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Itapira, 18 de Abril de 2024
Artigo
07/06/2016 | Luiz Santos: Restaura a nossa terra

 “O nosso socorro está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra”  (Sl 124:8).

Testemunhamos dias difíceis em nossa pátria. Há insegurança de toda sorte e as nossas instituições não conseguem responder à altura dos acontecimentos. A simples troca de personagens e partidos não mudou e nem melhorou em coisa alguma a nossa situação. Há um caos político, um vácuo de autoridade, legitimidade e liderança, penso, nunca visto antes em nosso país. Por causa disso não faltam os oportunistas de última hora, bem como aquelas verdadeiras aves de rapina que só aguardam o momento de abocanhar o seu naco de carne pútrida dos restos de um Estado praticamente falido. Causa ainda maior perplexidade que em muitos contextos membros de igrejas e até denominações possam fazer parte dessa tragédia, e não como vítimas e sim como agentes de corrupção ativa e passiva. Existem Denominações sendo investigadas por supostas lavagem de dinheiro em forma de dízimos e ofertas, isso seria assustador e causaria profunda desorientação para todos os cristãos, se a Bíblia não nos revelasse a capacidade do nosso coração depravado em produzir enganos, mentiras, roubos, violências e corrupções. A Bíblia não esconde os pecados de seus grandes líderes. Noé, Abraão, Jacó, Sansão, Davi e outros tiveram as suas misérias expostas quando da narrativa de suas vidas nas páginas das Escrituras. Todavia, a mesma Bíblia nos ensina como Deus lidou com o pecado desses homens, como Ele puniu duramente a desobediência e a vileza desses corações e como Ele mesmo curou e restaurou esses heróis da nossa fé. Deus nunca trata o culpado como inocente, nunca é leniente com o pecado ou relativiza o mal. Antes, Ele o enfrenta, confronta, admoesta, pune e depois os restaura. O Senhor também não faz coisa alguma para evitar as consequências reais e históricas do pecado, mesmo depois de ter perdoado o pecador arrependido. Evidentemente que as Escrituras entre outras coisas, não escondem as misérias de suas personagens, exatamente para revelar a excelsa santidade do Senhor, sua justiça perfeitíssima, seu amor restaurador e seu poder invencível e indefectível sobre o mal. Não há mal incontornável ou por demais poderoso que Deus não possa ou não queira vencê-lo.  Todavia, o mal instalado no Brasil é exatamente uma consequência direta do banimento de Deus, sua Lei e seu Evangelho do contexto público. A tese jurídica, filosófica e política geral é a de que as relações de uma pessoa com Deus são de caráter iminentemente pessoal e privado não devendo assim influenciar a vida comum. Esse banimento passa também por uma Teologia deficiente, tacanha e não Bíblica presente em muitos púlpitos que atende por vários nomes, entre eles ‘Confissão Positiva’ e ‘Evangelho da Prosperidade’. Essa Teologia é na verdade um ‘magiamento’ da fé, uma expressão do que é proibido exatamente no décimo Mandamento da Lei, é uma questão de cobiça. Aliás, o apóstolo Tiago já havia detectado esse tipo de relação com Deus em seus dias: De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.1-4). O censo diz que nós evangélicos somos já quase 40% da sociedade brasileira e parece que o pretendido resultado de uma sociedade mais eticamente bem fundada sobre os alicerces do Evangelho não se confirmou e por quê? Porque há incosistências teológicas na Igreja Evangélica. Os que se interessaram e se enveredaram pelos caminhos da política, vocação nobilíssima diga-se de passagem, dentre nós, nem sempre entenderam que a seara política é um instrumento de serviço e de fazimento da justiça e não um expediente para tomar o poder e fortalecer o seu império denominacional. Também, não há nada no Evangelho que nos inspire a desejar um Estado Evangélico ou Cristão. O que podemos inferir das páginas das Escrituras é que o Evangelho deve agir como o fermento no meio da massa. Deve inspirar leis, ações, estratégias a partir dos valores inegociáveis do Reino de Deus para a defesa, promoção e desenvolvimento da vida humana. O Reino de Deus nos ensina o caminho da solidariedade, da partilha e segurança integral dos desvalidos e pobres, indicando sempre caminhos de plena libertação e diginidade como o trabalho, por exemplo. Roguemos para que Deus restaure tempos de paz e justiça plena em nosso Brasil, que Ele o faça começando por nós, julgando, punindo e purificando as nossas igrejas e que além e a partir de nós, todos sejamos curados.

Reverendo Luiz Fernando é ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira, professor de Teologia Pastoral e Bioética do Seminário Presbiteriano de Campinas, de Filosofia na Faculdade Internacional de Teologia Reformada – Fitref e de História da Missões Mundiais no Movimento Perspectivas Brasil

Fonte: Luiz Santos

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