padrão exigido por Deus é impossível e injusto, o que nos leva a desistir de qualquer perfeição em santificação. Qual é a resposta adequada dos crentes? Em face da provação, não resistir, acolher pela fé, pedir a suficiência da graça e bendizer a Deus. Nos dias de tentação, resistir pela fé, repelir pela oração constante, apegar-se as promessas do Evangelho e confessar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Nos dois casos, o crente fiel só tem a lucrar na abundância das misericórdias de Deus.

 

Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira.


 

 

Fonte: Luiz Santos

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