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Itapira, 03 de Maio de 2024
Notícia
07/03/2013 | Mário Sergio Cortella faz palestra aos educadores itapirenses.

 

 

 

A Secretaria Municipal de Educação promoveu nesta quarta-feira, dia 6, o processo continuado de capacitação dos professores da rede municipal de ensino com a presença do renomado conferencista Prof. Dr. Mário Sergio Cortella, no Clube de Campo Santa Fé, para desenvolver o tema: “Educação e Gestão do Conhecimento: um desafio urgente.” Além dos servidores municipais, o evento contou com a presença de educadores das escolas estaduais e particulares.  

Às 19h15min, o evento foi aberto pela Secretária de Educação, Flavia Rossi, que chamou a atenção para a importância do aprendizado: “é muito bom perceber que não sabemos tudo, que sempre temos algo novo a aprender, pois desse mundo só conhecimento prevalece”.

Em seguida, o prefeito José Natalino Paganini agradeceu a presença de todos, falou do esforço da Secretária Flavia em buscar soluções para o ensino municipal e louvou a iniciativa em trazer nomes como o do Prof. Cortella a Itapira capacitar a rede. Para encerrar, Paganini informou que estava chegando de São Paulo, satisfeito com os contatos mantidos e garantiu, à moda caipira: “voltei com o picuá cheio!”

Mário Sergio Cortella é filósofo, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também é professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da pós-graduação em Educação, além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral e da FGV-SP. Autor de “Não Nascemos Prontos!”, “Filosofia E Ensino Médio”, “Qual É A Tua Obra?”, “Não Espere Pelo Epitáfio... Provocações Filosóficas.", entre outros. Foi assessor e chefe de gabinete de Paulo Freire quando este foi secretário de Educação do município de São Paulo (1989 e 1990, gestão Luíza Erundina) e, na sequência (1991 e 1992, ainda na mesma gestão), assumiu a titularidade da pasta.

Cortella iniciou a palestra, como ele gosta de dizer, comendo pelas beiradas, criando um clima preparando a plateia para assimilar o recado principal. Sem entrar diretamente no tema lançou perguntas e desafios. Fez o famoso “esquenta”!

Contou algumas experiências na administração pública, e comentou o papel que cada servidor tem com a estrutura: "A educação serve para a autonomia, para se desenvolver, para crescer, fazer o melhor. O servidor público tem que esclarecer o cidadão, tem uma tarefa educativa para com o cidadão", O educador precisa ter humildade pedagógica. Humildade de pensamento, de relacionamento e no exercício profissional.

Cortella, que foi aluno e depois trabalhou com o educador Paulo Freire, ressaltou aos espectadores do evento que a busca constante por conhecimento e o aprendizado são "ferramentas para autonomia", tanto individual como coletiva.

"A gestão do conhecimento é a capacidade de saber que não sabemos, que não somos completos. É ter humildade para sabermos que não estamos prontos. É ter iniciativa, disponibilidade para ir atrás do aprendizado. É não parar de ser aluno", disse.

O filósofo entrou nos aspectos positivos e negativos da religiosidade no mundo contemporâneo.  Da renuncia de Bento XVI que chamou a igreja inteira à reflexão. Ao dizer que o conclave, prestes a se iniciar, terá a incumbência de buscar um novo pontífice, um novo construtor de pontes, entre o Céu e a Terra, entre a igreja e os fieis. Fez o gancho para dizer que os professores também são pontífices, fazem as pontes entre a ignorância e o saber, entre o passado e o futuro.

Voltou ao século VI, lembrou as regras de São Bento: “a regra beneditina que eu mais gosto é a regra 34, deveria estar em todas as escolas, em todas as repartições públicas": É PROIBIDO RESMUNGAR! Não é proibido discordar, reclamar, debater. Resmungar é aquele que ao invés de acender a vela fica amaldiçoando a escuridão. É uma questão de decisão, de atitude. Decidir acender a vela, procurar a vela e acendê-la. Por isso, vamos falar como São Bento: é proibido resmungar. Vai e faça, levante e faça.”

O resmungão é aquele que só sabe resmungar, não faz nada, não constrói nada, são os “verdadeiros vagabundos”, aqueles que sentam e esperam que as coisas deem erradas. Gente que gasta a maior parte do tempo para provar que algo não deu certo ao invés de gastar esse tempo para que aquilo desse certo: “Esses vagabundos são, por natureza, pessoas pessimistas, é muito cômodo dizer que algo não vai dar certo. Gente assim não serve para a educação.”  

Definiu a coragem com a existência do medo. Para o filosofo quem tem inteligência tem medo, e quem tem medo tem que ter coragem para aprender e ensinar.  Falou, também, da diferença entre o velho e o idoso. O velho é aquele que perdeu a vitalidade, que acha que seu tempo passou, que o pensamento está morto. O idoso, aquele que tem mais tempo de vida, mantém a vitalidade, está sempre atento ao mundo que o cerca. A pessoa pode ter vinte anos e ser condiderada velha.

A tecnologia está evoluindo de forma tão veloz que a cada dia fica mais difícil acompanhar. A velocidade das mudanças incide nas salas de aulas e no trabalho, onde as empresas estão cada vez mais em busca de funcionários atualizados.

Diante desta realidade, disse que é preciso ter iniciativa, disponibilidade para ir atrás do aprendizado: “É não parar de ser aluno".  Destacou que não é verdade que o aluno não gosta da escola, eles não gostam das nossas aulas. Não adianta tentar enfiar na cabeça deles, conceitos que estão longe da realidade que eles vivem, sem mais nem menos, mas é possível construir um caminho para chegar ao ponto que precisamos ensinar e que eles precisam aprender.

Cortella explanou com propriedade a facilidade que muitas pessoas têm para proferir a palavra impossível: “dizer que algo é impossível de fazer ou de acontecer não é um fato consumado, mas uma opinião, nada mais do que uma opinião”.

O teólogo lembrou-se de sua relação com o educador Paulo Freire, de quem foi aluno e amigo de trabalho por 17 anos na Secretária de Educação do Estado de São Paulo, dizendo que o educador era uma pessoa humilde, mas não subserviente. Humilde por não se ver como um sabe tudo, mas como alguém que sabia que tinha muito a aprender. Humilde ao se colocar pequeno para que as pessoas que o rodeavam crescessem. Uma via de mão dupla,  o professor educa e se educa. “Já os arrogantes são aqueles que precisam diminuir os outros para se sentirem grandes.”

No final, repassou alguns conceitos tratados na palestra:

Há professores que não se espelham nos grandes educadores, mas em Mem de Sá. E o que fez Mem de Sá? Ele fez o que pôde.  Muitos profissionais da educação costumam dizer:  faço o que eu posso. “Será que não podemos fazer um pouco mais?”

Os professores que querem chegar aos alunos precisamos se ligar às coisas que eles curtem: músicas, filmes, esportes...  Suas aulas precisam ser mais interessantes, senão deixamos de ganhar idade, para nos tornarmos velhos.

Quem cuida de educação precisa ter esperança, sempre. Não no sentido de esperar, mas no sentido de esperançar, de se animar, se estar estimulado a fazer.

Ao dizer que “o futuro é o passado em preparação” perguntou: qual é nosso legado?

Frases:

Quem não tem dúvidas é porque está mal informado.

Tolice é fazer as coisas sempre do mesmo jeito e esperar resultados diferentes.

Homens são anjos de uma asa só. Ele precisa do outro para voar.

A palestra foi encerrada, pontualmente às 20h55mim, com todos os participantes se abraçando, procurando no outro a asa que lhe falta para voar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VEJA MAIS. Foto Renato Silva

 

Fonte: Da Redação do PCI

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