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Itapira, 18 de Abril de 2024
Artigo
03/08/2014 | Nino Marcati: Eita povo porco, sô!
Já fui tachado de ecochato. Nunca concordei com a alcunha, mas como parecia existir uma distância considerável entre eu e aquelas pessoas em relação ao meio ambiente, acabei reconhecendo que perto deles eu e todo mundo que se preocupa com o mundo em que vivemos, somos todos ecochatos.
 
O ecochato é aquele sujeito que acha pelo em ovo quando o assunto é a natureza, aquele cidadão que coloca qualquer estrutura verde, mesmo insignificante, acima do bem estar do ser humano. Eu nunca fui assim, nesse assunto, penso que devemos buscar o desenvolvimento, o crescimento econômico, mas de forma sustentável, cuidando do meio ambiente, não como um santuário, mas como garantia da nossa própria sobrevivência. Quer dizer, para mim, preservar a natureza é preservar a espécie humana. Se isso for classificado como ecochato, eu diria então, que sou um ecochato egoísta, quero proteger o meio ambiente em causa própria. A questão é que a gente não pode alimentar esse egoísmo, sozinho. A gente depende de todo mundo. Aí é que entra o chamado conflito de interesses.
 
A seca deste ano deve estar deixando muita gente, não só os políticos, de orelha em pé. Hoje temos dúvidas se teremos água em todas as cidades paulistas até que a chuvas voltem. Quem diria, antigamente, falta d’água era problema do sertão nordestino. Hoje, o estado mais rico da federação começa a sentir o gosto da seca. Tem gente falando que o estado deveria ter estocado mais água para fazer frente a um problema que nunca imaginamos que poderia acontecer. Falam como se as prioridades governamentais devessem prever o que a estatística não indica. Eu fico imaginando, então, qual é o limite para esse pensamento? Nós podemos ter períodos de secas piores do que este no futuro. Quanto, então, nós deveremos estocar para esse dia? Quanto essa aventura nos custaria?
 
Talvez o leitor veja os meus argumentos como uma defesa aos governantes. Nada disso! As ações de governo devem atender prioridades, gastar naquilo que é realmente necessário, não naquilo que é estatisticamente improvável. Não há sobra de dinheiro nos cofres públicos. Mas os nossos governantes devem sim ser responsabilizados pela falta d’água e pela falta de planejamento, assim como todos nós. As nossas nascentes não são cuidadas pelos governos, nem pelos cidadãos. Não cuidamos dos nossos rios. Usamos e abusamos da água nas tarefas mais simples. A falta d’água, se continuar assim, poderá ser corriqueira em nossas vidas.
 
Nessa semana, a seca mostrou rios repletos de lixo, de toda espécie, nos seus leitos secos. Eu não consigo imaginar alguém ver aquelas imagens e não se indignar com elas. Espero que os que não se indignaram sejam insignificantes numericamente. Quem sabe aquela cena faça aumentar o número de ecochatos. Aqueles que se sentem constrangidos de ver a sua espécie sujando o mundo, sem a menor cerimônia, achando normal sujar o que já está sujo, por exemplo. Poluindo o lugar que a gente vive. Emporcalhando a água que consumimos.
 
Gostaria que o nosso povo fosse menos porco, mais gente. Gente inteligente, quero dizer. O problema é que esse costume vem do berço, uns de berços simples ou sofisticados, mas limpos. Outros, de berços simples ou sofisticados, mas sujos. Que cada um faça o que puder!
 
Foto: Victor Moriyama/G1
Fonte: Nino Marcati

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