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Itapira, 15 de Junho de 2025
Artigo
07/11/2010 | TEATRO NA EDUCAÇÃO

Platão foi o primeiro filósofo a preconizar um sistema de educação baseado na atividade artística. E Comênio, filósofo e educador proclamou as vantagens pedagógicas da arte, ainda que sob o caráter de jogos. Pestalozzi iniciou a primeira tentativa no sentido de conferir a criação artística uma fisionomia de aprendizagem metódica e sistemática. SOUZA afirma que: "Os movimentos de renovação artística, iniciados na Segunda década do século passado, os estudos de psicologia infantil, as doutrinas da Escola Nova e, sobretudo, as pesquisas antropológicas imprimiram nova conceituação à atividade criadora, e seus reflexos se fizeram sentir por fim, na Pedagogia e na metodologia didática, abolindo os processos mecânicos e colocando em primeiro plano, a atividade criadora expressiva". – o TEATRO
As atividades teatrais na educação visam ampliar instrumentos eficazes na utilização nas diversas disciplinas, como meio de exercitar a expressão corporal, imaginação, autoconhecimento, consciência crítica, política, cidadania e maior motivação interativa e integrativa.                                                                      


INTERDISCIPLINARIDADE 
Sendo o teatro uma arte multifacetária onde a arte plástica, dança, música, literatura, história e arquitetura exercem funções conjugadas, propiciando o desenvolvimento da criatividade, o uso dessas formas de expressões consegue expandir as referências existentes entre cognição e emoção no ato do fazer.
Quando os alunos representam uma cena referente à disciplina proposta, a narração dos personagens não se dá apenas em vários espaços. O espaço se transforma num único, pois os que assistem passam a fazer parte da própria representação vivencial. Onde os sentidos registram essas sensações de estar presente, propiciando que esses registros fiquem guardados na sua memória orgânica.

 

INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO
As atividades teatrais na sala de aula podem ser vistas como processo formativo e informativo do aluno, como também na aplicação de ensino e construção intelectual. Através dos exercícios lúdicos executados durante seis anos em que atuei na rede municipal de ensino, pude constatar que nos primeiros dias de aula os alunos chegam tensos, com o corpo rígido, produto de suas conservas sociais. Uma educação informal castradora pode interferir nitidamente na personalidade do aluno, por isso é necessário exercícios que impeçam esse imobilismo físico e mental. A partir dos primeiros momentos, percebia certa resistência ao falar como até segurar na mão do outro, eles se protegem com receio de serem expostos frente a turma.Nesse processo de interação e integração vão construindo a formação através dos exercícios de aproximação onde se exercitam a solidariedade, senso crítico, disciplina, concentração e respeito mútuo. E nos trabalhos de avaliação onde são sugeridos temas de assuntos da realidade, essas encenações servem como processo na construção do conhecimento a oportunidade de informação e cidadania.

CONTEXTO SÓCIO-POLÍTICO
Diante dos conceitos expostos, a sala de aula torna-se um universo múltiplo para a análise da integração e interação de alunos que ainda se encontram instalados em conservas culturais rígidas que precisam ser modificadas para facilitar ensinamentos que contrariem o estrato social, produto de uma classe dominante, que tenta a todo custo reproduzir os mesmos padrões ideológicos. É nesse aspecto que , nós professores, devemos refletir sobre ações e estratégias que visem mudar esse estado de coisas. Sendo a educação um instrumento de transformação, se faz necessário manipular ferramentas que transforme o indivíduo não apenas no reservatório de conhecimento, mas oferecer a visão holística de um mundo interno e externo. O aluno no processo de transição educacional necessita de uma instrução política que o ajude a refletir sobre a realidade que o cerca. Só assim os objetivos da sua humanização e reflexão serão atingidos. Os alunos pertencentes a uma classe social economicamente reconhecida foi possível observar as suas dificuldades no processo criativo ao representar situações de tipos de classe social diferente. Certa feita ao sugerir uma encenação de mendigos numa praça publica pedindo esmolas a pessoas de classe média. Quase todos queriam representar as pessoas que ofereceriam a ajuda, portanto houve dificuldade em compor personagens tipológicos de um contingente hierarquicamente inferior. Através desse fato, podemos analisar que ao vivenciarem uma situação atípica que foge a sua própria realidade mesológica, pode favorecer a tomada de consciência colocando-se na posição de uma classe subalterna e vivenciar um momento de transposição, sentindo na pele uma realidade que o desperta para transformá-la, propiciando talvez uma reflexão crítica e política.

CONCLUSÃO
Diante das várias conceituações, chegamos à conclusão de que o Teatro na sala de aula, integrado com Música e Artes Plásticas poderá ser de muita ajuda para os resultados de construção do conhecimento e reconstrução de alunos que sentem dificuldades ou são vítimas de uma educação informal às vezes castradoras que poderá ser alterada, na medida em que exercícios de criação, improvisação e interpretação, apresentem condições de usar a sua imaginação através dos sentidos para reconduzi-los para o despertar de uma vida mais realizadora.
O teatro não pode ser uma atividade desvinculada dos elementos instrucionais, mas de uma nova tomada de consciência de um mundo cultural mais humano, fazendo o aluno entender que ele é construtor de uma nova sociedade, e precisa tomar posse integral de si mesmo, eliminando valores falsos e adquirindo os reais valores para formação de sua personalidade educacional e social. E sendo o teatro uma atividade grupal, que interpreta vários personagens num mundo multifacetário, se torna uma grande oportunidade de refletir que isolado o homem se minimiza na reconstrução de uma nova realidade. Como criador vai reconhecer outras criaturas que vivem em torno dessa mesma sociedade. O corpo, ao ficar num estado de "prontidão", reflete sobre novos corpos no teatro da vida, ao mesmo tempo, ao desconstruir os "padrões" estabelecidos passa a conhecer a disciplina da transgressão (na vivência da sala de aula) e passa a entender que a reconhecida desconstrução de padrões estabelecidos é a disciplina da própria liberdade.

Há alguns anos, tive a oportunidade de realizar uma experiência que me foi bastante esclarecedora acerca da relação entre arte e educação, e que fez acender uma possível maneira - talvez complementar à abordagem que fizemos até então - de compreender a arte como sendo educadora enquanto arte, e não necessariamente enquanto arte educadora.
 

Trabalhei nas escolas em Tempo Integral durante seis anos, além de tres anos em uma unidade particular.

Durante este período desenvolvi dezenas de projetos artísticos que serão divulgados em breves artigos.
Trabalho há anos como diretora da Cia. de Theatro Paulino Santiago e Escola de Teatro NAC, fomentando a cultura municipal e regional.
Meus alunos se distribuem entre crianças, adolescentes, jovens até a terceira idade.
Estudo Pedagogia, pois resolvi me aprofundar neste universo - o  ser humano

 

Fonte: Juliana Avancini

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