18/04/2016 | Grupos pró e contra impeachment planejam novas ações em Belo Horizonte

Manifestantes em BH comemoram voto da deputada Maria do Rosário (PT)
Se depender dos grupos que organizam em Belo Horizonte as manifestações favoráveis e contrárias ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff, a mobilização não se dispersa com a decisão tomada pela Câmara dos Deputados na noite deste domingo (17). Os parlamentares aprovaram a admissibilidade do pedido de impeachment e agora o processo segue para o Senado.
Na Praça da Estação, onde manifestantes que não concordam com o afastamento assistiam a sessão dos deputados em um telão, lideranças da Frente Brasil Popular de Minas Gerais subiram ao palco para apresentar uma agenda de lutas tão logo foi anunciado o 342º voto que consagrou o resultado.
A próxima atividade será nesta segunda-feira (18), quando será feita uma plenária na Praça da Assembleia, às 18h, para traçar estratégias. O primeiro a se pronunciar após a confirmação da decisão da Câmara dos Deputados foi o deputado estadual do PT, Rogério Correia. "Nós vamos já preparar a luta a partir de amanhã. Hoje nós perdemos uma partida de futebol, mas o campeonato ainda não acabou. A partida de hoje foi jogada no campo do adversário. O que aconteceu hoje foi uma decisão tomada por um Congresso de direita ideologicamente e moralmente corrupto".
Correia disse também que está nos planos uma greve geral. "Agora vamos jogar a batalha no nosso campo, que é nas ruas, nas escolas, no trabalho, no campo. Vamos seguir travando a luta dos negros, das mulheres, dos homossexuais. Mas a batalha vai ter que ser mais planejada, mais organizada e mais contundente. Nós já estamos apontando junto com centrais sindicais e sindicatos a importância de uma greve geral no país".
Outro petista que acompanhou a votação com os manifestantes até o final foi Nilmário Miranda, ex-ministro de Direitos Humanos durante o mandato do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e atual secretário de direitos humanos do governo mineiro. "Os deputados aprovaram um relatório sem mencionar o relatório. Falaram de seus mães, de seus filhos, de seus deuses, mas não justificaram a existência de crime de responsabilidade. Porque a presidenta não cometeu crime algum. Então hoje nós tivemos uma grande lição. Esse resultado mostra que precisamos avançar muito ainda na democracia e nós precisamos manter a unidade para manter a luta".
Cartazes
Os grupos favoráveis ao impeachment também já planejam novas ações. O Patriotas pretende espalhar pela capital mineira cartazes com o nome de todos os parlamentares mineiros que votaram contra o impeachment. O objetivo é convocar a população a não votarem nestes deputados no futuro. "Iremos manter um movimento vigilante da política", diz um dos membros do grupo, o bancário Marcos Vinícius Peixoto Pimenta.
Caso o Senado confirme que Michel Temer seja o novo presidente da República, o Patriotas também já definiu seu posicionamento. Haverá apoio em um primeiro momento, mas o movimento informa que estará atento a eventuais deslizes. "Nós não estamos abraçados com o Temer, mas ele é a porta que nós temos. Talvez a única no momento", disse Marcos Vinícius Pimenta.
Esta será também a postura que o movimento Vem Pra Rua pretende adotar. "Vamos apoiar enquanto ele estiver fazendo o que é correto e denunciá-lo e combatê-lo se começar a fazer o que o governo atual está fazendo. Não temos interesse em ser partido, queremos fazer controle social", disse a médica Kátia Pegos, uma das líderes do grupo.
É golpe ou não?
Em evento no último sábado (16) no Espaço do Conhecimento UFMG, o cientista político Bruno Reis, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) considerou que haverá uma disputa pela narrativa deste momento histórico. "A Lei de Responsabilidade Fiscal é vaga o suficiente para abrir espaço para interpretações diversas e eventualmente abusivas. Abre, portanto, espaço para a controvérsia se é golpe ou não. Será uma discussão eterna", diz.
Apesar de admitir a possibilidade de outras visões, Reis defende uma posição. "Eu considero que é um golpe parlamentar, uma manobra. Estes setores que estão se mobilizando para se livrar da Dilma, confiam mais no Michel Temer para fazer o que eles acham que precisa fazer. E aí se moveram nesta direção, para buscar um jeito de enquadrar a presidenta em um crime de responsabilidade. Não é um golpe militar, com tanque e intervenção na rua. É algo mais de bastidores, mas as pessoas estão manobrando politicamente dentro do que as regras possibilitam".
A leitura do cientista político não é compartilhada pela coordenadora de projetos Carla Monteiro Girodo, integrante do movimento Vem pra Rua. Ela entende que o discurso de golpe não tem fundamento. "Eu acredito que golpe quem deu foi a Dilma Rousseff com o estelionato eleitoral. Golpe é você usurpar o dinheiro dos brasileiros a partir da corrupção e usar para políticas populistas. Golpista é quem usa dinheiro público para financiar interesses de seu grupo político".
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/grupos-pro-e-contra-impeachment-planejam-novas-acoes-em-belo-horizonteLeo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil
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