Nas entrevistas concedidas pela vereadora Sonia Santos, na semana passada, uma antiga cisma minha foi esclarecida. Ela tem dúvidas se a escolha de Toninho Bellini para encabeçar a chapa opositora a Barros Munhoz, em 2004, foi acertada, apesar de vitoriosa.

Antes de Toninho assumir eu já manifestava, através de artigos publicados, as minhas preocupações com o discurso muito administrativo pouco político do candidato eleito. Toninho Bellini não sabe e não gosta do uso da palavra não, detesta polemica, sente arrepios ao receber pedidos fora do seu circulo de amizade. Prefere sofrer calado à verberação espalhafatosa. Foge dos confrontos, dos encontros e até dos esclarecimentos. Nas suas veias, política nunca circulou. Foi levado ao cadafalso pelos destemperos de Barros Munhoz e, depois, acossado pelos amigos do peito. Amigos, duvidosos conselheiros políticos, que a julgar pela falta de projeto alternativo consistente de poder municipal transparecem que as intenções miravam outros objetivos.

Tenho reservas à visão política e à habilidade de gestão pública de Manoel Marques. Seguramente, a maioria dos erros desse governo estará sobre o seu cangote. Os acertos, também. O tempo definirá o lado mais pesado. Se politicamente Manoel Marques peca no conceito e nas ações, um ponto ele tem a seu favor, tem política no sangue. Prefiro os equivocados aos indiferentes. A história haverá de crucificá-lo, mas o classificará como o melhor homem do Novo Tempo. Não agregou poderes por acaso. Era o único, entre os pares, que reunia condições de suprimento dos atributos vacantes em Toninho Bellini. Vestiu a camisa e acumulou prejuízos eleitorais irreparáveis. Colecionou pencas de adversários e inimigos. Foi eleito presidente da Câmara Municipal transparecendo unidade. Mas escancarou uma dissidência de longa data. Sonia Santos, a única vereadora do PT, anunciou o seu divórcio do Novo Tempo. Manoel sabia que Sonia reagiria, talvez não acreditasse até onde ela podia ou poderá chegar. 

Sonia jogou curuzu no ventilador. Não engoliu o desmando palaciano. Noutras oportunidades, deixou o dito pelo não dito. Desta vez parece não estar para brincadeiras. Tentará recuperar parte da dignidade perdida. Aquela que não tem salário nem comissão que pague.

A vereadora pecou. Abandonou a combatividade peculiar, não conseguiu influenciar positivamente o governo que ajudou a eleger, abaixou a cabeça e disse amém à maior parte do tempo, indicou ou permitiu a indicação do seu marido - combinação nepotista tripartite - e destruiu boa parte do que o PT construiu em Itapira, desde a sua fundação. Sonia acaba de reconhecer que ela e o PT nunca foram considerados, de fato, nesse governo. Consideração que não se resume a cargos, mas ao respeito. Esse governo desrespeita o PT, desde o princípio. Estou cansado de ouvir reclamos. Desde o princípio.

Sempre divergi da vereadora Sonia. Praguejei todos os seus radicalismos de outrora e todos os oportunismos nesse governo. Lamentei profundamente a pauperização do discurso e das atitudes oficiais e extra-oficiais do PT municipal avalizados por ela. Nem por isso, desconsidero a importância dela para o PT de Itapira. Assim, como não menosprezo as contribuições que ela, como vereadora, enquanto oposição ofereceu ao município. É provável que o PT entre a manutenção dos cargos e o apoio à vereadora dissidente, fique com a parte dos bolsos recheados.  Errará mais uma vez.

Toninho Bellini perdeu Marques, o pau para toda obra. Perdeu a competência e a seriedade de Mario na Câmara. Perdeu o empenho, a bagagem e o enfrentamento de Sonia.  O que será do governo de Toninho Bellini nesse restinho de mandato? E o que será da casa da mãe Joana?