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Itapira, 25 de Abril de 2024
Artigo
03/02/2013 | Nino Marcati: De tragédia em tragédia a gente vai levando...

 

 
A cada tragédia que nos assola, dependendo das circunstâncias e do número de envolvidos, a comoção penetra em todos os cantos e desencadeia o ritual: a busca dos culpados clamando por justiça; o discurso de que é preciso acontecer o pior para que as autoridades tomem providências; o anúncio de medidas governamentais de impacto; a disseminação de atos solidários e a convicção de que, passados alguns dias, depois da trégua midiática, voltamos à rotina até sermos, novamente, surpreendidos com outra calamidade. 
 
Nesse país dependente, em demasia, do poder público, tendemos a crucificar as autoridades sempre que algo muito ruim acontece. É o governante que faz vista grossa ou a fiscalização que morde propina ou os legisladores que não produzem as leis adequadas ou a justiça que não pune como deveria. Não resta a menor dúvida que na maioria das tragédias, teremos sempre alguma autoridade envolvida até os dentes.
 
Não quero, aqui, assumir a defesa das autoridades, mas será que nós cidadãos, possíveis vítimas dos desleixos governamentais ou da ação ignorante ou interesseira ou pecaminosa de empresários, não completamos, com louvor, a lista dos responsáveis? Pecamos na base. É da nossa sociedade que brotam os empresários, os políticos e todos os agentes de justiça e segurança. Mas a nossa falha maior está na exigibilidade deficiente dos nossos direitos, na passividade e cumplicidade diante dos pequenos delitos e, principalmente, na parcimônia e tolerância na hora de buscar produtos e serviços.
 
Qual é a nossa reação quando descobrimos que o prefeito permite o funcionamento de empresas sem atender todos os itens de segurança? Temos por hábito consultar os responsáveis sobre o cumprimento das normas, principalmente as que visam proteger o atendimento de um número elevado de pessoas?  Entre preservar vidas e arrumar desentendimentos com os empresários ou com o poder público qual é a nossa opção? O que fazemos diante da venda de bebidas aos menores de dezoito anos ou quando permitimos que inabilitados ou inexperientes dirijam veículos? Sabemos que o cumprimento de todas as normas de segurança custa caro, pagamos o preço justo, desistimos ou privilegiamos o que é mais barato, incondicionalmente?
 
Eu não me integro ao grupo que acha que passados alguns dias, as tragédias são esquecidas e tudo volta como antes. O tempo, no máximo, surge como redutor das propostas exageradas, imediatistas ou miraculosas. A cada calamidade, refletimos, aprendemos e aplicamos. Depois de Santa Maria, quantos pais de jovens “baladeiros” não estão aproveitando a oportunidade para se sentarem com seus filhos, orientando-os sobre as casas noturnas, rotas de fuga, consumo exagerado de bebidas alcoólicas etc.? Quantas casas noturnas não estão se readaptando ao perceberem que a economia é a base da porcaria? Vive-se, portanto, um processo que nasce nos jovens, mas que repercutirá silenciosamente daqui pra frente. 
 
As catástrofes, naturais ou não, despertam o nosso instinto de sobrevivência. Não as tratamos, apenas, como um assunto do momento, como pode supor a nossa vã filosofia. A gente evolui. Devagar, mas evolui.  Poderia ser mais acelerado? Creio que sim!
 
Também, não me incorporo ao fatalismo ou à predeterminação. Não consagro a ideia de que todos os acontecimentos tem destino fixo e inexorável, sem controle ou influencia da nossa vontade ou, ainda, que a sabedoria e a onisciência divina sejam as responsáveis pelas peripécias futuras, boas ou ruins. 
 
Prefiro imaginar que nós podemos, além de crescer e multiplicar, resolver todos os problemas que nós criamos. Basta percebê-los.
 
Fonte: Nino Marcati

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