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Itapira, 20 de Abril de 2024
Artigo
03/12/2011 | A música no meu tempo.

O tempo passa e a gente dista do novo, às vezes, sem perceber.  

Nossos pais pareciam mais distantes, assustavam-se mais com as inovações e resistiam às mudanças.  

Nós não. Imaginamo-nos maleáveis e antenados. Aceitando com passividade os ditames comportamentais.

Mas será que somos tão diferentes dos nossos pais?

Não sei dizer se a nossa tolerância foi construída por nós mesmos ou pela mídia? Sabemos lá!

Divago, nesse assunto, sempre que coloco a musicalidade humana no contexto.

Quando uma musica aparece e fica, prova o acerto da sensação, do desejo e da identificação – mostra que foi feita com arte e inspiração. Na época certa.

O que a cultura capta, não há tecnologia, mídia, dinheiro que dê conta. Baliza a nossa evolução natural.

Ao que me parece, as novas ondas musicais não contemplam essa possibilidade. Contemplam?

Construí uma trilha sonora particular. Acho isso muito bom!

Os meus Cds, vão do canto gregoriano, passam pelos eruditos, privilegiam os anos 60 e 70 e chegam, com pente fino, às atuais.

Quando uso a discoteca, viajo no tempo a bordo do meu velho e surrado Sony.

Quando quero me ver criança, chorando e birrando, Fagner canta a “Cabecinha no ombro”, música que a minha mãe cantava naquela época e situação.

Quando quero sentir a presença do meu pai, aciono Billy Vaughn e aproveito para um passeio virtual ao Cine Paratodos.

Para vislumbrar a Vila Gato bastam alguns acordes de Gatinha Manhosa.

Para reviver as quermesses do São Judas e de Santo Antonio, a barraca do Lopes, os bailinhos, as festas americanas... Chamo Credence, B.J. Thomas, Pholhas, Beatles, Rolling Stones, Bee Gees e companhia.  

Basta meia faixa de Johnny Rivers para levar-me à primeira paixão, ao namoro de bicicleta na estrada, ao coro com olhos nos olhos, ao bate-papo que parava no tempo e ao pai dela que era uma fera.

Roda de samba de verão e cerveja, serenata de inverno e conhaque, no apito reúno a moçada: Adoniram, Originais do Samba, Vinicius de Moraes, Paulinho da Viola, Benito de Paula...

Da ditadura de dolorosa memória, mas associada às minhas ações universitárias. Por questão de ordem convoco a MPB de Chico, Elis, Caetano, Mutantes, João Gilberto, Jobim, Milton...

Para o início da minha vida adulta, Outra Vez, de Isolda, cantada por Roberto resgata o meu tempo de namoro com a minha mulher.

Cleiton e Kledir levam-me a Porto Alegre, tchau. Na mala mais 11. Ou seriam 12? 

Para sentir minhas crianças, ouço Xuxa e seus sucessos de 90 ou o tema Pokémon.

Nelson Gonçalves e Altemar Dutra revivem preciosos momentos passados com os meus amigos quase quarentões. Não de idade, mas de amizade.

Se a adolescência dos meus filhos é requisitada lá vem Oásis, Charlie Brown Jr, Planet Hemp, Cidade Negra...

Djavam e Daniela Mercury registram tempos que jamais serão esquecidos.

A música, portanto, é um excelente instrumento para curtir o passado, abençoá-lo e guardá-lo no tempo em que foi vivido.

Depois, criar, todos os dias, bons passados, para que sejam revividos no futuro.

Fonte: Nino Marcatti

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