A nadadora itapirense Tatiana Zago Adorno tem 17 anos e é filha única do casal Edilene e Paulo César Adorno. Na última
semana, a atleta do Minas Clube ganhou destaque no cenário esportivo ao conquistar quatro o Brasil no 1º Jogos Sulamericanos da Juventude, realizado em Lima, no Peru. Ela venceu as provas dos 50 e 100 metros nado costas e do revezamento 4x100 medley feminino e 4x100 medley misto.
A adolescente se lançou na natação competitiva no Clube de Campo Santa Fé com os técnicos Ednilson Zanquetta, Ricardo
Rocha e Thêmis Ferreira. Nesse período foi campeã paulista e vice-campeã brasileira juvenil.
Em 2010, aos 14 anos, mudou-se para São Paulo e foi nadar no Esporte Clube Pinheiros, onde ficou até dezembro do ano passado. Em janeiro deste ano foi para Belo Horizonte–MG para treinar no Minas Tênis Clube.
A jovem retorna ao estado mineiro na próxima segunda--feira, 07, e continuará com os treinamentos para competir no Campeonato Brasileiro, que acontece de 03 a 07 de dezembro, no Rio de Janeiro-RJ. A longo prazo, ela manterá o esforço e
dedicação nos treinos visando à disputa dos Jogos Olímpicos de 2020, que terá como sede a cidade de Tóquio, no Japão.
Sob os olha res atentos e orgulhosos da mãe, Tatiana conversou com a reportagem do jornal A Cidade e falou um pouco de sua vida de atleta e campeã.
A Cidade: Você se lançou no mundo dos esportes muito jovem. Desde sempre optou pela natação?
Tatiana Zago Adorno: Eu fiz todos os esportes possíveis e até os 10 anos de idade estava muito em dúvida entre a natação
e o tênis. Porém, meus técnicos observaram minha atuação na piscina e me incentivaram a dedicar mais a esse esporte
e participar de competições e torneios regionais. Eu resolvi ouvi-los e cheguei até mesmo a ganhar alguns prêmios. Foi
quando eu decidi o que queria e comecei a treinar mais forte, quando tinha uns 11 ou 12 anos.
A Cidade: Qual foi seu incentivo para ir embora de Itapira?
Tatiana: Infelizmente não tinha muitas condições para prosseguir com o treinamento aqui na nossa cidade. O clube tinha uma piscina de 15 metros e as competições eram em piscinas de 50 metros. Era insuficiente. Mas mesmo assim consegui participar do Campeonato Brasileiro e fiquei em segundo lugar, uma boa colocação tendo em vista as condições de treino daqui. Nessa competição acabei chamando a atenção de alguns clubes e fui conhecer dois em São Paulo, o Corinthians e o Pinheiros. Acabei optando pela segunda opção, pois tinha um tio que morava lá perto. Eu me mudei pra lá e fiquei durante dois anos. Depois decidi que queria mudar de estado e fui para Belo Horizonte, no Minas Tênis Clube, onde estou hoje.
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A Cidade: Você saiu de casa muito jovem. Como você lida com a distância da família?
Tatiana: É muito difícil. Mas depois de um tempo está sendo um pouco mais fácil lidar com isso. Quando eu morava em São
Paulo voltava pra casa todo final de semana. Era bom, mas eu ficava com mais saudades ainda quando tinha que ir embora e
não queria voltar. Em Minas a situação é diferente. E venho apenas duas vezes ano e fico cerca de uma semana aqui. É muito complicado, mas eu mantenho contato diário com meus pais, seja por telefone ou internet e é como se eles estivessem lá comigo. Mas é um esforço que vale a pena, é uma luta por um sonho.
A Cidade: Seus pais sempre te apoiaram. No que isso influenciou?
Tatiana: A força e o apoio que eles me deram foram fundamentais, mesmo nas competições menores. Toda a confiança que
eles depositaram em mim me auxiliou muito, principalmente nas minhas escolhas de vida. Além disso, meu pai também foi
atleta e sabe bem como é esse mundo. Ele tem a mente aberta e me deu total liberdade para que eu decidisse aquilo que eu
queria pra mim e para minha vida desde muito pequena.
A Cidade: Em meio a essa vida de esportista como ficaram os estudos?
Tatiana: Confesso que acabei me empenhando muito mais na natação que nos estudos. Mas frequento uma escola que tem convênio com o clube e estou terminando o Ensino Médio. Quando acabar esse ano pretendo me manter forte nos treinamentos e entrar em um cursinho.
A Cidade: Como é sua rotina de treinamento?
Tatiana: Eu treino todos os dias, de domingo a domingo, sem exceção. De segunda a sexta eu treino de manhã e à tarde. Das 7h00 às 7h30 é tempo para alongamento. Depois vem o treino na água, até 10h00. Após isso vou pra casa, almoço e
tenho um período de descanso. No período da tarde retorno às 15h30 para o alongamento e vou pra água das 16h00 às 18h00.
Ao término de tudo ainda vou à aula, das 19h00 às 22h00. Aos sábados eu tenho um treino só, de manhã. No domingo é
opcional, mas também faço. É bem puxado, mas eu faço tudo com muito prazer.
A Cidade: Em algum momento você pensou em jogar tudo pro alto e desistir?
Tatiana: No ano passado, quando eu ia sair do Pinheiros, eu pensei em voltar pra Itapira. Mas aqui não tem condições e eu estaria dando um passo para trás. Meus pais não me disseram ‘não’, mas me falaram que eu teria que traçar um novo rumo e decidir outro caminho para minha vida que não fosse a carreira na natação. Eles me incentivaram a prosseguir na busca pelo meu sonho e foi isso que eu fiz. Eu pensei bem e procurei o Minas Clube, onde me instalei.
A Cidade: No meio de tantos treinos, como fica a vida social?
Tatiana: Melhor ainda! Eu vivo no mundo da na tação e tenho amigos de todos os lugares do Brasil e até mesmo de outros países. Todos pensam da mesma maneira e com todo o cansaço dos treinos ninguém quer ir para uma balada beber, mas sim assistir um filme, tomar um suco e jogar conversa fora. Quando venho pra Itapira é a mesma coisa. Eu e minhas amigas
mantemos uma programação mais tranqüila, ficamos mais em casa mesmo. A convivência com pessoas de todas as idades
e de tantos lugares ainda me proporciona muita experiência e conhecimento.
A Cidade: Qual é a sensação de conquistar o lugar mais alto do pódio?
Tatiana: Muito gostosa, inexplicável, principalmente por ser a primeira vez. Nas outras competições fiquei sempre em segundo ou terceiro lugar e dessa vez pude ouvir o Hino Nacional. Foi emocionante e eu chorei muito depois que acabou. Não tem nem como descrever o que eu senti naquele instante. Fico toda hora revendo minha prova para relembrar como foi aquele momento.
A Cidade: Depois dessa experiência, como você imagina que serão as Olimpíadas?
Tatiana: Essa competição em Lima já foi diferente e nos dá uma boa idéia de como é uma competição de grande porte,
pois foi bem longa e com vários esportes. Lá eu tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas, inclusive de outros países. As amizades surgem e acredito que não exista uma questão de rivalidade entre os atletas. Tudo isso nos dá uma sensação boa, de que não ficaremos limitados apenas em campeonatos aqui no Brasil, mas também vamos expandir para fora. Depois de tudo o que vi, imagino que as demais competições sejam do mesmo estilo, um pouco maiores no número de participantes,
mas com o mesmo espírito.
A Cidade: Os ‘olheiros’ costumam frequentar essas competições em busca de bons atletas. Você está aberta a novas propostas que possam surgir?
Tatiana: Por enquanto eu não tenho intenção de mudar. Eu sei que os olheiros estarão sempre lá, em especial porque foi um bom ano pra mim. Mas mesmo assim eu pretendo ficar no Minas esse ano. Está dando certo lá e quero ficar mais um tempo.
A Cidade: E quais são seus objetivos a partir de agora?
Tatiana: No momento penso em treinar bastante e me preparar cada vez mais para igualar com as equipes internacionais. Minha meta agora é essa: treinar para conseguir competir nas Olimpíadas de 2020, quem sabe até em 2016. Além disso, tem o Brasileiro em dezembro e algumas outras competições internacionais no próximo ano e quero estar preparada.
Muitas medalhas conquistadas pela atleta enfeitam a parede do quarto