Peixinho é!

Dia dos Pais! Um dia especial, mas não tão importante. Pensei, por brincadeira, montar um ranking.  Pesquisei, sem nenhuma metodologia científica, o comércio, a publicidade, os restaurantes e alguns pais conhecidos. O Dia dos Pais perde feio para o das Mães. Fica atrás do Dia das Crianças e dos namorados, até, imaginem, do Dia da Secretária. Parei por aí!  

Os pais são lembrados e presenteados no segundo domingo de agosto, mas a impressão constatada é de que se trata de um processo burocrático, determinado pelo calendário comercial. De quem seria a culpa? Se é que ela existe, talvez de nós mesmos. Levamos séculos defendendo a nossa macheza, o jeito durão de ser.   

Fiquei surpreso, no mês passado, com um texto produzido pela minha filha mais nova publicado no blog “Palavras Amiúde”. Ela começa assim: “Se há uma coisa que me desperta a curiosidade e muito me fascina é a capacidade animal de transmitir, através dos genes, traços e características, de tal forma que em cada descendente doamos um pouquinho de nós.” Ela segue o texto buscando pontos comuns em todos os integrantes da família, dos avós aos irmãos. Aterei à parte que me toca. “Como disse a pouco, fisicamente me pareço com a mãe. Basta, porém, me conhecer melhor. Se olhar para dentro de mim, sou feita pelo meu pai. Sou santista e comilona assumida. Dentre outras características, sou intensa como ele! Neste exato momento fazemos a mesma coisa: ele escreve de lá e eu, de cá. Como nos deliciamos com isso! Também gostaria de ter herdado mais: sua inteligência, generosidade, brilhantismo. Meu pai é tanto que, diferente de todos os outros, recebe um nome que resume tudo o que é. É Nino! Pois um “Pai” todos tem. Um “Nino”... Só nós!”

Foi muito bom ler o texto dela, senti o gosto do dever quase cumprido: “ Sou italiana e um pouco portuguesa, mas acima de tudo, brasileira. Foi aqui que meus ascendentes decidiram viver e defendo essa escolha como se minha fosse! No meu patriotismo sou Nino Marcati. Sabemos das imperfeições da nossa terra, mas a amamos. E, como todos os que amam, queremos bem a coisa amada. Quando criticamos é bronca de pai e mãe que quer o melhor para o filho. É crítica que convida à revolução, diferente daquela que só quer gerar revolta e mal estar comum.”

E, brilhantemente, finalizou: “Não digo que sou abençoada por ter uma família linda e especial. Não somos interessantes para todos! Digo convicta, “sou abençoada simplesmente por olhar para os meus e achá-los lindos e perfeitos para mim e para o meu crescimento como pessoa”. Se realmente somos tudo isso, pouco importa. Importa haver amor!”

Lamentavelmente demorei a prestar atenção às qualidades do meu pai. Ainda hoje, dez anos da morte dele, continuo desvendando-as. É fantástico saber que meus filhos foram mais rápidos do que eu. Feliz Dia dos Pais!