Alguém um dia disse: “São Paulo é a cidade mais caótica, mais cinza, mais poluída que eu já vi, e mesmo assim me apaixonei”. Devo confessar que isso aconteceu comigo também, e com tantas outras pessoas que conheço.
O que quiser comprar, vestir, comer, beber, assistir, gastando pouco ou uma fortuna, Sampa tem.
É impressionante e visível a discrepância que a cidade traz, e só precisa mudar de bairro para perceber. De manhã pode visitar o centro ainda degradado, cheio de mendigos sem-teto enrolados em cobertores, crianças fumando crack, religiosos fervorosos palestrando na praça da Sé, camelôs vendendo DVDs piratas, barraquinhas oferecendo coxinha + suco por R$ 2,00. E à tarde rumar para a Rua Oscar Freire nos Jardins, e se deparar com vitrines caríssimas, desfiles de carros importados e blindados, mulheres carregando bolsas Prada e brincando com um IPAD enquanto tomam um cafezinho de R$ 12,00.
Essa megalópole de 11 milhões de pessoas é um capítulo à parte. Por isso, vou dividi-la em regiões.
Para começar, o marco zero localizado na Praça da Sé. Apesar do que foi dito, o centro vale a pena ser descoberto. Perca o medo, o preconceito e se jogue. Ande a pé, de metrô, gaste sola de sapato, mas segure bem a bolsa.
A Catedral da Sé (Praça da Sé, s/n) é imponente, estilo neogótico e comparável às grandes catedrais Europeias. Os mosaicos, as esculturas e o mobiliário foram todos trazidos da Itália. Para se ter uma ideia do tamanho, acomoda 8.000 pessoas. É linda!
Da estação Sé tome o metrô e desça na estação São Bento, onde fica o Mosteiro de São Bento (Largo de São Bento s/n). Aos domingos há uma missa com canto Gregoriano. Independente de ser religioso ou não, vale a pena assistir. Se fechar os olhos e ouvir os monges cantando e sentir o aroma do incenso que defumam o ambiente, vai ter a sensação de que está no filme da obra do Umberto Eco – “O nome da Rosa”. A dica aqui é visitar a lojinha dos monges, cheia de delícias feitas a mão. O pão de mandioquinha é literalmente divino. Se quiser um café, na esquina tem o Café Gironda. Um lugar simpático, com vasinhos de flores naturais nas mesas e boas opções, inclusive de almoço.
Agora que tal andar pela maior rua de comercio popular da América Latina? Aposto que já adivinharam que é a Rua 25 de Março. Costumo dizer que a rua é mais famosa que muita celebridade. Pouco importa se pretende comprar algo ou não, tem que passar pela 25, pois não deixa de ser uma experiência única: muita gente para lá e para cá , camelôs vendendo de tudo aos berros, barracas de comida, de suco, de água e de coisinhas voadoras, que você jura que vão te acertar a cabeça, CDs de diferentes gêneros tocando a cada 4 passos, lojas de fantasias, tecidos e artigos de carnaval super coloridas.
Hora de aproveitar outro marco do centro, e este é delicioso: O Mercado Municipal Paulistano (Rua da Cantareira, 306), ou o mais conhecido – Mercadão. Foi Inaugurado em 25 de Janeiro de 1933 e o escritório responsável pelo projeto foi de ninguém menos que Ramos de Azevedo. Mas o arquiteto foi um Italiano, Felisberto Ranzini. Os enormes e coloridos vitrais, com motivos campestres, ficaram mais perto dos olhos depois da última reforma e a construção do mezanino gastronômico. É aqui que fica o Hocca Bar, famoso pelo pastel de bacalhau e enorme sanduíche de mortadela. Pode perder o preconceito. Mortadela de boa qualidade no Mercadão é um luxo! Mas tem que chegar cedo. Tem fila para comprar e para conseguir mesa. Aliás, essa é uma característica da cidade.
Embaixo do mezanino estão 289 variados boxes de frutas, verduras, carnes, peixes, especiarias, azeites, vinhos, frutas secas, iguarias. O colorido é de encher os olhos e deixar em dúvida, mesmo os mais decididos, sobre o que levar. Se prestar atenção na multidão, vai se deparar com chefs, turistas do mundo, donas de casa, fotógrafos e curiosos.
Ainda tem muito o que ver, provar e descobrir no Centro. Trago mais na próxima coluna.
Até a próxima!
Dica da Nat: o Centro de qualquer cidade é denso e tem história. Imaginem o Centro de São Paulo? Então a dica é não deixar passar nada. Olhem para os lados, para o alto porque a arquitetura impressiona. Entrem em sebos, lojinhas, descubram cafés, restaurantes e galerias escondidos. Conversem com quem trabalha no centro e perguntem o que mais admiram na região. Garanto que vão se surpreender.
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