O brasileiro tentou entrar na Indonésia com cocaína escondida na asa-delta
O corpo do brasileiro Marco Archer, executado ontem (17) na Indonésia, será cremado no país e as cinzas serão levadas para o Rio de Janeiro pela advogada Maria de Lurdes Archer Pinto, tia de Marco. Única parente ainda viva do brasileiro condenado à morte por tráfico de drogas, Maria de Lurdes está na Indonésia e esteve com Marco Archer antes da execução. As informações são do jornalista Nelson Veiga, amigo de Archer, que falou à Agência Brasil por telefone.
Após o fuzilamento do brasileiro, a presidenta Dilma Rousseff se disse ?consternada? e ?indignada? e convocou para consultas o embaixador do Brasil em Jacarta. No meio diplomático, a medida representa uma espécie de agravo ao país no qual está o embaixador. Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que a execução causa ?uma sombra? na relação entre o Brasil e a Indonésia.
Em nota, a organização não governamental Anistia Internacional considerou um ?retrocesso ? a execução de Marco Archer e de mais cinco traficantes de drogas pela Indonésia. Eles são os primeiros presos executados desde que o presidente Joko Widodo assumiu o cargo. ?Este é um retrocesso grave e um dia muito triste. A nova administração tomou posse prometendo fazer dos direitos humanos uma prioridade, mas a execução de seis pessoas vai na contramão desse compromisso?, disse o diretor de Pesquisa sobre a Região do Sudeste Asiático e Pacífico da Anistia Internacional, Rupert Abbott.
O carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi o primeiro brasileiro executado por crime no exterior. Archer trabalhava como instrutor de voo livre e foi preso em agosto de 2003, quando tentou entrar na Indonésia, pelo aeroporto de Jacarta, com 13,4 quilos de cocaína escondidos em uma asa-delta desmontada em sete bagagens. Ele conseguiu fugir do aeroporto, mas foi localizado após duas semanas, na Ilha de Sumbawa. Archer confessou o crime e disse que recebeu US$ 10 mil para transportar a cocaína de Lima, no Peru, até Jacarta. No ano seguinte, ele foi condenado à morte.
O jornalista Nelson Veiga cobrou medidas duras do governo brasileiro em relação à Indonésia e fez elogios ao amigo. ?Ele tinha um coração enorme, era uma pessoa maravilhosa que queria retornar para o Brasil e falar para as crianças que o caminho das drogas só leva a duas coisas: à morte ou à prisão. [Ele era] um cara com um carisma tão grande que os guardas da prisão emprestavam o celular para ele falar com a gente.?
Editor Juliana Andradehttp://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-01/cinzas-de-brasileiro-executado-na-indonesia-serao-levada-para-o-rio-de Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.