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Itapira, 27 de Abril de 2024
Notícia
09/03/2016 | “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus”(1 Co3.9).

Volta e meia alguém me pergunta qual a melhor e mais proveitosa maneira de ler a Bíblia. De fato, ao longo dos séculos muitos métodos, planos, e pressupostos ofereceram tentativas válidas para a leitura, estudo, compreensão e aplicação das Escrituras. Desde cedo duas maneiras de abordagem do texto sagrado tiveram mais destaque na comunidade de fé. As Escolas ‘Alegórica e Gramatical’ foram as mais conhecidas e usadas pelos pastores e teólogos desde a antiguidade cristã.

O Método alegórico ainda faz muito sucesso. Grosso modo é uma abordagem das Escrituras que procura enxergar uma verdade, uma doutrina, uma mensagem escondida atrás da letra, da narrativa ou da sentença. Nesse método há sempre que se buscar mais de um sentido na Palavra de Deus, moral, espiritual ou doutrinal.

A ‘Escola Gramatical’sobreviveu a duras penas no seio da igreja, vindo a receber maior crédito nos dias da Reforma Protestante e em seu ulterior desenvolvimento. Essa maneira de ler as Escrituras leva em consideração a intenção e o sentido original desejados pelo autor, a história do contexto, a sua posição no cânon, as sutilezas da língua original e etc.

O sentido do texto deve ser sempre o mesmo para todas as gerações, o que muda são as possíveis aplicações deste texto às condições concretas de cada igreja e pessoa. Lógico, seja qual for a escola pretendida, sem a iluminação do Espírito Santo nenhuma leitura será de grande valia para a alma.

Outra abordagem surgida na história do cristianismo, talvez mais restrita aos crentes, é a ‘Lectio divina’. A ‘Lectio divina’conquanto misture pressupostos das duas escolas citadas, ela é na verdade uma abordagem devocional e sapiencial da Bíblia. Nela, a grande preocupação é o abastecimento da mente e do coração para se experimentar mais da ação e da presença de Cristo na alma do crente. O grande escopo da ‘Lectio divina’ é a contemplação e o ‘quientismo’ ou paz da alma. Não se trata necessariamente de uma leitura espiritualista e escapista, mas é uma leitura de aplicação mais intimista do que as outras.

Poderia falar aqui dos pressupostos e da metodologia marxista da Teologia da Libertação, do Evangelho Social ou das tendências ideológicas e políticas da Missão Integral. Todavia, desejo tratar agora de uma maneira bastante producente para a alma e para a igreja como ‘povo em missão’ de leitura bíblica.

Claro que aqui os pressupostos de uma saudável teologia bíblica serão sempre bem-vindos, indispensáveis até. Resta evidente também que uma leitura mais afinada com a ‘Escola Gramatical’ trará maior ganho para o proveito da leitura. Essa abordagem é aquela que procura identificar o padrão de ação de Deus na história do mundo. O padrão das interferências (da condução) de Deus na história dos homens de maneira redentiva de Gênesis ao Apocalipse.

Identificar como Deus age por meio da construção de relacionamentos através da Aliança. Como Ele convida graciosamente os homens para participarem ativamente de sua obra, quer na eleição de indivíduos como Abraão, quer na eleição de Davi para cumprir uma missão político-institucional, ou outros para serem porta-vozes de sua mensagem como os profetas e apóstolos.

Deus tem sempre um padrão que normalmente subverte a ordem estabelecida no mundo. Geralmente escolhe aquilo que é mais fraco ou vulnerável. Ou aquilo que não possui recursos, aparência ou que não ocupe uma posição ou status privilegiado. Fica fácil identificar na Bíblia esse padrão também, Rute uma estrangeira, Abraão um idólatra, Davi, o último e mais delicado dos filhos de Jessé, Maria uma ilustre desconhecida da obscura Nazaré, Pedro, o humilde e temperamental pescador e etc. Todos esses são personagens emblemáticas no modo de Deus agir.

Outro marco que identifica o padrão de como Deus ‘costuma’ fazer as coisas é procurar entender o para quê. Toda a ação de Deus é marcada pela redenção, pelo resgate, pela salvação. Das palavrinhas, resgate é a que melhor expressa o ‘modus operandi’ do Eterno. Resgatar tem a ver com a ‘compra’ e a alforria dada a escravos, usualmente praticada nos povos antigos, de maneira especial em Israel, para trazer de volta à liberdade parentes vendidos ou escravizados para pagamento de dívidas e etc. Aqui, é possível identificar o Senhor vindo em busca dos seus filhos escravizados por toda sorte de tirania, pecado, idolatria, sistemas políticos, econômicos e culturais e por último o diabo e a morte.

Uma vez identificado o padrão de agir de Deus nas Escrituras temos que identificar, à luz da mesma Bíblia, o que Deus está fazendo hoje no mundo. Como e onde Ele tem agido e pela obediência da fé nos comprometermos com isso como cooperadores. É de uma leitura assim, madura, responsável e transformadora que precisamos fazer e praticar em nossa igreja, inclusive para o bem de Itapira.

Reverendo Luiz Fernando é Ministro Presbiteriano em Itapira 

Fonte: Da Redação do PCI

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