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Itapira, 27 de Abril de 2024
Artigo
30/10/2010 | Vinde, adorai-vos e confrontai-vos.

Amanhã teremos um encontro com a urna eleitoral. Dela sairá o futuro presidente e a sorte dos brasileiros, vivos e nascituros. A chance de errarmos na escolha será grande,  cinqüenta por cento. Logo, o cuidado não deverá ser menosprezado. 

O Brasil vem aprendendo, a duras penas, a reconhecer a importância do voto. A sequência eleitoral nos ensinou que o voto não é um ato adolescente, muito menos, uma mera obrigação. Levamos quinhentos anos para tirar este país das mãos das oligarquias agrícolas, das elites quatrocentonas e das garras do poderio financeiro nacional e internacional. Esta geração fez bonito. Entrará para a história.

Nem todo mundo pensa assim, mas o voto é um ato individual em busca de tendência coletiva. Ele não é tão influenciado, por quem quer que seja, como muitos acreditam. É uma decisão que requer reflexão alicerçada mais na sabedoria e sensibilidade, menos no conhecimento acadêmico. A história brasileira e mundial mostra, com todas as letras, fatos e consequências, que o grau educacional e a concentração de renda nunca atuaram majoritariamente como bons conselheiros nos destinos das civilizações. Sempre estiveram à frente da manutenção do status quo, bloqueando, sistematicamente, os avanços sociais e econômicos para atender aos exclusivos interesses deles. A prova dessa tese está no desenvolvimento dos países que universalizaram o voto, bem antes da gente.

Sabedoria é aquela que advêm da experiência de vida, dilapidada pelos valores, crenças, ética e moral. A boa intuição vem da sensibilidade como serva do pensamento, iluminando a consciência.

A ação calcada na sabedoria e sensibilidade não nos leva ao arrependimento, mesmo diante do equivoco.  Arrependemos, às vezes tardiamente, quando a decisão é amparada nos interesses mesquinhos, contaminada pelo preconceito ou pela mentira que virou verdade, por aceite incondicional irrefletido.

A maioria dos eleitores, por conta da sabedoria e sensibilidade reservadas, cristaliza o voto rapidamente. São grupos que abraçam este ou aquele lado político, uns do centro para a direita, outros do centro para a esquerda. Mas existe um grupo intermediário que ora tende para um canto, ora para outro, ou espera a véspera do pleito para decidir. É o grupo classificado pelos institutos de pesquisa como “indecisos”. Ele leva as campanhas à loucura e martírio aos “ibopes” da vida. Em busca desses votos, os candidatos apesar de cuidadosos, acabam não medindo conseqüências e partem para a agressividade. São as tais baixarias que tanto os puritanos políticos se debatem, mas que em todas as eleições, em todas as esferas e níveis, lá estão elas, firmes e rijas.

Enganam-se os que pensam que essas “baixarias eleitorais” são próprias dos países não desenvolvidos ou que são frutos da ignorância. Elas entram em todas as casas dos países democráticos, independentemente da renda “per capita” ou grau civilizatório. Eu dou outro nome a elas: confronto. 

O confronto eleitoral é a única maneira que os candidatos têm para chegar aos indecisos mais resistentes. Aqueles que o marketing político não laçou. Acabam sendo decisivos na hora “h”. É gente que precisa ver o candidato desnudo. E para isso, só o confronto apresenta resultados. É quando os recursos indicados pelos marqueteiros são atropelados pelas circunstâncias.

Repare que para quem já consolidou a escolha, as tais baixarias são vistas com dois pesos e duas medidas. Para um lado, o exagero sempre está na outra banda. Muitas vezes são os próprios apoiadores que pavimentam a raia sangrenta. Aos exageros, limites são impostos pela sabedoria e sensibilidade do eleitor. Faz o candidato desmiolado, sem rédeas, perder votos e jogar a vitória no colo do adversário.   

O democrático por conveniência não respeita e nem aplaude o princípio da maioria. Amplia os ressentimentos, apresenta inconformismo e, provavelmente, desqualificará o eleitor e o  processo eleitoral. Da mesma maneira, entre os vitoriosos, o tripúdio certamente se manifestará. Isso sim é o que eu chamo de baixaria eleitoral. Pode ter pé, mas não tem cabeça.

Do eleito esperaremos mais acertos do que erros. Dos apoiadores, tolerância sem dar carta branca. Dos opositores, posição obsequiosa sem desligar o pisca-alerta.

A vida é dura para quem se mete nesse negócio de política e vira candidato eleito. Não devemos sentir pena. Ninguém é pego de surpresa.

Um feliz voto a todos!

Fonte: Nino Marcatti

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