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Itapira, 15 de Junho de 2025
Artigo
12/04/2011 | A Cidade de Itapira - História de sua Fundação

Pequeno Artigo Introdutório:

     “Itapira, A Linda!”, foram as palavras ditas pelo então Governador do Estado de São Paulo Washington Luiz Pereira de Souza em 05.11.1921, quando em visita por Itapira.

     A cidade de Joaquim Firmino de Araújo Cunha, Menotti Del Picchia, Comendador João Cintra, Virgolino de Oliveira, Hilderaldo Luiz Bellini e tantas outras personagens que, com o passar dos anos, acabam por serem apenas lembrados como nomes de praças ou ruas.

    Para começar, gostaria de apresentar para nossos leitores, um documento muito mais do que importante, atrevo-me a dizer que seja até iconográfico, a certidão de nascimento de Itapira, escrito por uma das figuras principais em nossa história: João Gonçalves de Moraes.

     “Digo eu, João Gonçalves de Moraes e minha mulher Maria Alves Leme, que entre os mais bens, que possuímos livres e desembaraçados e bem assim em o Distrito desta Vila de São José de Mogi-Mirim no Bairro dos Macucos, dentro de nossa casa e domínio onde moramos, uma imagem de Nossa Senhora da Penha, de madeira, dois palmos e meio de altura com seu Menino Deus, e sua coroa de Prata, cuja Imagem eu, doador, possuí por herança de meus pais, e vendo a grande devoção que o povo deste Bairro prestam a dita Imagem e concurso dos vindouros estranhos, em satisfação de seus votos e mesma Senhora, de muito nossa livre e espontânea vontade sem condição, nem contradição de pessoa alguma, gratuitamente doamos aos habitantes deste lugar a dita Imagem, e desistimos de todo o domínio, que nela temos a fim dos mesmos habitantes lhe erigirem seu oratório particular e perpétuo sem que tenham já mais em tempo algum direito de a tirarem do mesmo lugar para outra habitação ou por via de qualquer protesto querer nela algum ter domínio senão só deste Povo em geral para o prédio oratório da dita Senhora, declaramos, que no mesmo lugar onde moramos possuímos uma porção de terras, que se acha na Estrada do mesmo Bairro desde nossa aguada pela estrada adiante, da Ponte do Ribeirão da mesma Penha, e desde os fundos do mesmo lugar a barra da dita aguada e do alto do Espigão muito acima da Estrada onde divisa com terras de Manoel de Almeida e que possuímos por compra que fizemos a meu avô Antônio Nunes cuja porção de terras compreendidas nos limites referidos acima da mesma forma que a possuímos também de muito nossa livre e espontânea vontade e sem contradição de pessoa alguma nem ainda de nossos herdeiros, damos de esmola a dita Imagem de Nossa Senhora da Penha, e desde já demitimos e ao bem de nós toda a posse, jus e domínio, que tínhamos nas ditas terras na pessoa de Manoel Pereira da Silva, primeiro protetor e procurador da dita Imagem, que a nosso beneplácito já se acha erigindo no mesmo lugar o desejado Oratório a Nossa Senhora, e com título da Boa Vista.”

João Gonçalves de Moraes – 28 de Janeiro de 1824

      Assim,assinou este documento, num rabisco em formato de cruz, pois era analfabeto.

     Este documento é de tal importância histórica que pode ter o significado de um registro de nascimento de uma comunidade. Além da doação da imagem de Nossa Senhora da Penha. Moraes faz também a doação de uma porção de terras, num total de 300 braças, onde seria erguido o oratório e a quem quisesse nelas “levantar seus edifícios ficando bem arruados afim de “formosear” o mesmo lugar”. João Gonçalves de Moraes estava falando de casas e de ruas. O patriarca já pensava na futura cidade que seria formada no pedaço de terra que doara; e mais ainda, ele dava um nome ao povoado até então chamado Macuco, seria: Nossa Senhora, e com título da Boa Vista.

     Neste documento – que também fornece dados biográficos de João Gonçalves de Moraes, pois, por ele ficamos sabendo os nomes de seu avô: Antônio Nunes, sua mulher Maria Alves Leme e seus filhos Pedro, Manoel, Antônio e Francisco – está patente o título de fundador da cidade ao benemérito doador João Gonçalves de Moraes.

     E assim, em uma sexta-feira, no dia 19 de Março de 1824 foi celebrada uma Missa, no oratório que havia sido concluído dois dias antes, ou seja, quarta-feira, 17 de Março de 1824.

     Mas e o dia 24 de Outubro de 1820? Não era ESSA a data de fundação de Itapira? Não é em 24 de Outubro que há um feriado? Que há desfile na José Bonifácio? Existe até uma Avenida com o nome de 24 de Outubro no centro da cidade..

    Na verdade, a data de 24 de Outubro de 1820 não tem grande significado. Neste dia apenas teve início a derrubada do mato no lugar onde deveria ser erguida a capela à Nossa Senhora da Penha. Segundo a tradição que vem de séculos, a verdadeira data da fundação de Itapira é o dia 19 de Março de 1824 e não 24 de outubro de 1820, como vem sendo comemorada.

    Se assim fosse, a cidade de São Paulo não teria a comemoração de seu “aniversário” a 25 de Janeiro, mas, sim, entre as festas de Natal e Reis (1553 – 1554), quando Tibiriçá e sua gente ergueram a capela de pau-a-pique, no local escolhido por Nóbrega.

    Temos então, esta pequena confusão de informações, já que o grande Historiador de Itapira João Netto Caldeira, no livro Álbum de Itapira, não informa onde colheu os dados referentes à celebração da missa em 19 de Março de 1821, mas refere-se à licença concedida por D. Matheus de Abreu Pereira, bispo de São Paulo.

BIBLIOGRAFIA

Caldeira, João Netto - Álbum de Itapira
Livros de Atas da Câmara Municipal de Itapira
Mandatto, Jacomo  - História Ilustrada de Itapira 
Mandatto, Jacomo  - Relíquias da Terra Natal
Mandatto, Jacomo - Da Fundação, dos Fundadores e Outros Episódios da História Itapirense - Jornal Folha de Itapira
Coppos, Odete - O Livro de Itapira
Barbosa, Lívia Monteiro - Guia Visual e Sentimental de Itapira
Torrecillas Filho, João - Coluna No Tempo da Vovozinha de João do Norte / Jornal Cidade de Itapira - 1973

     Nos próximos artigos, analizarei mais informações sobre este fato curioso sobre nossa cidade, e, espero assim, contribuir plenamente para a renovação do espírito de civismo nesta população tão carente de sua própria História.


 

Fonte: Eric Lucian Apolinário

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