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Itapira, 26 de Abril de 2024
Notícia
18/11/2011 | A Igreja de Santo Antonio de Itapira

                              

 

O tempo passa e, com ele nossa memória apaga lentamente o que certos homens ou mulheres, representaram para nossa Itapira. É o caso do Padre Matheus Ruiz Domingues. Veio para cá em 1958, já como pároco de um templo que existia desde o inicio do século XX. Itapira merecia um novo templo e ainda mais, em se tratando de um santo tão querido como Santo António ( de Lisboa, porque ele nasceu lá, e como de Pádua, porque ele morreu lá).
É interessante saber que onde erigiram  a presente Igreja de Santo Antonio, foi palco e templo por vários anos da Icab Itapira (1913). Resultado de uma ação de comisso movida por um grupo de fiéis  da matriz da Penha,no ano de 1935, por falta de pagamento do foro anual, a Prefeitura por intermédio da Justiça recebeu de volta o patrimônio (terreno e prédio) e o pôs em leilão sendo arrematado pelo Cel Francisco Cintra. O líder político já havia construído a escola ao lado e por uma promessa feita à sua primeira esposa, doa esse imóvel a Igreja Romana, contanto que fosse padroeiro Santo Antonio. A mãozinha (relíquia) desaparece num dia desse mesmo ano. Aliás, o Padre Matheus foi adjutor do Cônego Nora em Mogi Mirim anos antes e, viveu aquela situação, sabendo o valor,  para o mundo católico daquele lugar.
Resumo aqui a formação e ascensão do Padre Matheus: Ingressou no seminário em Campinas no ano de 1933, cursando o primário e o colegial. Continua seus estudos como sacerdote no seminário do Ipiranga em São Paulo, onde se ordena padre em 08 de dezembro de 1945.  Em 1946 foi designado para coadjutor em Mogi Mirim, ficando até julho daquele ano. Depois, coadjutor em Amparo, de 1946 a 1949. Em 1950 foi vigário em Lindóia. Em 1951 abraçou o magistério no seminário Arquidiocesano de Campinas, como professor e diretor de disciplina até 1958. Em 31 de agosto de 1958 foi nomeado com vigário da Igreja de Santo Antonio.
Consegui um cartão, como muitos, que o padre escrevia para se guiar durante as aulas nos cursos de disciplina em Campinas. O assunto deste é CASTIDADE. Leiam.             

 

 

Conforme narram, Jacomo Mandatto e Arnaldo lemos Filho, a Igreja da Santa Mãozinha Aparecida é uma outra história. Vivia no prédio abandonado por uma das  irmandades,  um preto velho e doente de lepra que resistia, pela caridade do povo. Num dia, não o vendo mais na porta, encontraram-no morto. Procederam ao enterro ali mesmo, com os cuidados de praxe para este tipo de inumação. Acontece, que dias depois, após fortes chuvas, cresceu na parede uma espécie de fungo com o formato de uma mão suplicante. Bastou para que muitos vissem a mão do infeliz leproso. Daí a atribuir um milagre, declarado por um suplicante, foi um passo. E, se começou uma romaria ao local. Era época do Cônego Amorim, como vigário da Penha, que proibiu estes rituais no local.  Amorim não fazia idéia que depois de alguns anos, o templo se tornaria a sede da Igreja Brasileira em Itapira.
Continuemos, Pe matheus não se limitou em construir um novo templo. Suas metas eram fortificar a vida espiritual dos católicos, cuidar das crianças e jovens, ter um relacionamento de respeito e carinho com outras religiões e, formar uma grande família cristã emanando da paróquia.
Em 1965, o Pe Matheus leva sua mensagem pelo Jornal Folha de Itapira em junho, onde diz quem ele é o que pretende em nossa cidade:
Mensagem do Vigário de Santo Antonio a seus paroquianos e amigos.
“ Meus prezados paroquianos e amigos de Itapira, o grande anseio nosso é fazer desta Paróquia, que tanto amamos, uma grande família, a Família de Deus, onde todos se amem como irmãos, e assim glorifiquem ao Pai, vivendo e realizando a finalidade pela qual todos nós fomos criados: conhecer, amar, glorificar e possuir a Deus, para deste modo sermos realmente felizes. – Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros, nisto hão de conhecer todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos ouros – (S. João 13 – 34 e 35. Eis o  motivo porque já no inicio do nosso paroquiato, aqui nesta cidade,  empreendemos a obra assistencial – o Educandário que graças a Deus e a vossa cooperação,  hoje é uma realidade consoladora e útil a toda a comarca e a que menos pesa presentemente à Cidade, pois,os 48 meninos que atualmente a obra abriga, quase que se mantém  com o próprio trabalho.O prodígio que esses menores realizam no setor agrícola, na lavoura, merece ser visto para dar-lhe o devido valor. Pois bem, meus amigos,  prosseguindo na conquista desse ideal cristão e cívico,  - fazer da Paróquia a grande família, onde todos se amem como irmãos, como filhos de Deus, iniciamos outra grande tarefa  - a construção da Matriz, com a escola paroquial agrícola e a sede social, tudo num mesmo edifício bem planejado, simples, harmonioso e funcional. Mas alguém poderá dizer, para que ou porque Igreja? – Porque a atual é simples capela, sem o espaço suficiente e sem a mínima comodidade, para que os filhos da grande família possam, nos dias de preceito, reunir-se em torno da mesa do Pai. E escola, para que mais uma escola na cidade? – Para proporcionar aos nosso jovens formação cristã e cívica à altura das necessidades dos nosso tempos.E, em particular, aos meninos do Educandário e zona rural, ministrar-lhes os conhecimentos básicos da agricultura, pecuária, avicultura e etc. A meu ver, prezados amigos, é este o caminho a seguir para resolvermos certos problemas sociais – incutir nos jovens o amor ao trabalho, ensinar-lhes a técnica e dar-lhes os meios adequados.  Ora, nós temos a chácara do Educandário onde 48 meninos já estão iniciados na prática da agricultura. Demos, pois, um passo e completemos a obra,  oferecendo-lhes teoria e técnica. E a sede social? – A sede social se destina a proporcionar às famílias, sobretudo à juventude, ambiente familiar, sadiamente cristão, nas suas diversões. E para que nos repetidos encontros na horas de lazer, mais e mais se estreitem os laços de amizade entre os paroquianos, e mais cresça entre eles o amor fraterno, ao mesmo tempo que se sintam amparados de um ambiente menos cristão e sadio nas suas diversões. Eis aí, meus prezados amigos, os motivos desta humilde mensagem – por-vos ao par deste empreendimento, o qual visa exclusivamente a gloria de Deus e o bem das almas; e cuja a concretização exige de todos nós visão para compreender-lhe o alcance; boa vontade, união e generosidade para realizá-lo, com as bênçãos e ajuda de Deus, que não cessaremos de implorar em nossas orações. Terminando, pedimos a Deus vos abençoe, e a Santo Antonio, Glorioso Padroeiro desta Paróquia, vos proteja. “  Pe Mateus.

Um belo e edificante comunicado, mostrando a erudição do sacerdote. Em seus manuscritos encontrei um documento que parecer ser o rascunho de homilia, mas escrito em latim:

 

             

 

Na construção da mesma, previu um centro comunitário, uma escola paroquial e a própria nave para celebrações. Além disso, fundou e comandou o Educandário Nossa Senhora Aparecida que funcionou no bairro do Cubatão e depois, mudou para a Rua da Penha. Cuidava de muitas crianças e as ensinava na religião e também nas técnicas para o trabalho secular. Foi presidente várias vezes da Guarda Mirim de Itapira. A idéia foi dele e assumida pelos srs. Flávio Zacchi, o Sargento da Policia Militar Sr. Juvenal Leite, Vera Lucia Zonta (Administradora).Outros nomes importantes ligados à entidade são: Wanderley Zázera, Carlos Eduardo Yonezawa, Pedro Boretti, Claudio Antonio Silvestrin, Sebastião Balbino e Iverso Valverde, quase todos ligados ao Lions Club de Itapira.
Para a tarefa hercúlea da construção da grande igreja, em linhas modernas porém litúrgicas, unindo a arte à fé, ele contou com a colaboração do povo de Itapira. O escultor Lelio Coluccini tematizou as mãos: mãos que acolhem, mãos que realizam, mãos que suplicam – a imagem de Santo Antonio da fachada do prédio tem quase 5 metros de altura, as estátuas de Cristo Glorioso, Nossa Senhora e do próprio santo são verdadeiras obras de arte, incluindo aí a Via Sacra.
Segundo a declaração de um paroquiano; - o povo gostava do padre e ajudava de todas as formas, com prendas e trabalho de máquinas e caminhões nos domingos (único dia de descanso para  quem lida no campo). Começou em 1965 e foi terminá-la em 1973. Quase 10 anos de lutas, sofrimentos e, incansável busca do seu objetivo. Segundo outro morador, o padre não tinha medo do trabalho físico, e por muitas vezes viu o sacerdote sujar de barro sua batina durante a construção. Em 1967 sagra o salão paroquial onde à partir daí seriam celebradas as atividades paroquiais.

Segundo Arnaldo Lemos Filho
“...o padre que fundou essa paróquia procurou muito o povo simples da roça e simpatizou com eles tremendamente. Ele foi mais accessível, ele foi mais bondoso, mais prestativo para o povo da lavoura, e o povo da lavoura ajudou, tremendamente esta igreja em todo o sentido. O pessoal estimava o padre, dava as prendas, , vinha trabalhar e rezar aqui. Então a ligação da povo rural com esta paróquia tornou-se muito dinâmica. Veja bem, o pessoal vinha do sitio com tratores e caminhões e trabalhava o domingo inteiro na construção. O pessoal do sitio vinha aqui carregar terra, desbarrancar, carregar tijolos. Então, o povo fez esta igreja e é este o grande valor e esta paróquia é do povo por causa disto...”

Em 31 de agosto de 1968 ele é elevado a condição de Cônego pelo bispo de Campinas. Em 1970 completa seus 25 anos de vida sacerdotal com grande cerimônia. Em abril de 1973 inaugura finalmente a Igreja. Restava apenas o término da torre que abriga os sinos. Em setembro de 1973 ele falece.  Em todas essas datas importantes, nunca faltaram com suas presenças o povo, os príncipes e padres da Igreja, a edilidade e outras autoridades, e ainda de pessoas ligadas ao Espiritismo Kardecista, pela amizade que não alimentava a polêmica.  Foi enterrado na própria Igreja de Santo Antonio, numa cripta que fica abaixo da Rua Ribeiro de Barros.

 

   

 

                                        

 

Nascido na Espanha em 1913, vindo para o Brasil com 8 anos de idade, ainda jovem entrando para escolas de cunho católico, preferindo a vida sacerdotal, quis a providência que viesse para Itapira e fizesse todo um trabalho dinâmico e frutífero, que foi reconhecido por todos. Ele recebeu o titulo de Cidadão itapirense e seu nome foi dado a um logradouro no bairro Parque Santa Bárbara para eternizar seu nome em nossas terras.
Em fevereiro de 1974, toma posse como pároco,  o Padre Paulo Nogueira, membro de família tradicional da cidade. Foi lido o documento da Cúria salientando o papel do Cônego Matheus nesta paróquia. Além dos sacerdotes da cidade e de Campinas, registramos a presença de membro da Igreja Presbiteriana itapirense.
Em suma, Padre Matheus foi um grande homem, sacerdote e mais que isso, a imitação que todo o católico deve buscar como exemplo para viver bem neste mundo. Nossos mais profundos respeitos à sua memória, digno Padre Matheus e das obras que avançaram no tempo, criadas pelas suas mãos e vontade.

 

Fontes: Documentos e fotos do museu histórico de Itapira

 

CULTURAL

DORME NENEN...
Onde está o berço que me abrigava
No calor dos afagos e carinhos?
Onde está o abrigo desse ninho
Que o tempo ha muito consumiu?
Onde estão as mãos que embalavam
Meu sono e me protegiam?
Por onde cantam os embalos e canções
E saudades entristecidas?
Só sei que ainda me lembro
Das antigas cantigas de infância,
E dessas saudosas distâncias
Ainda me lembro! Ainda me lembro!
Quando a cuca vinha pegar
Veludosas vozes velavam
Meus cantinhos secretos
E me punham para dormir
E assim nessa dolência
"Dorme nenen, que a cuca vem pegar.
Mamãe foi na roça, papai no "cafezá"
Os anjos habitavam minha inocência.

Autor: Sérgio de Freitas

 

Fonte: Marcio Carlos

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