01/11/2014 | Missa no Cemitério dos Pretos Novos lembrará jovens negros escravizadosO Cemitério dos Pretos Novos costuma reunir muitos visitantes no Dia de Finados. Pelo terceiro ano consecutivo, amanhã (2) será celebrada missa em homenagem aos mortos. O sítio, onde ele está localizado, faz parte da área Museu, que hoje se denomina Instituto dos Pretos Novos (INP), na Rua Pedro Ernesto, 36, Saúde, zona portuária do Rio.
Conforme a diretora da instituição, Ana Maria de la Merced Guimarães, a missa começa às 18 horas, com o padre afro-brasileiro Luiz Maurício Teles, da Igreja da Sagrada Família, próxima ao INP. O cemitério foi descoberto depois que Merced e o marido, Petruccio, compraram a casa onde funciona o instituto. Após uma reforma, encontraram, nas escavações, o cemitério de negros africanos. Eles não resistiam à viagem e morriam antes de serem vendidos.
Pesquisas com apoio do Centro Cultural José Bonifácio, Departamento Geral de Patrimônio Cultural, Instituto de Arqueologia Brasileira e da Secetaria de Cultura identificaram 28 corpos. A maioria era do sexo masculino, com idades entre 18 e 25 anos. Mais da metade apresentava marcas de cremação. O processo era feito para agilizar os sepultamentos, porque os corpos ficavam muito tempo expostos.
Conforme as pesquisas, os crânios encontrados tinham entalhes nos dentes da arcada superior, o que, segundo o INP, indicava a procedência africana dos jovens enterrados no local. Para Merced Guimarães, embora o local não seja para rezas, a religiosidade do museu é evidente. ?Ele é aberto para todas as crenças. Além da missa de Finados, messiânicos fazem suas orações e o pessoal do candomblé lava pirâmides em 12 de setembro. O espaço é para homenagens. Acho interessante e singular, porque integra todas as religiões", salientou.
Ela lembrou, ainda, a presença da sociedade muçulmana. ?Temos uma placa muçulmana. Eles estão sempre por aqui. Não somos somente um museu do holocausto negro, mas sim uma mistura de público. Aberto à visitação durante todo dia, com entrada grátis, o sítio arqueológico também mantém espaços para a cultura indígena.
Além da missa das 18 horas, está agendada para amanhã a oficina Caminhos da Escravidão. Pública e também gratuita, a atividade está marcada para às 9h30, no Largo de Santa Rita, mesmo bairro. Na sequência, ocorrerá uma caminhada até o museu com o professor Cláudio Norato, historiador e pesquisador do mercado escravo do Rio de Janeiro.
Editor Armando Cardosohttp://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-11/missa-no-cemiterio-dos-pretos-novos-lembrara-jovens-trazidos-para-escravidao
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