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Itapira, 25 de Abril de 2024
Artigo
17/10/2011 | Sede por justiça: a gente nasce com ela.

Uma pesquisa publicada na revista científica de acesso livre "PLoS One",  e repercutida, esta semana, na imprensa nacional, trouxe-nos um alento e nos chamou para a responsabilidade na educação das novas gerações. A pesquisa se junta a uma série de trabalhos recentes que indicam a existência de um instinto moral aguçado nos filhotes da nossa espécie.

Esse estudo envolveu bebês de quinze meses. Uma fase em que as crianças começam a entender a linguagem e tentam dominar as habilidades motoras recentemente descobertas. Com tantas coisas para eles se preocuparem, não se esperava que os conceitos de justiça pudessem ser objetos de construção compartilhados.

Nos estudos anteriores com crianças de dois anos de idade delinearam-se alguns aspectos altruístas, mas o senso de justiça só tinha sido detectado a partir dos seis anos de idade. Parecia obvio que os conceitos de justiça viessem incrustados em nosso DNA e que eles se revelavam a partir da interação com o meio. 

Nessa pesquisa, no entanto, descobriu-se que as normas de justiça são adquiridas de forma natural antes de outros conceitos também importantes. Com quinze meses de vida é pouco provável que a criança absorva a influência dos adultos com quem vive e revele um senso de justiça que não seja seu.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade de Washington, em Seattle, mostraram um vídeo para 47 bebês em que um adulto dividia biscoitos entre dois outros adultos. Sabe-se que os bebes, diante de algo que os surpreendem, tendem a fixar os olhos por mais tempo. Sempre que o vídeo mostrava uma partilha desigual – um adulto recebendo um biscoito, enquanto outro, três biscoitos - os bebes se mostravam mais interessados do que quando se mostrava a mesma quantidade de biscoitos para os dois adultos.

O senso de justiça que estamos habituados a observar tem sido objeto de análise de especialistas e preocupação generalizada, e recebe, costumeiramente, a condenação pública. Parece difícil para muitas pessoas discernirem o certo e o errado. Querer levar vantagem sempre que possível, principalmente no Brasil, é tido como herança cultural construída por gerações.

Uma descoberta alentadora. Mostra-nos que as correções de conduta lastreadas no senso de justiça não carecem de anos a fio para tomar um novo rumo. Depende, exclusivamente, da boa vontade das gerações viventes e do ponto de partida.

Por outro lado, é inquietante saber que nós nascemos livres do pecado original da tendência às ações injustas, mas as gerações anteriores se encarregaram de nos colocar a par dos conceitos não desejáveis.

Fonte: Nino Marcatti

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