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17/02/2013 | Nino Marcati: Bento XVI e o poder do poder.

O líder da Igreja Católica anunciou que deixará o cargo da instituição no dia 28 de fevereiro. Desde segunda-feira, o assunto é destaque na mídia mundial. No Brasil, nem o carnaval abafou.

 

Líder é aquele que guia seus liderados. É fato que o mundo é dependente das lideranças. Na igreja, nas empresas, no time de futebol ou num grupo de amigos são os líderes que influenciam, motivam, transmitem segurança, estrategiam, falam em nome de todos, chamam para si as responsabilidades... Interpretam os objetivos comuns.

 

A natureza e o exercício da liderança tem sido, historicamente, motivo de estudos na tentativa de compreender melhor uma habilidade que não é exclusiva da raça humana, mas é dependente da habilidade intelectual e da sensibilidade. A filosofia, desde Plantão, busca a figura do líder ideal, o “rei filósofo”, o “rei sábio”, o “pai de todos”, o “líder servo”... Não há como governar, dirigir empresa ou instituição, comandar tarefas só com a competência. Liderança é fundamental. Quando eficaz requer flexibilidade, iniciativa, mais otimismo que pessimismo, bom humor e, sobretudo, relacionamento e administração de conflitos.

 

A influência dos líderes nasce com o poder legítimo, conquistado pelas qualidades associadas ao carisma e ao conhecimento. Senão, é liderança caduca.  As qualidades que elevam as pessoas aos cargos mais disputados são as mesmas que chamam a ira dos demais pretendentes. Despertam inveja ou o sonho do poder.

 

O papado é um cargo secular. Nasceu com Pedro, discípulo de Jesus, como contado por Mateus: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Cabia a Bento XVI manter a igreja edificada por Pedro. E foi o que ele fez! Não contava com a prevalência das portas do inferno.

 

Joseph Ratzinger era o braço direito do Papa João Paulo II, depois de ser prefeito da poderosa Congregação para a Doutrina da Fé, a mais antiga das nove congregações da Cúria Romana. Reconhecido como um dos maiores teólogos vivos, enfrentou nesses quase oito anos de pontificado problemas dolorosos para a igreja como a punição de padres pedófilos, o fim do celibato, o casamento gay, o aborto, o sacerdócio de mulheres, o uso de contraceptivos, as células troncos, o crescimento das igrejas evangélicas...

 

A idade avançada, apesar de justificada, nunca foi motivo de renúncia papal. Alguns pensamentos desenvolvidos por Bento XVI chama a atenção para outros cantos quando ele disse que olhou para o bem da Igreja, quando apelou pelo fim da hipocrisia religiosa e sacramentou: “O rosto da Igreja é por vezes marcado pelos pecados contra a unidade da Igreja e divisões no clero”. Não é de hoje que se comenta a criação de um poder paralelo no Vaticano. Bento queria limpar a Igreja, punir alguns cardeais desgarrados... Apesar da fama de conservador, o Papa renunciante tinha propósitos avançados, mas foi paulatinamente isolado.

Bento XVI foi o primeiro Papa a renunciar quinhentos e noventa e oito anos depois de Gregorio XII que, ironicamente, renunciou para salvar a unidade da Igreja Católica, que naquela época era disputada por três autoridades eclesiásticas.

 

Confesso que nunca me simpatizei com Joseph Ratzinger de antes, desde suas ações contrárias à teologia da libertação e outras atitudes de conservação. Reconheço o gesto de Bento XVI, abriu mão do poder para preservar a instituição que sempre defendeu ou, quem sabe, para mantê-la unida ou, ainda, para renová-la. Enfim, uma decisão de tirar a mitra. 

Fonte: Nino Marcati

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