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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Artigo
05/05/2014 | Nino Marcati: A banana do Daniel!

  

 

O baiano Daniel Alves, ainda desconhecido no Brasil, foi para a Espanha. Conheci o futebol dele nas eliminatórias para a última copa, no jogo contra o Uruguai, quando ele marcou um gol e ajudou a evitar outros dois. Mas foi na Copa das Confederações, em 2009, que ele se revelou, para nós brasileiros, ao marcar o único gol e selar a vitória contra os donos da casa, a África do Sul. Ficou marcada, pelo menos para mim, a cara concentrada de bravo, antes de bater aquela falta. Uma cara tão feia que deve ter metido medo até na bola. Ai se ela não entrasse...

Pois é, fiquei com aquela imagem. Para mim, Daniel Alves era daqueles jogadores que usava a cara de mal para botar medo nos adversários. Conheci outras pessoas que ficaram com impressão parecida. Só que avaliar as pessoas pela cara, pela roupa, pelo jeito, sem conhecimento que embase, é puro preconceito. Pior ainda, é quando propa­gamos esse preconceito e prejudicamos as pessoas, por conta da ignorância.

Deve ser por isso que me surpreendi – e acho que o mundo inteiro também – com a reação pacífica e bem humorada do Daniel Alves diante da atitude racista na partida entre o Barcelona e o Villarreal, domingo passado. Alves se preparava para bater um escanteio quando um torcedor adversário atirou uma banana ao campo, pertinho dele. O brasileiro pegou a banana, descascou, comeu e bateu o escanteio. Agiu como se tivesse feito uma pausa para o lanche, sem tomar conhecimento de onde a banana tinha partido. Eu esperava – acho que o mundo também - que ele olhasse para a torcida e fizesse um gesto obsceno ou chamasse o juiz para registrar o fato ou abandonasse a partida em protesto... Preferiu matar a “fome”. Um gesto que lançou, talvez, a mais bem sucedida campanha antirracista do mundo.

Honestamente, mais tarde, Daniel explicou que aquela reação não tinha sido pensada, apenas aconteceu: “Foi tão natural e intuitivo, que só depois pensei na preocupação dos meus pais, porque eu nem pensei se tinha alguma coisa na banana”. É verdade. E se a banana estivesse envenenada?

No dia seguinte, o Vilarreal anunciou que proibiu o sócio torcedor racista de entrar no seu estádio pelo resto da vida. Na quarta-feira, a polícia espanhola já estava com o atirador de bananas preso e que assim permanecerá por até três anos, se condenado por racismo. Que lição nós bra­sileiros acabamos de aprender com o time e com a polícia da Espanha, não é mesmo? Se vamos colocar em prática, isso é outra história.

Não faz muito tempo, em Mogi-Mirim, um torcedor cha­mou Arouca de macaco. O estádio chegou a ser interditado e o time recebeu uma multa de R$ 50 mil. O Mogi recorreu, a multa foi reduzida para 25 mil, metade será paga como medida de interesse social e o restante em cinco parcelas mensais de R$ 2,5 mil. O estádio foi desinterditado. Saiu barato. E o torcedor? Pelo que sei, não foi punido.

O racismo como qualquer outro preconceito deve ser banido da face da Terra, até por figurar no campo da igno­rância humana e não merecer nada mais do que uma banana.

Fonte: Nino Marcati

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