Estou de luto, acabo de perder uma referencia de sensibilidade e amor às pessoas, animais, pássaros, e à ecologia.
Eu o conhecia somente através de seus livros, conversamos pessoalmente somente por duas vezes e por poucos minutos, mas eu o conhecia como à um colega de trabalho com o qual se convive oito horas por dia.

Tínhamos muito em comum tais como: infância pobre e difícil, introvertidos, poucas palavras prezando pelo conteúdo.
Ele era educador e psicanalista, tal qual a mim, contador de histórias tal qual adoro ser, se não fossemos o que estivemos sendo nosso desejo era o mesmo: de ser jardineiro.

Ano passado fui no auditório da Livraria Cultura para o lançamento de um novo livro dele, após sua palestra a palavra passou ao público, muitas perguntas capciosas lhe foram feitas. Fiquei incomodado.

Em defesa a meu mentor pedi a palavra e disse:
- Querido Professor, não quero fazer nenhuma pergunta, quero fazer uma declaração: “Eu te amo”. Te amo como a um pai que não conheci e a um avô que me foi maravilhoso. Não desejo seguir seus passos porque quero ser eu mesmo, seguir minha intuição e viver o meu destino, mas confesso que adoro as coincidências entre nós.

Na sessão de autógrafos, entreguei-lhe uma cópia de meu livro “Lara e Leonôra”, passados poucos dias, recebi pelo correio, um livro dele que ainda ia ser lançado e com comentários elogiosos ao meu.

Perdemos todos, seus alunos, seus leitores da coluna no Correio Popular de Campinas, seus familiares e amigos.

Seu corpo foi às cinzas, ficaram seus exemplos, ficaram também seus livros e artigos, que inigualavelmente são exemplos de amor altruístico à humanidade e ao planeta.

Adeus Rubem Alves.........

Que o barqueiro Caronte o conduza pelo rio Estige (da imortalidade) até o local para onde vão os heróis, os Campos Elízeos, onde tudo são jardins e fontes.

Antonio de Pádua Colosso é Educador, Psicanalista e Grupanalista.