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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
11/02/2012 | A morte pede passagem!

 

 

Itapira amanheceu consternada no último domingo. O ortodontista Paulo de Tarso Nascimento Pinto estava morto, vítima de um homicida culposo confesso.

Paulo de Tarso foi assassinado na tarde do último sábado. Estava a caminho de Campos do Jordão para gozar o descanso merecido, depois de uma semana de trabalho exaustiva. O assassino e seus comparsas, talvez tenham escolhido aquele mesmo dia, para o “trabalho” semanal deles.

Paulo, dia após dia, mostrou-se competente no trabalho que realizou. Mostrou-se, inclusive, preparado para enfrentar o assalto que sofreu. Manteve-se tranquilo, não se fez de valente, não esboçou reação agressiva, manteve-se na distancia recomendada, entregou o dinheiro solicitado, tudo como manda a boa cartilha de segurança.

O assassino, um rapaz de dezoito anos, velho conhecido da polícia joseense, não foi competente ao realizar o seu “trabalho”. Não conseguiu manter o controle da situação que ele mesmo criou. Matou covardemente um grande itapirense. O jovem poderia, nesse momento, estar livre, no máximo respondendo por roubo, provavelmente, em liberdade.  Incompetência que interrompeu a brilhante carreira que Paulo investia, que privou seus familiares da presença do ente mais querido, que sacrificou os amigos e clientes com uma ausência que jamais será reposta.

Nessa vida terrena, nada mais poderá ser feito para restabelecer o caminho interrompido nas dezesseis horas do dia 4 de fevereiro de 2012. Podemos, apenas, refletir!

Sempre que uma tragédia dessa natureza acontece, é comum ouvirmos expressão do tipo: “era a hora dele.” Os mais crentes não vacilariam em dizer: “não adianta. Estava escrito. Não fosse em São José, seria aqui ou onde ele estivesse.” Sem desmerecer ou desrespeitar as pessoas que pensam dessa maneira, prefiro imaginar que os nossos caminhos são, prioritariamente, traçados por nós mesmos, pela sociedade na qual somos inseridos, local e nacional, incluindo nessa esfera, os nossos representantes políticos, responsáveis diretos pela discussão e execução das políticas públicas.

Imagino, por exemplo, as chances desse acontecimento que resultou na morte de Paulo de Tarso ocorrer num país desenvolvido. Num país que trata a educação e a segurança como prioridade de Estado.  Um país que oferece vida digna a seu povo. Num desses países, Paulo teria mais chances de estar vivo, neste momento.

O Brasil vem se mostrando bem nos aspectos econômicos. Passamos o Reino Unido. Na nossa frente, nesse ranking, vemos apenas EUA, China, Japão, Alemanha e França.  Não é preciso imaginar muito para estabelecer as nossas diferenças com EUA, Japão, Alemanha e França. Há muito milho no pilão para ser socado, antes que a polenta fique pronta.

Somos um país que adora discutir a qualidade do ensino, mas na hora do vamos ver, entra em cena o velho estilo cada um por si e Deus por todos.  Não vemos a educação como uma ação transformadora da sociedade, mas como um instrumento de promoção individual. É nesse caminho que os nossos políticos acabam repercutindo as suas prioridades.

Da mesma maneira, entra a questão da distribuição de renda. Onde determinados grupos econômicos buscam a cada dia acumular riqueza em detrimento da grande maioria dos brasileiros, estampando cada vez mais as desigualdades. A pobreza não encaminha aqui, nem na China, ninguém para a violência, mas a falta de perspectiva pode influenciar grupos inconformados.

Trata-se de um assunto complexo, cujos resultados levarão anos de implantação para que a nossa sociedade comece a vislumbrar os primeiros resultados positivos. Logo, além de mudarmos os nossos conceitos coletivos, precisaremos manter ativa a nossa esplêndida paciência. Devemos - isto sim - reduzir a nossa passividade diante dos políticos corruptos ou ineficientes ou desconectados do Brasil que queremos construir.

Finalmente, é urgente cuidarmos da impunidade que ao atender os interesses da classe política e colarinhos brancos acabam beneficiando os grandes traficantes e o crime organizado, resvalando por tabela nos peixinhos que vivem à deriva do extrato social, mas que produzem notícias tristes, todos os dias.

Fonte: Nino Marcatti

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