06/07/2015 | Lei que proíbe taxa extra para alunos com deficiência atende pedido das mãesA sanção do Estatuto da Pessoa com Deficiência, pela presidente Dilma Roussef, hoje (6), representa vitória das famílias de alunos nesta situação, pois o artigo 28 da nova lei veda a cobrança de ?valores adicionais de qualquer natureza? nas mensalidades e matrículas de crianças e adolescentes com deficiência em instituições privadas.
A reivindicação para proibir as escolas de cobrarem taxa extra para matricular alunos com deficiência ganhou força com um abaixo-assinado criado pela advogada Consuelo Martin, mãe de uma criança com deficiência. Arthur Martin, de 10 anos, tem atraso global de desenvolvimento, o que impede o diagnóstico de uma deficiência específica e faz com que não seja possível auferir a sua cognição.
Ela conta que, após lutar por três anos, para conseguir manter o filho em uma instituição de ensino, Arthur foi aceito na escola somente por meio de uma notificação. ?Por causa das exigências, começamos a ser boicotados e mal-vistos [na escola], até chegar a uma situação insustentável, em que ele foi proibido de usar o pátio da escola. Então eu tranquei [a matrícula] para tratamento médico e comecei com ensino domiciliar?, conta Consuelo Martin.
Consuelo explica, no entanto, que nem todos possuem condições econômicas de conduzir esse tipo de educação: ?Muitos pais não têm condições de se mobilizar e têm medo porque colocam o filho na escola e se reclamarem a criança não é aceita. O pai paga tudo, dá tudo o que tem, para ver o seu filho incluído em algum lugar. Isso [taxa extra] não é justo?.
Segundo a advogada, às vezes a pessoa vai para a escola particular exatamente para tentar suprir uma dificuldade e não porque a família pode pagar. Então, [o pai] faz um sacrifício sobre-humano para pagar escola e ainda vai ter que pagar taxa extra e pagar mediador separado. ?As despesas com uma criança deficiente não são só escola. Elas são muito caras. Nós temos terapias, todo tipo de terapias, não é só educação?, argumenta Consuelo Martin.
Na internet, a petição pedindo um posicionamento oficial dos ministérios da Justiça e da Educação já recebeu o apoio de mais de 16 mil pessoas. O texto já constava no Estatuto da Pessoa com Deficiência, conhecido também como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, mas no final do mês passado (LINK) o abaixo-assinado foi entregue aos ministérios e à Câmara dos Deputados com o objetivo de evitar veto a este trecho da lei e também para que o poder público passe a fiscalizar as escolas particulares, evitando assim a cobrança indevida.
De acordo com Consuelo, a luta agora é para fiscalizar o cumprimento do Estatuto e ?instruir autoridades?. ?Durante minha luta, peguei autoridades que não conheciam nem as convenções que tratam sobre o tema, que não conheciam a legislação que já existia. Na verdade, o que a gente precisa é de toda uma educação para uma aplicação, e a fiscalização?, defende.
Ainda segundo a mãe de Arthur, a sanção da lei vai ?melhorar a vida de muita gente? e é um ?grande passo?. ?A gente tem que criar a cultura da inclusão, que tem que ser pra todos, não é para um determinado setor. A sanção da lei dá respaldo para pessoas poderem lutar. Dá chance da mãe que quer lutar pela inclusão do seu filho é mais uma ferramenta?, disse.
Editor Jorge Wamburghttp://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-07/lei-que-proibe-taxa-extra-para-alunos-com-deficiencia-atende-pedido-das-maes
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