28/03/2012 | Flávio Eduardo Mazetto: UM POUCO MAIS DE CUIDADO COM AÇÕES DE CIDADANIA!
Vários grupos espalhados pelos recantos da sociedade têm desenvolvido projetos com objetivo de proporcionar melhorias. As ações específicas reúnem um número considerável de pessoas e promovem reformas peculiares e bem localizadas.
Podemos citar aqui os trabalhos da Pastoral da Criança, ações entre amigos para ajudar certos desfavorecidos, atividades coletivas de cuidado com a natureza (limpeza de encostas de rios, limpeza de praias etc) e também cuidados com o bairro (limpeza de calçadas, certos embelezamentos. São ações importantes até certo ponto (bastante restrito), mas podem colaborar, paradoxalmente, para favorecer aquilo que pretensamente estariam combatendo.
Geralmente, o pressuposto de tais ações se inscreve na seguinte noção: já que o poder público é ineficiente e moroso, organismos da sociedade civil (portanto, instituições privadas) substituem as funções do Estado com vantagens. Neste sentido, corre-se o risco de incentivar outro pressuposto: mudar o mundo sem tomar o poder.
Trata-se de perspectivas temerárias para a organização social revolucionária, pois desconsidera uma visão de conjunto no tocante à forma de atuação do Estado e quanto às determinações sociais dos problemas da sociedade.
Não estamos jogando na vala comum tais ações. Queremos matizar seus pressupostos e seus efeitos para a articulação das transformações sociais mais efetivas.
A despeito da contribuição (no fundo a questão é delicada: qual contribuição, a favor de quais interesses, quais os efeitos estruturais dessa contribuição?) que os agentes da Pastoral da Criança ensejam para a saúde pública, deve-se perceber que tal atividade desobriga o Estado de um serviço público essencial, transferindo para uma entidade privada, que subsiste com trabalho voluntário de seus integrantes, sendo financiada basicamente com verbas públicas, reduzindo (apenas na aparência) o próprio custo das operações realizadas, exatamente pelo valor do trabalho delas. Logo, um argumento interessante para a privataria (concessões, fundações assumindo hospitais etc) que viceja como paradigma de solução para os deficientes serviços públicos. (continua)
Flavio Eduardo Mazetto (cientista político e professor) [email protected]
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