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Itapira, 23 de Maio de 2024
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13/07/2015 | Munhoz: “Dilma tem chances reais de sofrer processo de impeachment”

 

Numa semana onde se agravou, a partir de mani­festações públicas de suas principais lideranças políticas, a beligerância entre o PT e o PSDB (com afirmação de líde­res deste último de que existe a possibilidade da presidente Dilma Rouseff ser afastada do cargo e a resposta do PT e da presidente acusando os adversários de tentativa de golpe), o deputado Bar­ros Munhoz (PSDB) fez uma análise bastante realista deste momento conturbado por que passa toda sociedade brasileira, destacando o agra­vamento da crise econômica e os efeitos que ela já oca­siona para as pessoas mais pobres; condenando partidos de oposição (inclusive o seu) de tentarem gerar um quadro do tipo quanto pior melhor e acha sim que a presidente Dilma corre sério risco de sofrer um processo legal de impeachement.

No domingo, 5, o PSDB realizou a convenção nacional em Brasília contando com as principais lideranças nacionais. O senador Aécio Neves foi reconduzido à presidência do partido para os próximos dois anos. Os discursos proferidos pelos participantes e um artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso agitaram o ambiente político durante a semana.

Veja os principais pontos da entrevista concedida pelo deputado Barros Munhoz.

A CIDADE: No artigo re­centemente publicado no jornal O Estado de São Paulo, Fernando Henrique cobrou responsabilidade das oposi­ções, em especial do PSDB, nesse momento de crise, pediu para não se patrocine medidas que aumentem os gastos do governo e que não se faça aposta no quanto pior melhor. Como o Deputado enxergou essas colocações?

BARROS MUNHOZ: Eu já falei sobre esse assunto recentemente na Rádio Clube. É chocante, desmoraliza a atividade política. Veja por exemplo, aqui em São Paulo o PSDB luta contra aumentos porque a situação econômica exige, não concede aumento nem para o judiciário. Em Brasília, o PSDB vota a favor da concessão de aumento para o judiciário na ordem de 78%. Isso choca a população. É difícil para a população ver o PT com posturas contraditó­rias em Brasília e São Paulo e ver o PSDB fazendo a mesma coisa inversamente, de acor­do com as conveniências. O povo espera responsabilidade política. A crise é muito gra­ve. O presidente Fernando Henrique tem toda razão, nós precisamos fazer uma oposição ao governo, mas não ao país. O slogan atual do PSDB é “oposição a favor do Brasil”, mas nem sempre é isso que está acontecendo. Eu acho que a hora é de muita gravidade e quem está pagan­do o pato é o povo. Acabei de ver no Jornal Nacional cenas dantescas de hospitais de tratamento de câncer que não tem remédio, as pessoas precisando comprar do bolso. Uma paciente com diabetes, um mês internada sem receber um remédio. É uma gravidade extrema, situação de penú­ria que a população pobre brasileira está vivendo. Isso exige um mínimo de respeito, um mínimo de seriedade na atividade política. Está certo Fernando Henrique. É muito grave a irresponsabilidade política que existe no Brasil em todos os partidos.

A CIDADE: Voltando ra­pidamente para Itapira, o deputado diria que no mu­nicípio acontece algo seme­lhante com uma oposição fazendo cobranças acima das possibilidades financeiras do município?

BARROS MUNHOZ: Eviden­temente essa é uma atividade irresponsável. Política não pode ser isso. A política tem que ser uma atividade séria, de respeito à verdade, de respeito às coisas que mais interessam ao povo. Eu vejo com muita tristeza essa situa­ção. Não é assim que se deve fazer política. Essa é uma das grandes causas da situação que estamos vivendo. É a bagunça política, é o desvirtuamento da prática política. É dema­gogia barata. O camarada só vê erros. Só quer, quer, quer... Acaba ficando uma coisa inconsequente que não leva a nada.

A CIDADE: Na convenção do PSDB houve menções de “graduados tucanos” sobre a possibilidade de convocação de novas eleições em caso de impedimento da presidente. O deputado tem opinião for­mada a respeito do assunto, ou seja, se Dilma, de fato, corre risco de sofrer processo de impedimento?

BARROS MUNHOZ: Sem duvida alguma que a presidente Dilma corre o risco de sofrer um processo de “impeachment”. O Brasil está vivendo uma crise política das mais graves da sua história. Pior, há uma conjugação da crise política, crise moral, crise social, enfim... É crise de tudo quanto é lado. Inclusive pelas barbaridades praticadas pela presidente e pelo seu grupo político. Hoje mesmo acabei de tomar conhecimento de que o ministro da Justiça foi convocado para prestar depoi­mento na CPI da Petrobras. É uma sucessão de escândalos, de erros, de irresponsabili­dades... Essas pedaladas, por exemplo, uma violação total da lei. A presidente chegar a dizer que delação premiada torna a pessoa um delator e comparar com o Joaquim Silvério dos Reis, o traidor da inconfidência mineira, ou comparar com os torturados que não resistiam à pressão e acabavam delatando os companheiros na ditadura militar... O juiz Sergio Moro falou uma coisa verdadeira, isso é uma ofensa ao ordena­mento jurídico do Brasil. Ela está perdida, ela está desnorteada. Tudo isso leva as pessoas se preocuparem e cogitarem, inclusive do impeachment dela, o que também não pode ser comparado como um golpe, de forma alguma. Está previsto na legislação. Nós já tivemos um presidente que foi destituído do cargo, o Fernando Collor. Eu, sinceramente, não gostaria que isso acontecesse. Eu acho que será muito traumático para o Brasil. A crise política se tornará mais grave ainda e quem paga o pato é o povo. As soluções para os problemas se adiam e essa crise vai piorando cada vez mais uma situação que já é grave. O desemprego, a inflação, assim por diante. Eu não gostaria que isso acontecesse, mas acho perfeitamente possível que aconteça.

A CIDADE: A imprensa tem noticiado que o PMDB tem procurado do PSDB para apoiar um eventual governo Temer. O Deputado acha que este tipo de conversa de fato existiu? É possível um acordo nesse sentido?

BARROS MUNHOZ: Eu não sei. Eu conversei com o Serra, com o senador Aloysio e com o governador Alckmin durante a semana e, since­ramente, o assunto não foi abordado. Mas eu não tenho a menor sombra de dúvida de que essas conversas estão ocorrendo. Está todo mundo preocupado. Isso é natural da política. Permanentemente isso acontece. As pessoas estranham, mas não devem estranhar.

A CIDADE: - Deputado, onde esta crise vai desaguar?

BARROS MUNHOZ: Acho que a crise desaguará em con­sequências muito trágicas. A presidente disse em entrevista à Folha e eu já vinha dizendo isso, eles não vão entregar a rapadura facilmente. O pior é que eles não estão fazendo o que precisa ser feito para corrigir os problemas do país. Perderam credibilidade. Veja essa atualização dos novos salários dos aposentados, é uma medida justa, mas é inoportuna. Daqui a pouco quando aprovar o ajuste fis­cal só vai sobrar impopula­ridade. Consequência boa para a economia não vai ter nenhuma. Estão aprovando tantas despesas... É hora de dar um breque. O governador Alckmin teve a coragem de fazer isso. Eu estou vivendo isso todos os dias. As emen­das de 2013 e 2014 estão represadas. Eu digo para os colegas que reclamam: o que vocês querem? Quer que falte dinheiro para pagar salários, que falte dinheiro para com­prar remédios. É muito sério o que está acontecendo em São Paulo e no Brasil. Agora nós precisamos fazer o que é preciso ser feito. A crise é muito mais grave do que parece e vai se acentuar, in­felizmente.

A CIDADE: Como o assunto está quente, como o deputado está analisando o curso da reforma política?

BARROS MUNHOZ: Acho que está sendo feito um por cento do que precisa ser feito e o que ficou de fora, os 99% é o que precisava ser feito, é o mais importante. Estamos cuidando superficialmente das querelas. Precisamos limitar o número de parti­dos. Partido que eleger um representante tem direito ao fundo partidário e tempo na televisão e rádio. Isso é um absurdo. Diminuir o tempo do horário gratuito, tudo bem, seria saudável se diminuísse o formato. Assim continuare­mos tendo aquela porção de candidatos sem ter nada o que dizer. Lamentavelmente, essa é uma falsa reforma política. É como passar um pouquinho de mertiolate em quem está com a cabeça rachada.

A CIDADE: Deputado, esse discurso é unanime entre os políticos, porque a maioria dos que pensam dessa ma­neira não consegue fazer essa mudança?

BARROS MUNHOZ: No fundo tem muita gente que de­pende dos pequenos partidos. É impossível, não se consegue aprovar. Essa reforma teria que ser feita por uma constituinte exclusiva. Jamais os políticos vão fazer uma lei que diminua a possibilidade deles de se reelegerem. Infelizmente, essa é a triste realidade. Cada um está colocando o seu interesse acima do interesse do país. O deputado está votando a refor­ma política, mas está pensando na eleição dele. Não é possível governar o país desse jeito. A assembleia de São Paulo tem 21 partidos, é humanamente impossível ter uma atividade política séria nesse cenário e com tantas permissividades da legislação, onde tudo é possível. Não existe nenhum vínculo entre o que a pessoa fala na eleição e o que ela faz depois de eleito.

A CIDADE: Sinceramente, o deputado vem perspectiva de ver algo bom, nesse sentido, nessa vida?

BARROS MUNHOZ: A mi­nha maior tristeza hoje em dia é a de ter certeza absoluta que eu não verei e que talvez meus filhos também não vejam. As minhas orações atuais são para que meus netos vejam. Digo isso com a maior tristeza do mundo.

Fonte: Da Redação do PCI

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