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Itapira, 18 de Abril de 2024
Artigo
11/11/2012 | Nino Marcati: Obama. Oba! Oba?

 

Minha vertente anti-imperialista era, noutros tempos, mais radicalizada. Hoje, confesso, vejo algumas bobagens naquele sentimento.  A construção da história do homem é recheada de tentativas e erros; de exageros e acertos; ações moralmente aceitáveis outras nem tanto; além de pensamentos, crenças e ideologias nem sempre cumpridoras da integridade dos seus papeis. Penso que a humanidade sempre aprende mais com os erros do que com os acertos. E nesse aspecto, os países que mantiveram hegemonia - cada qual no seu tempo - cumpriram com brilhantismo o direito de errar. Os EUA não fugiram à regra. A cada povo, oprimido ou prejudicado ou explorado, cabia a triste tarefa da superação. Alguns conseguiram. Outros não.

Hoje, continuo vendo os EUA arrogante, egoísta e pretensioso, mas não lhes nego a garra e a competência construída num verdadeiro mar de liberdade de expressão e oportunidades. Um país que se defende como pode para manter os postos conquistados na economia, no domínio militar, na tecnologia, nas artes, nos esportes... Mas eu continuava achando que a televisão brasileira tinha dado mais espaço para a eleição americana do que deveria. Como a Rede Globo não dá ponto sem nó e o negócio dela é audiência, tentei buscar as razões de tanto interesse do povo brasileiro nas eleições de outro país. Lembremos que em outubro, quase um terço do eleitorado nacional não compareceu ou votou em branco ou anulou o voto na nossa.

É notório que o povo brasileiro é pacífico e rejeita, formalmente, o radicalismo. Para essas pessoas Obama é visto como um líder conciliador capaz de superar os preconceitos, as diferenças raciais e os posicionamentos políticos com habilidade para acomodar cada um no seu lugar, bem ao gosto tupiniquim.  

Havia a torcida daqueles que queriam ver um negro na presidência dos EUA. Uma nação marcada pelo racismo que até os anos sessenta não asseguravam o voto aos negros do sul daquele país. Era a mostra de que os insultados de ontem podem dar a volta por cima e sacudir a poeira. Um paralelo parecido está na base da formação da grande nação corintiana nos anos sessenta e setenta. Com todo respeito.

Obama ofereceu, também, uma imagem liberal sem estremecer as bases conservadoras presentes, resistentemente, na maioria das pessoas. Prova de que o país mais influente do mundo está caminhando para novos patamares éticos e sociais. Esperança de irradiação.

Outro ponto fundamental foi a percepção de que quando os EUA vão mal das pernas, todos padecem. Bush, para a maioria, foi quem jogou “a América” no buraco e carregou o resto junto. Obama é visto como a corda de salvação.

Finalmente, o grande bicho papão do mundo parece não ser mais o mesmo. Obama mudou a imagem dos EUA, proibiu as torturas com o fechamento de Guantánamo, namorou a Rússia, retirou as tropas do Iraque, reformulou o projeto dos antimísseis na Europa...

Em 2008 acreditava-se na queda do império americano. Era a hora da China no pódio. O próprio dragão percebeu que não tinha tanto fogo e apagou o facho. O mundo que se colocava como globalizado sentiu que sem a matriz, as filiais não prosperam.  A cobertura exagerada da imprensa brasileira e o desejo de acompanhamento foram, portanto, plenamente justificáveis.

Fonte: Nino Marcati

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