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Itapira, 19 de Abril de 2024
Notícia
28/10/2020 | Luiz Santos: A casa do horror

Às vezes tenho a sensação de que a Pandemia colocou uma lente de aumento sobre as mazelas da igreja. Quase não houve dia em que as manchetes dos jornais e revistas não estampassem algum podre nosso. Falo nosso, porque essas coisas aconteceram na Igreja, com membros da Igreja, não obstante pessoalmente não ter em absoluto qualquer envolvimento, não sou menos atingido e talvez não queira dizer que não possua alguma culpa. Os jornais e revistas não se cansaram de jogar luz na pastora que maquinou um macabro plano para assassinar o marido, igualmente pastor. Sem falar no fato de que ambos, pastor e pastora, não só praticavam orgias sexuais e faziam pactos de sangue com os filhos adotivos, mas os ofereciam como serviçais sexuais para outros pastores. Houve ainda aquele outro flagrado no motel com meninos e meninas de dez, onze anos. Um outro simplesmente agrediu a esposa durante uma live. Na “ala” católica romana do cristianismo a coisa também não anda nada boa. Um Cardeal, que possui um estranho relacionamento com uma senhora em Roma, desviou milhares de Euros do banco do Vaticano e fez inúmeras operações ilícitas para favorecer familiares e se enriquecer de maneira fraudulenta. Há também o caso do padre preso nos Estados Unidos fazendo sexo grupal no altar da Igreja, no mesmo altar onde celebrava a Eucaristia. Também há o caso de um padre acusado de pedofilia e o fato do bispo, que agora responde à justiça, ter conhecimento das graves acusações e ainda sim encobrir e promover o sacerdote. Pela graça e misericórdia de Deus e só pela graça, não tenho nenhum envolvimento com os fatos acima e ainda, por misericórdia de Deus, não tenho feito nada parecido, até aqui. Confesso que me sinto atingido, sofro com essas notícias e muitas vezes me envergonho com a publicidade e os efeitos negativos desses fatos que rapidamente se generalizam e colocam a todos, inclusive a mim, nessa vala comum de corrupção moral e podridão. Mas, como disse, não sou de todo inocente. Talvez se eu tivesse me dedicado mais à oração, me consagrado mais a Deus, se tivesse pregado o Evangelho com mais poder e entusiasmo, se eu tivesse enfrentado e desmascarado os falsos profetas e os lobos transvestidos de pastores com mais audácia e coragem, quem sabe muitos dos males semelhantes a esses não teriam acontecido. Se eu tivesse investido mais em minha santidade pessoal, cultivado mais a pureza do coração, se tivesse confessado mais sinceramente os meus pecados e tivesse sido menos hipócrita no meu seguimento de Cristo Jesus, talvez haveria menos ocasião em torno da minha vida para que o escândalo e o mal se instalasse. Seguramente essa casa dos horrores em que muitos segmentos cristãos têm se tornado nos últimos dias não passa necessariamente por dificuldades estruturais e organizacionais. Não em um primeiro momento. A caixa de Pandora aberta é o nosso coração desafeiçoado de Cristo. É o nosso coração que abriga a impudicícia, a ambição desmedida, a avareza, o ódio, o egoísmo endêmico e adâmico e os altares erigidos e bem conservados aos ídolos do mundo. Esses escândalos todos são projeções dos nossos corações sob demãos de cosmético religioso, que possui a aparência de piedade e que faz subir aos lábios palavras doces para Deus e ‘amanteigada’ para os irmãos, mas que escondem a peçonha de nossos corações vis e corruptos. Faríamos um bem incalculável se, de repente, nos preocupássemos menos (não disse de todo), com esses escândalos públicos e deixássemos de apontar o dedo em riste para os seus atores e nos preocupássemos, aí sim sem exagero, com o desgoverno e a rebeldia dos nossos corações e clamássemos por mais misericórdia enquanto confessamos as nossas iniquidades. Está mais que na hora de romper com essa religiosidade gospel, com esse nefasto subproduto cultural evangélico e abandonar as “modinhas” dessa religião classe média e voltarmos às raízes do Evangelho. Precisamos de um cristianismo raiz! Está mais que na hora de abandonar a igreja-entretenimento, a igreja-terapêutica, a igreja-amiga e não sei mais quantas existem, para voltarmos simplesmente a ser a Igreja do Evangelho puro e simples, a igreja de pecadores redimidos que auxiliados pela graça estão em uma renhida batalha contra o seu coração e as incitações do mundo ao pecado. Está na hora de nos inconformar e desconformar do mundo, seu estilo de vida e seus padrões. Já amadureceu o tempo de recuperarmos uma identidade de antítese ao mundo e de uma mais perfeita identificação com Cristo, sua vida e seu Reino. Para que isso aconteça é preciso que nos voltemos à Bíblia com fome da palavra, que os nossos púlpitos sejam ocupados por profetas e não por profissionais da religião ou pastores de aluguel. Precisamos que em cada igreja haja um homem, com uma Bíblia na mão, o coração pegando fogo e a lógica em chamas, bradando: “Assim diz a Palavra do Senhor”. Somente quando os nossos corações forem saturados da Palavra de Deus é que ocasiões pecaminosas com essas não ocuparão as manchetes com tanta frequência.

Reverendo Luiz Fernando, com temor, Pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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