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Itapira, 20 de Abril de 2024
Artigo
01/07/2012 | Nino Marcatti: Jornalista? Quem sou eu, primo!

Algumas pessoas andam incomodadas com as minhas incursões jornalísticas.  Pensam, talvez, que eu possa querer, a qualquer momento, ambicionar esse título sem ter passado pelos bancos de um curso de jornalismo.  Antes de qualquer coisa, esclareço: assim como nunca me considerei escritor e nem cheguei a dar meu nome no time dos aspirantes, da mesma forma, nunca me colocarei como jornalista. No máximo, como um gandula da informação.

Andrew Marr, ex-editor do diário The Independent e da Economist, definiu em seu livro, My Trade, que “são jornalistas todos aqueles que fizerem jornalismo” entre os quais “bêbados, disléxicos e algumas das pessoas menos confiáveis e mais perversas da Terra”.  Concluiu o pensamento dizendo que “tirando o crime organizado, o jornalismo é a mais poderosa e agradável antiprofissão”. Concordo em gênero, número e grau.
 
E não é que a ironia de Marr tem sido levada a sério pela maioria dos políticos brasileiros e por alguns jornalistas com diploma na parede? Andrew Marr, como se sabe, apesar de ser um consagrado jornalista britânico, é formado em Letras. Nunca estudou jornalismo nos bancos acadêmicos.
 
O Supremo Tribunal Federal, para desespero de alguns, em 2009 derrubou a exigência do diploma de jornalista por considerar que a norma era incompatível com o princípio de liberdade de expressão. No final do ano passado, depois de receber forte lobby de algumas instituições sindicais, o Senado Federal aprovou uma proposta de emenda constitucional para tornar obrigatório o diploma de nível superior para o exercício do jornalismo. Haverá, ainda, uma segunda votação. Aprovada será analisada pelos deputados. É certo, contudo, que caso essa proposta logre êxito nas duas casas legislativas federais, certamente, o STF a derrubará. Trata-se de ferimento na cláusula pétrea da constituição brasileira. Mesmo assim os políticos insistem, assim como alguns jornalistas formados.
 
É interessante observar que o Brasil, apesar da aculturação ter forte referência nos países desenvolvidos, quando se trata de procedimentos éticos, respeito às leis e às pessoas, qualificação profissional, participação política etc., o foco acaba, muitas vezes, desviado para as piores experiências terceiro-mundistas. Nos EUA e na Europa ninguém precisa ser jornalista diplomado, basta qualquer diploma superior, o de Engenheiro Elétrico, por exemplo. Andrew Marr nos ensina: “Tudo que um jornalista precisa é ser curioso e saber farejar uma boa história. Mesmo dominando a gramática, só se aprende a escrever escrevendo”. Alguns jornalistas, assim como muitos engenheiros, como este que voz escreve, o diploma serve só para enfeitar parede.
 
Resgato Gilmar Mendes, ministro do STF, que, em 2009, disse: “o jornalismo e a liberdade de expressão são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada. O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada”. Logo em seguida, Ayres Britto definiu que o jornalismo pode ser exercido pelos que optam por se profissionalizar na carreira ou por aqueles que apenas têm "intimidade com a palavra" ou "olho clínico".
 
Na parte que me toca, tenho a curiosidade associada ao instinto provocativo. Eu diria que sou um provocador do bem: aquele que cutuca em busca de movimento progressista proativo. Gosto de escrever e exercitar o cérebro para não deixa-lo envelhecer sem resistência. Gosto de transformar pensamentos em palavras. Gosto de juntar pontos dispersos até formar uma história. Seria isso jornalismo? 
 
Às vezes fico pensando, o que seria deste mundo, sem imprensa, nem jornalistas. Melhor não seria. Mas tem um monte de gente, de algumas categorias, que não gosta dessa raça de jeito nenhum. Alguém arriscaria palpites?
 
Fonte: Nino Marcatti

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