O movimento contra o reajuste de 29,8% nos subsídios dos vereadores e demais agentes políticos a partir de janeiro 2013 começou no dia 4 de abril, na sessão de instalação do Parlamento Jovem. Naquele dia, cerca de oitenta jovens ocuparam a galeria da câmara com faixas e cartazes de forma ordeira e pacífica. A iniciativa do movimento foi do PSOL e lideranças locais, constituindo, assim, um movimento suprapartidário. 

Primeira manifestação na implantação do Parlamento Jovem 

 

Na sessão ordinária do dia 9 de abril, o coro dos insatisfeitos foi engrossado com a superlotação a galeria da câmara. A mesa, alegando defesa do patrimônio público, armou um verdadeiro aparato militar no trecho da Rua João de Moraes, entre a XV de Novembro e Mário da Fonseca, com seis viaturas e mais de 20 agentes policiais locados externa e internamente na sala de sessões. Assim, como na primeira manifestação do dia 4, os ativistas se limitaram a apresentar cartazes, fixar narizes de palhaços e só se manifestaram com vaias nos momentos oportunos, não atrapalhando ou ofendendo os vereadores em nenhum momento. 

 

No dia 13 de abril, diante de um novo aparato policial intimidante, em nome de todos os manifestantes, a professora Helô Bueno ocupou a tribuna livre, leu um texto fundamentando o movimento e pediu a revogação do reajuste: “Hoje, estamos nesta tribuna livre, espaço democrático de manifestação dos grupos organizados, para debater a lógica antipopular que o aumento salarial dos entes políticos projeta sobre as relações de representação orgânica em nosso sistema político. Deixamos claro, desde já, que o problema não está na índole ou caráter dos vereadores. Em momento algum manifestamos tal forma de compreender as relações políticas. Entendemos que a determinação última que deve explicar tal aumento está na própria compreensão da questão representativa. (...) Queremos que a representação realmente funcione, ou seja, que nos seja dado a possibilidade de dizer que se os vereadores querem ser representantes, querem nos representar, que revoguem esta lei de aumento salarial dos entes políticos e destinem projetos de lei que efetivamente promovam a cidadania e os direitos dos trabalhadores e das classes mais exploradas.” 

 

Mas a Câmara Municipal de Itapira subiu no altar da soberania da decisão tomada, manteve a disposição de não discutir o assunto, a exemplo do que tinha feito no dia da aprovação da referida matéria, contando, talvez, com a possibilidade do esvaziamento do movimento e cansaço dos ativistas.

 

Não foi o que aconteceu. A apatia dos vereadores motivou o grupo a organizar um projeto de iniciativa popular pedindo a revogação do reajuste. Para isso, precisariam juntar 5% do eleitorado para atender a determinação legal. Várias listas foram distribuídas pela cidade, lideranças comunitárias abraçaram a ideia, mesas de coletas foram armadas na abertura dos jogos dos trabalhadores, festas populares com a de São Benedito, Praça Bernardino de Campos, escolas etc.

 

O trabalho foi coordenado por Luis Rogério de Oliveira que centralizou o recebimento e a conferência das assinaturas, checando todos os nomes e os números dos títulos informados. Até a manhã deste domingo, dia 3, duas mil e setecentas e doze assinaturas estavam sacramentadas. Rogério disse, ainda, que faltam chegar às suas mãos algumas listas e acredita que o número final deverá se aproximar das três mil adesões. “É provável que outras listas não cheguem a tempo às nossas mãos. Não queremos que os vereadores encontrem motivos para rejeitar o nosso trabalho. E não encontrarão!”, garantiu o coordenador.

 

Na tarde deste domingo, os organizadores do movimento se reunirão para planejar cuidadosamente os próximos passos. “Na terça, todo o projeto estará nas mãos dos integrantes da mesa da câmara.”, disse Rogério.