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Itapira, 26 de Abril de 2024
Artigo
23/02/2014 | Nino Marcati: A minha Itapira de 2056

Lurdinha Levatti Piva, em conversa telefônica, me contou alguns lances da festa de aniversário da dona Anjula Levatti Cintra Araújo. Contou, por exemplo, a constatação de que a centenária Anjula, não só está lúcida, mas participativa e animada na altura dos seus cento e um anos de vida. Contou que quando ela (a Lurdinha) se preparava para deixar a festa, por volta da meia noite, ao se despedir, Anjula lhe cutucou: “Já, ainda é cedo!” Uma prova inconteste de que para Anjula, os anos se passaram, mas a noite continua sendo a criança de sempre. Benza Deus! Que sigamos todos na mesma estrada.

Lembro-me, quando criança, vendo dona Anjula passando em frente à minha casa. Caminho que ela usava, com frequência, para se deslocar da casa dela para o centro da cidade. Tenho, ainda, o registro da voz alegre e comunicativa com que ela a todos cumprimentava e conversava, nas costumeiras paradinhas, com as mulheres da minha rua que varriam a calçada ou executavam outros afazeres ou saiam “só para tomar um ar”. Era o tempo em que as ruas da minha cidade eram vivas, pulsantes e calorosas.

Mas essa conversa sobre dona Anjula fez mais do que me levar de volta ao passado, me fez viajar para o futuro. Levou-me, inclusive, à pretensão de chegar aos mesmos 101 anos dela e a imaginar como será Itapira no ano de 2056. Não sei se dona Anjula tentou isso algum dia, mas se tivesse tentado, certamente, teria errado, pois ela viveu o período mais transformador que esse mundo assistiu. Da minha parte, posso afirmar com altíssima chance de acertar, que a população de Itapira, em 2056, não deverá superar a casa 82 mil habitantes, um pico que deverá cair nos anos seguintes. Pensar que na história de Anjula, Itapira triplicou o tamanho. Posso dizer, também, que se estiver vivo até lá, eu e os maiores de sessenta anos integraremos um grupo mais numeroso que os menores de 20 anos, invertendo completamente a pirâmide etária. O mundo será efetivamente nosso! Confio nas projeções do IBGE. Viajei, mesmo, foi com o meu olhar, as minhas interpretações, preocupações e desejos.
 
No campo do meio ambiente, vejo Itapira de 2056 muito mais verde, com árvores por todos os lados. Produzindo lixo zero e reciclando tudo. No ribeirão da Penha, diante da impossibilidade de lhe devolver as áreas marginais para as cheias, toda área do Centro de Lazer até a Penha se transformou num grande lago para o lazer, controle do volume de água para rio abaixo e manutenção da umidade relativa do ar em níveis satisfatórios. Na região do Eliel, atrás do Macumbê, um grande parque, com árvores frondosas, trilhas para caminhadas, corridas e bicicletas, além de amplos campos gramados, livres de obstáculos e também preparado para receber as cheias do ribeirão, sem qualquer prejuízo ao patrimônio. Nas indústrias, alguns setores deixaram de existir, mas outros surgiram vigorosos para dar conta do grande mercado, que nesse ano, de 2056, atingiu a participação ativa de noventa por cento da população. No comércio, o número de lojas reduziu drasticamente, a maioria dos consumidores prefere o conforto e os preços dos sistemas virtuais. Só permaneceram com as portas abertas, os comerciantes que investiram em organização, qualidade, visual e atendimento focado no relacionamento. O setor de serviços foi o que mais cresceu. Tem trabalhadores para atender todas as necessidades humanas. Gente estudada e bem preparada, regiamente remunerada. Setor que oferece a maioria dos empregos da cidade.
 
O sistema viário e as ruas mudaram muito pouco. O número de veículos diminuiu. Itapira aderiu à tendência mundial e investiu pesado no transporte público. As áreas da saúde e educação públicas, finalmente encontraram o caminho da decência e respeito cidadão. Na política, as lutas entre os opositores continuam, mas agora a discussão é diferente: o foco é a qualidade de vida ampla, geral e irrestrita. De verdade!
 
Como se vê, a minha Itapira de 2056 talvez seja bem diferente do que as gerações de Anjula e a minha vivenciaram nesses cento e cinquenta anos. Lembrando, no entanto, que todos contribuíram de alguma maneira para que as coisas acontecessem.
 
Fonte: Nino Marcati

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