O Diário Oficial do município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, publicou hoje (18) uma lei que proíbe o uso de materiais didáticos sobre diversidade sexual nos estabelecimentos de ensino da rede pública da cidade.
A lei havia sido publicado ontem, mas foi modificada para retirada de trecho que incluía entre os assuntos proibidos material ?que contenha orientações sobre a prática de homoafetividade, de combate à homofobia, de direitos de homossexuais, da desconstrução da heteronormatividade ou qualquer assunto correlato?.
Apesar da manter a proibição, o prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier, disse que o trecho excluído da lei feria ?frontalmente as politicas públicas voltadas para o combate à violência e à discriminação por orientação sexual?.
Segundo Bornier, a discussão sobre diversidade sexual é prematura para crianças do 1º e 2º segmentos do ensino fundamental, que são de responsabilidade da prefeitura.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro e o Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) vão questionar juridicamente a legitimidade da lei, segundo adiantou o coordenador do programa estadual Rio Sem Homofobia, Cláudio Nascimento.
?Os professores precisam de informação e estratégias metodológicas de como trabalhar essa questão dentro da sala de aula, inclusive para mediar situações de preconceito no dia a dia?, disse. ?Não permitir o debate prejudica o trabalho de educação e atenta contra a democracia?, acrescentou.
Segundo Nascimento, setores reacionários e conservadores da sociedade estão prejudicando avanços dos últimos anos na promoção dos direitos LGBT, liberdades individuais, entre outros.
O professor da rede municipal de Nova Iguaçu Daniel Vieira criou uma petição pública contra a nova lei que, segundo ele, é inconstitucional e desrespeita diretrizes e parâmetros curriculares nacionais.
?Essa lei vai contra os direitos humanos. Os professores da rede sequer foram chamados para discutir essa lei, aprovada sem nenhum debate público. A petição é para mobilizar as pessoas para pressionar para que ela não entre em vigor?, declarou Vieira. ?A violência contra homossexuais está presente nas escolas e falar de direitos e respeito não é fazer apologia. Falar de diversidade sexual é falar sobre igualdade, que está na nossa constituição?, completou.
Ontem (17), o governador Luiz Fernando Pezão exonerou o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, o pastor evangélico Ezequiel Teixeira, que disse acreditar na ?cura gay?, declaração considerada homofóbica.
*Colaborou Joana Moscatelli, repórter da Rádio Nacional
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-02/material-didatico-sobre-diversidade-sexual-nas-escolas-e-proibido-em-escolas Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.