
Carlos Aparecido Jamarino, o Carlão, é administrador especializado em Gestão de RH. Concorreu nas eleições de 2012, conquistou 818 votos, foi o quinto vereador mais votado. Logo após a posse, em janeiro de 2013, foi indicado para ocupar a liderança do prefeito José Natalino Paganini (PSDB). Quatro meses depois foi convidado para reorganizar a Secretaria de Administração.
Nesta quarta-feira, 29, depois que Luiz Machado anunciou na sessão da Câmara que deixará a cadeira, Carlão Jamarino concedeu entrevista para falar sobre sua volta ao Legislativo.
A CIDADE: Várias vezes você atestou que ficaria no cargo de secretário até julho de 2013. Na sessão desta terça-feira, Luiz Machado se despediu e anunciou o seu retorno para a semana que vem. Um anúncio que ocorre dois meses antes do previsto. Qual foi o motivo dessa antecipação?
CARLÃO: Quando eu fui convidado pelo prefeito Paganini em entendimento com o nosso grupo político aceitei o desafio. Eu coloquei uma condição: estabeleci que até o final do primeiro semestre eu retornaria para a Câmara. Veja bem! Eu estabeleci o meu limite, não o do prefeito. Ele como prefeito poderia me dispensar quando bem entendesse.
A CIDADE: Está certo, mas o fato é que houve uma antecipação. Você brigou com o prefeito?
CARLÃO: De jeito nenhum. Somos irmãos, companheiros e amigos. Com a entrada de mais uma pessoa na equipe, o Sandro Pio, que chegou carregado de boas ideias lastreadas em uma carga descomunal de experiência e competência, com a proposta de reformular alguns setores do primeiro escalão, antecipou minha saída. A meu pedido, por que esperar dois meses para implementar as mudanças e ainda por cima gerando despesas adicionais para o erário.
A CIDADE: Esse entendimento foi tranquilo, sofreu resistências?
CARLÃO: A oposição tenta de todas as formas semear a cizânia entre os membros do nosso grupo. Alguns bobinhos, às vezes, acabam entrando na onda, mas na hora de decidir o que é melhor para o município, nós sempre caminhamos para a melhor solução. Como sempre acontece, o prefeito Paganini reuniu alguns companheiros, me chamou, solicitou a presença do Luiz Machado, conversamos e convergimos, rapidamente. Sem qualquer problema.
A CIDADE: Por que você colocou um prazo limite para deixar a secretaria?
CARLÃO: Na última eleição eu me candidatei e queria ser vereador. Lutei para ficar entre os dez e consegui. Depois de eleito parece fácil essa conquista, mas não é não. Serei candidato novamente no ano que vem e vou trabalhar bastante para ser reeleito. O meu retorno à Câmara, mostrar o meu desempenho como vereador faz parte desse processo.
A CIDADE: Então você acredita que ocupar a secretaria de administração poderia atrapalhar a sua carreira política.
CARLÃO: Não sei dizer se atrapalha ou não. Mas entendo que os eleitores que votaram em mim querem ver a minha atuação como vereador. Dei a minha cota de contribuição, desempenhei a minha função da melhor maneira possível, agora retorno para o meu caminho. Mas quero dizer que nesses dois anos procurei dar assistência aos meus eleitores dando os encaminhamentos solicitados aos órgãos devidos. Tem mais uma coisa, eu ando com o folheto onde registrei as minhas propostas eleitorais e posso lhe garantir que eu continuei atuando, normalmente, em favor delas. No momento oportuno farei um balanço dessas ações.
A CIDADE: Você viveu uma realidade que difere do poder legislativo. Ao vivenciar o poder executivo você retorna com alguma bagagem?
CARLÃO: Nem fale. A diferença é brutal. Acho que todos os vereadores deveriam fazer um tipo de estágio nos diversos órgãos do poder executivo para entender como as coisas realmente funcionam, os tempos entre a vontade de fazer e a entrega, o processo de tomada de decisão, os entraves burocráticos que atrapalham os andamentos e as execuções daquilo que é extremamente necessário. Tem vereador que acha que o prefeito e os secretários podem tudo, que podem atender na hora, passar por cima das leis e dos entraves. Não é bem assim que a coisa funciona.
A CIDADE: Você vai levar essa vivência para a Câmara?
CARLÃO: Sem dúvida nenhuma. Quando entrar em discussão qualquer projeto do poder executivo ou aparecer qualquer crítica sem fundamento eu terei embasamento para discutir os assuntos com propriedade. Espero poder oferecer, com a ajuda deles, mais qualidade ao nosso poder legislativo.
A CIDADE: Você pode dizer, então, que valeu a pena?
CARLÃO: Nossa se valeu! Além de viver o dia a dia da prefeitura enfrentando toda sorte de problemas, tive a oportunidade de fazer contatos com os órgãos governamentais do Estado e da União, de me relacionar com inúmeras prefeituras, com os deputados federais, enfim, essa experiência é única. Retorno para a Câmara com muito mais conteúdo.
A CIDADE: Você sempre esteve ligado com a empresa privada. O que achou do setor público?
CARLÃO: É completamente diferente. Desde o contato com os trabalhadores até as decisões mais complicadas. Agora eu entendo porque a população tem dificuldade para entender certas coisas. Para quem não conhece o setor público, tudo se passa da forma como nós enxergamos a nossa casa, o nosso emprego ou a nossa empresa. Basta querer fazer, ou melhor, basta ter vontade de fazer. Não é assim que todo mundo pensa? Pois é, na área pública mesmo tendo o dinheiro disponível, há um calvário a ser percorrido até chegar ao resultado final. É um processo extremamente desgastante. Imagine uma compra de urgência recebendo entraves para que ela não se realize e do outro lado o povo cobrando.
A CIDADE: Desses contatos com deputados em Brasília foram criados laços que poderão beneficiar a cidade?
CARLÃO: Sim. Tenho certeza que volto para o exercício da vereança tendo alguns deputados prontos para me ajudar e beneficiar Itapira.
A CIDADE: Algumas pessoas criticam a atual composição da Câmara, você entende que a sua presença possa mudar essas críticas?
CARLÃO: Primeiramente quero dizer que eu não concordo com essas críticas. A Câmara é o retrato da população itapirense e eu não diria que o nosso povo é ruim. Outra coisa, o Luiz Machado, que me substituiu, exerceu um mandato primoroso. Ele sempre esteve com o grupo, nos bons e nos maus momentos. Realizou um trabalho de base, junto à população de forma fantástica, está entre os vereadores que mais procurava os secretários em busca de soluções para a cidade. É fácil subir na tribuna e fazer pedidos. Difícil é correr atrás dos secretários, discutir as soluções, conseguir os recursos. Todos os vereadores da base aliada trabalham com afinco, falam pouco, talvez, mas trabalham bastante. Eu espero levar a experiência adquirida no poder executivo e ajudar os companheiros na nossa missão.
A CIDADE: Você gostaria de colocar alguma mensagem final?
CARLÃO: Sim. Quero agradecer aos companheiros secretários, aos servidores com quem trabalhei diretamente, ao prefeito Paganini pela confiança depositada, ao companheiro Luiz Machado pela altivez como me substituiu e, principalmente, ao deputado Barros Munhoz que escancarou todas as portas não só no âmbito estadual, como em Brasília. Aliás, eu preciso dizer isso, tentar falar com as autoridades não é uma tarefa fácil. Sempre que eu encontrava alguma dificuldade, ligava para o Munhoz e rapidamente recebia o retorno com o agendamento realizado. Era como se ele estendesse um tapete vermelho para que Itapira fosse rápida e perfeitamente atendida. A partir da próxima terça-feira contem comigo na Câmara Municipal.