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Artigo
16/06/2013 | Nino Marcati: Cadê o médico?

Cadê o médico? 

A crise porque passa a nossa centenária Santa Casa é complexa e antiga, mas passível de solução desde que tenhamos competência e desarmamento de espíritos. Feito isso, ainda não viveremos o melhor dos mundos na saúde. Faltarão médicos!

Estatísticas confiáveis nos esclarecem que a média de médicos no Brasil é de dezoito para cada dez mil habitantes. Comparando com a Europa, lá é trinta e quatro. Não bastasse a diferença gritante, em dezenove estados brasileiros, a média está abaixo de dezoito. Nos sete restantes, cinco gravitam um ou dois pontos acima da média, São Paulo com seus vinte e seis alcança os EUA, o Rio de Janeiro, nos trinta e seis, se iguala à Alemanha. Finalmente, a exuberância do Distrito Federal crava quarenta e três, três acima da média suíça. Borbulha, então, a perturbadora pergunta: podemos comparar o atendimento médico de São Paulo com os EUA, do Rio com a Alemanha e do Distrito Federal com a Suíça? Para o resto a gente fecha os olhos, combinado!

A quantidade de médicos já foi bem menor. Enquanto a população brasileira dobrou nos últimos cinquenta anos, o número de médicos aumentou dez vezes. O mais interessante é que, apesar desse vertiginoso acréscimo, temos a convicção de que agora é pior que antes. A explicação talvez venha da baixa demanda por médicos pelo grosso daquele povo.  Muitos se valiam da consulta nas farmácias, das receitas caseiras, dos benzedores e rituais religiosos. Sem falar naquelas pessoas que varavam anos com enfermidades sem reclamação e quando externavam, muitas vezes, era tarde demais.  Nesse meio tempo, aumentamos a expectativa de vida em vinte e cinco anos. Os médicos mudaram o perfil, ganharam tecnologia e desumanizaram. Deixaram o “sacerdócio” para traz, quem sabe, justificadamente.

Os médicos de hoje, a despeito da ética social, lutam para a manutenção do status quo, talvez irreal. Nada os diferenciam das categorias em que a procura é maior que a oferta, mas existem algumas ações que extrapolam as leis mais acanhadas de mercado. Conseguem, por exemplo, manter os salários de início de carreira, em média, três vezes maior que as demais categorias e continuam reclamando. Contestam os valores pagos pelo SUS e planos de saúde, mas continuam prestando os serviços. Parte é envolta em denúncias de irregularidades no preenchimento das guias. As próprias cooperativas médicas demonstram tal desconfiança. Enquanto um engenheiro, por exemplo, se sujeita às mudanças de cidades, enfrentando da floresta Amazônia às plataformas marítimas, os médicos brasileiros não guardam desprendimento semelhante. Posso até compreender, que diante da falta de mão de obra, os médicos podem se dar ao luxo da escolha e aguardar as propostas mais vantajosas. Só não entendo as ações de controle de um mercado, que eles mal conseguem atender, criando barreiras para novos profissionais, tanto em hospitais controlados pelo corpo clínico, como nos planos de saúde líderes da região, apesar de agendas preenchidas com meses de antecedência por falta de especialistas na área. É visível o direcionamento dos jovens formandos para especialidades que requerem mais intervenções cirúrgicas, deixando o mercado sem pediatras, por exemplo. Cadê a intervenção dos conselhos.

Baseando-se num estudo do Ipea, que mostra que para sessenta por cento da população a falta de médicos é o principal problema do SUS, o governo federal quer fazer o mesmo que já foi feito na Inglaterra e Canadá, importar médicos e colocá-los nas regiões carentes. Não parece ser esta uma boa iniciativa? Pois é! As entidades médicas estão caindo de pau. Dizem que a medida é eleitoreira, que a qualidade profissional desses médicos pode destoar dos padrões brasileiros (sic) etc..   Não me parece que tais preocupações estejam relacionadas com a qualidade da medicina.  Talvez, a preocupação antecipada, sem avaliação prévia, possa estar nas novas propostas de atendimento, produtividade e no preenchimento das lacunas que os brasileiros não souberam ou não quiseram preencher. Que venham, pois, os médicos cubanos, portugueses, espanhóis...

Fonte: Nino Marcati

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