Há duas semanas foi anunciada com grande alarde pelo governo paulista a criação de um mecanismo que  garante até R$ 1.350,00 mensais para famílias providenciarem internação para dependentes de crack, medida que ficou sendo conhecida popularmente como “Bolsa Crack”. Basicamente a medida consiste no encaminhamento destes pacientes para clínicas credenciadas pela Secretaria de Estado da Saúde.

 

A medida, contudo, só vale para cidades com mais de 100 mil habitantes, segundo Eliana Sobreiro Assugeni Dias, titular da Secretaria Municipal de Promoção Social. Eliana disse que as medidas anunciadas pelos órgãos governamentais da capital paulista para a internação compulsória de dependentes está gerando um fato prejudicial para cidades do interior, os chamados “trecheiros”, dependentes que ficam vagando de uma cidade a outra.

 

Questionada se ela tem conhecimento de que este fenômeno esteja ocorrendo na cidade, ela afirmou que sim . “ Temos conhecimento de casos de pessoas que estão transitando por cidades da região e acabam permanecendo também aqui na cidade”, revelou. Eliana, inclusive, fez uma revelação de certa forma triste. O desocupado Ricardo Aparecido de Souza, de 34 anos, que na edição do dia 23 de Março foi objeto de uma reportagem deste jornal mostrando suas peripécias em carregar ao colo um cachorro para pedir uns trocados em cruzamentos da cidade, foi recentemente encontrado morto ao lado do cachorro , em Estiva Gerbi. “ Ele era dependente de crack e se insere dentro destes caso onde dependentes passam algum tempo na cidade”, comentou. As causas da morte do rapaz ( e do cachorro) permanecem obscuras segundo relato do Jornal A Tribuna do Guaçu.

 

Por outro lado, o  município, conforme argumento de Eliana, tem procurado agir de acordo com suas ferramentas para atenuar o drama do crack. Uma equipe do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS)  vem trabalhando no sentido de detectar os casos mais agudos  e numa parceria com a Secretaria de Saúde providenciar a internação destas pessoas em clínicas da região. “ É um trabalho muito difícil, muito penoso, que envolve via de regra a negociação com a família. A regra número um é a de que o usuário aceite a ajuda. Temos atacado os  casos mais graves onde o dependente provoca muitos estragos no seio da família”, disse.

 

Segundo sua projeção, atualmente nove pessoas nestas condições estão internadas. A assistência preconiza ainda ajuda para visitação de familiares. “ Casos assim tem que ter o suporte familiar, senão não funciona”, avalia. A Secretária reconhece que  os recursos disponíveis são em menor escala do que o tamanho do problema, mas entende que o método atual, que privilegia contatos com clínicas especializadas  na região, tem ainda muito a oferecer. “Temos um modelo que tem apontado uma direção correta. Acho que devemos investir nesta forma de atendimento”, defende.

 

 

Souza e seu cão , mostrados  na reportagem de A Cidade em 23 de março morreram em Estiva Gerbi