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01/12/2020 | Luiz Santos: Advento: Em busca do verdadeiro Natal

Um dos aspectos mais importantes da pedagogia do tempo do Advento é que ela nos ajuda a celebrar o Natal como uma festa cristã. Mas não só isso, pois esta festa cristã poderia se esvaziar em um emaranhado de tradições humanas e costumes étnicos e bizarrices de toda sorte. Se isso não fosse verdade, a árvore de Natal e a figura de São Nicolau (papai Noel), para ficar apenas nestes dois exemplos, não seriam símbolos tão presentes até mesmo nos templos. E as defesas para que eles estejam lá, evidentemente, não são fundamentadas nas Escrituras ou em Teologia saudável, nem mesmo naquilo que é mais consistente na Tradição eclesiástica. Não. Mas a partir dos costumes inventados pelos povos e disseminados pela cultura popular. Sem falar aqui na força do mercado que populariza e massifica de tal maneira estes símbolos que eles acabam empalidecendo, e muito, o motivo pelo qual nos reunimos para adorar. Pode ser que a liturgia (o programa de adoração) em si mesma não sofra muitos danos. O problema é que liturgia e adoração (embora sinônimos em alguns momentos), não se esgotam naquilo que é realizado quando nos reunimos, é muito mais um estilo de vida e uma visão do mundo. Olhando para o pinheiro natalino enfeitado dificilmente alguém não saiba que é Natal. Vendo o papai Noel esbanjando simpatia, ninguém duvida que estamos próximos daquela época especial do fim do ano em que um certo espírito altruísta e generoso toma conta de muitos corações, é Natal. Saber que é Natal, não é o mesmo que saber o que é o Natal. Aqui entra o papel do tempo do Advento. Esse tempo é uma ocasião propícia para o resgate dos essenciais desta importante comemoração do ano cristão. Os hinos, as leituras propostas e a Teologia desta estação são ricamente cristológicos e cristocêntricos. A pessoa de Cristo é tão emocionantemente central na espiritualidade do Advento que qualquer outro elemento “auxiliar” para nos recordar o que é o Natal, corre o risco no melhor dos cenários, ser um acréscimo que polui o ambiente e comunica demais, a ponto de confundir a mensagem. E, na pior das hipóteses, pode descambar para uma apostasia, isto é, empalidecer de tal maneira a figura de Cristo, que ele se torna apenas uma ‘nota de roda pé’ na rotina celebrativa da igreja e das famílias. O Natal é mais bíblica e teologicamente bem celebrado quando ele não perde de vista a Páscoa. Somente quando berço e túmulo, estrebaria e calvário, Belém e Jerusalém são colocados em perspectiva, quando um existe para o outro. A ternura do Natal não pode esconder a agonia do madeiro. A mãe que embala docemente o menino, um dia dela se cantará: “Stabat mater dolorosa, luxta crucem lacrimosa, dum pendebat filius. Cuius animam gementem, contristantam et dolentem, pertransivit gladius...” (A mãe dolorosa estava chorosa junto à cruz, enquanto o filho pendia, cuja alma que gemia aflita e em dor, a espada atravessou...). Então, sob certo aspecto, o Advento nos coloca de frente com o princípio das humilhações de Cristo: “que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!” (Fp 2.6-8). Quando esta verdade está presente na consciência do adorador, quando a consciência não se perde distraída e obcecada com as cores e as luzes da árvore de Natal, distraída com o personagem de vermelho ou ávida com a fartura da mesa, surge o primeiro dos estados de espírito, mente e coração necessários para uma celebração dignamente cristã do Natal: a humildade. A humilhação de Cristo exige por parte do discípulo, um estado permanente de cultivo da humildade e, para a festa do Natal, é de todos os estados da alma, de todos os sentimentos que possam envolver a noite do ‘nascimento’ do Salvador, o mais necessário, para que a coisa não se mundanize. Não importam as belas cantatas ou as liturgias recheadas de novidades. Não dizem muito os encontros de confraternização, desaconselhados nesses dias e restritos apenas ao núcleo familiar, se não houver uma evidente atmosfera de homens e mulheres humilhados pelo exemplo de amor de Jesus, se não houver o público e mensurável testemunho de humildade nas relações interpessoais. “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros” (Fp. 2.3,4). Sem humildade, Jesus será o grande ausente do seu próprio “aniversário”. Viva bem o tempo do Advento em busca do verdadeiro sentido do Natal, Jesus.

Rev. Luiz Fernando é pastor na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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