Na última terça-feira, 14, o SAAE interrompeu o fornecimento de água para cidade devido à captação de água com baixíssima qualidade, muito barrenta, oriunda de áreas de extração de argila de forma irregular. A chegada desta água ao sistema de tratamento comprometeu os filtros e as bombas que requereram limpeza e reparação imediatas.  A população só foi sentir o problema da falta de água no início da noite, período de maior consumo. 

 

A CETESB atendendo ao pedido do SAAE e do prefeito José Natalino Paganini esteve em Itapira nesta quarta-feira,15, e vistoriou o Ribeirão da Penha acima da área de captação, na avenida dos Italianos, em busca das causas do excesso de barro e detectou irregularidades em algumas empresas mineradoras. Os responsáveis foram notificados.

 

Nesta quinta-feira, também a pedido do Prefeito Paganini e do SAAE, uma nova vistoria está sendo realizada no Ribeirão da Penha, desta vez, pelo DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) para verificar as razões pelas quais o rio, além de receber detritos em quantidade maior que o normal, teve a vazão reduzida além do que seria esperado em virtude da falta de chuvas.

 

 

 

Informações desencontradas levaram parte da população itapirense a acreditar que o corte de água tinha sido motivada por um suposto racionamento diante da crise hídrica por qual passa o Estado de São Paulo. O presidente do SAAE, José Armando Matoan, esclareceu mais vez que apesar da vazão reduzida do Ribeirão da Penha a cidade ainda coleta água com relativa folga. Reforçou a lembrança: “não será por esse motivo que vamos desperdiçar.” 

 

Outra confusão foi a correlação da água turva com a ocorrência do surto de atendimentos médicos iniciados na semana passada. Dezoito casos foram identificados pela Vigilância Epidemiológica desde o dia 4 de outubro. Os sintomas relatados foram: edema de língua, paralisia facial, taquicardia, sudorese, contraturas musculares e, em alguns casos, hipertensão arterial.

 

A Secretaria Municipal de Saúde acionou o Centro de Controle de Intoxicações (CCI) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para as investigações.

 

Logo que os casos apareceram na Santa Casa e Hospital Municipal especulou-se sobre algum produto utilizado no tratamento da água, mas de pronto o presidente do SAAE descartou por tratar-se de casos constatados em determinadas regiões da cidade. “Distribuímos a mesma água para a cidade inteira, com a mesma qualidade e os casos relatados estão concentrados no bairro dos Prados, mesmo assim vamos fazer a nossa parte, vamos encaminhar amostra para ser analisada. É saúde pública, nenhuma linha de investigação pode ser descartada.”, disse Mantoan na quinta-feira, dia 9, durante a entrevista coletiva no SAAE. A análise preliminar feita pelo Laboratório de Referência da Diretoria Regional de Saúde não constatou anormalidades nas amostras enviadas. 

 

A Secretaria de Saúde depois de avaliar os casos clínica, epidemiológica e laboratorial também descartou tratar-se de uma doença infecciosa. Os testes serão coordenados pelo Instituto de Química e será utilizado um cromatógrafo, equipamento específico para analisar água. Informou, ainda, que colheu amostras de água nas residências dos pacientes e encaminhou para o Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp, assim como amostras de sangue e urina de alguns pacientes.

 

Os resultados estão previstos para sair na semana que vem.

 

Conclusão: O surto de atendimentos não tem nenhuma correlação com a água distribuída pelo SAAE, tampouco com a turbidez da água do SAAE verificada nesta semana.