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Itapira, 26 de Abril de 2024
Artigo
12/03/2011 | Cadê as Araucárias que estavam ali?

Na Itapira dos tempos que não voltam mais tinha uma senhora que se popularizou pelas incontáveis verrugas mostradas pelas partes desnudas. Dela nasceu uma expressão, que até hoje se houve de vez em quando: o que é mais uma verruga para a Carola. Era o jeito conformista itapirense de conviver com as intempéries do dia a dia.

Não tenho meios para avaliar o quanto evoluímos sociologicamente desde que a Carola morreu. Não sei quantificar quantos itapirenses estão mais atentos e menos resignados para os acontecimentos que afetam as nossas vidas e as dos nossos descendentes, direta ou indiretamente. Mas é sensível que nem tudo é aceito, tão passivamente, como outrora.  Nada é mais preocupante - coletivamente falando - do que o desrespeito com o ambiente em que vivemos. Na acomodação, acordaríamos tarde para a escassez de água, para o excesso de poluição, para as alterações inesperadas da umidade atmosférica, para o calor e frio descontrolados, para o barulho ensurdecedor, para o visual desprazível, para a sujeira asquerosa e irresponsável, para os alagamentos e deslizamentos, para as queimadas urbanas e rurais...

Retirados os casos donde a insanidade mental é preponderante, para qualquer crime ambiental, do papelzinho jogado sorrateiramente na rua ao lixo urbano não reciclado, do cigarro fumado nos ambientes fechados às queimadas colossais, do corte da árvore da calçada por causa das folhas caídas às grandes devastações das nossas matas, mesmo motivados por interesses econômicos ou pela ganância, uma única justificativa é consensual: a ignorância ambiental. Aliás, se nos destacamos, entre os seres vivos, pela inteligência e conhecimento, com relação à natureza, somos os últimos da classe. Só melhoraremos as nossas notas, nesse pré-requisito essencial, com o bê-a-bá Ambiental.

As Escolas, da Educação Infantil aos cursos superiores, martelam o quanto podem esse tema. As empresas socialmente responsáveis oferecem palestras e estabelecem metas para a sustentabilidade. Entidades públicas e não governamentais realizam campanhas de esclarecimentos, fiscalizam, denunciam e aplicam as penalidades, quando necessárias. Mesmo assim a ignorância é prevalente.

Lembrei-me da velha expressão itapirense ao deparar que diante da maioria dos crimes ambientais, principalmente os pequenos, nada vai além do que mais uma verruga para a Carola. Uma Carola que pode morrer de novo.

A ignorância ambiental não está nos moradores dos morros e das várzeas, nos analfabetos e na baixa escolarização ou nos espertos e gananciosos. Esta disseminada em todas as classes sociais e em todos os graus de instrução. É encontrada em lugares, às vezes, jamais imaginados.

Entraremos na quarta semana, desde que três Araucárias foram extraídas do jardim externo do Fórum de Itapira. Esses espécimes constam da Lista Oficial da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção e não há nenhum indício de que eles estavam doentes ou ofereciam riscos de qualquer natureza. Nada poderia ter sido feito até que um parecer do IBAMA atestando a inexistência de alternativa técnica e de locação, e justificasse o corte ou a supressão. Aparentemente, tais providências não foram tomadas. A AIPA precisou protocolar um ofício para pedir esclarecimentos à diretora do Fórum de Itapira. Podemos estar diante de um crime ambiental marcado pela extração não autorizada e pelo passo atrás na Educação Ambiental em nossa cidade.  Um crime cometido ou solidarizado por uma instituição que é responsável pela intermediação dos interesses pessoais e difusos, entre eles, os constantes da legislação protetora do meio ambiente.

A pior coisa que poderá acontecer diante da comprovação de erro ou do desmazelo nesse triste episódio, será o silencio da diretora do Fórum, a quietude das empresas responsáveis, o encobrimento dos meios de comunicação, a apatia dos cidadãos de bem e a sensação da relatividade da lei. Como itapirense, eu não ficarei feliz com isso. Espero pelo bom senso. Acredito que ele virá! Os caminhos existem.

Fonte: Nino Marcatti

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