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Itapira, 26 de Abril de 2024
Artigo
23/06/2013 | Nino Marcati: Manifestações... Para onde vamos?

O Movimento Passe Livre embrionário das manifestações que se alastram pelo país, não nasceu em São Paulo, tampouco usa cueiro. Levantando a bandeira da tarifa zero no transporte público, surgiu espontaneamente há dez anos em Salvador, Bahia.  Em 2003, milhares de jovens, estudantes e trabalhadores, bancaram durante dez dias a “Revolta do Buzu”.  Em 2004, em Florianópolis, a “Revolta da Catraca”. Em 2005, durante o quinto Fórum Social Mundial veio à luz o Movimento Passe Livre autônomo, apartidário, horizontal e independente, para lutar por “transporte público de verdade, gratuito e fora da iniciativa privada”. O movimento continuou e criou núcleos em várias cidades brasileiras. Não nasceu da noite para o dia. Mas como as autoridades brasileiras não os levaram a sério. Deu no que deu!

Os protestos com vários grupos pegando carona, empunhando bandeiras difusas e discursos superficiais que caíram no gosto dos desinformados, ganharam adeptos e incharam. E o qual é o balanço? Que tudo está errado e precisa ser imediatamente alterado. Tipo ultimato. Mas há como fazer isso dentro da atual conjuntura e estado de direito? Ou pensam os ativistas desconectados do MPL que esta é a grande oportunidade para uma revolução socialista ou fascista?

Posso estar enganado, mas se alguma bandeira revolucionária de esquerda fosse levantada, pouca gente ficaria na passeata. Não vejo a maioria dos manifestantes como progressista e nem poderia ver. Este país é conservador até as tampas. Alguns especialistas creditam a força do movimento à chamada “nova classe média”, que no fundo apenas reclama da desaceleração na economia atrapalhando-os no processo de ascensão econômica – reclamação legítima, diga-se – perfil que congrega mais de noventa por cento de apoio à redução da maioridade penal. Integramos uma sociedade que, majoritariamente, repele os imigrantes pobres da América do Sul e faz festa para americanos e europeus melhores apessoados; é contraria ao casamento gay e ao controle da mulher sob seu próprio corpo; apoia a matança de jovens pobres, supostos delinquentes, imaginando que assim as cidades viverão em paz; professa a lei de levar vantagem em tudo; cola nas provas, compra trabalhos escolares, falsifica presença, boicota exames de verificação de aprendizagem universitária e evita trabalhar nas regiões empobrecidas; não participa de partidos políticos, tampouco dos conselhos municipais; suja logradouros públicos sem a menor cerimônia, não preserva o meio ambiente... Os servidores públicos sem consciência profissional e nem compromisso social levam para a categoria inteira o desapoio popular em função dos serviços que prestam e que poderiam ser melhores a despeito dos governantes.

Pensemos: caso recebêssemos a autorização divina para atirar a primeira pedra, desde que estivéssemos livres de pecado, por conta da onipresença e da onipotência do Chefe, desconfio que sairíamos de fininho, um a um, começando pelos mais velhos. 

Penso, enfim, que o Brasil não será mais o mesmo de agora em diante. Ninguém poderá dizer que brada no deserto, que está sozinho nas reclamações. Já que a revolução não foi publicamente anunciada, que produzamos, então, a melhor das revoluções, entregando políticos saídos do nosso meio com bons valores, aumentemos as nossas exigências na hora da escolha e, sobretudo, sem esquecer os nomes e os atos deles depois de eleitos. Esse deve ser o caminho, penso.

Fonte: Nino Marcati

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