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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
21/04/2013 | Nino Marcati: Casa que te quero Santa.

O ser humano é o único animal que se convenceu de que um dia vai morrer. Na idade média a expectativa de vida, em torno de trinta anos, era similar à do Homem de Neanderthal, que por aqui viveu a mais de 350 mil anos.

Hoje, no Brasil, a expectativa de vida ultrapassa os 74 anos. A lista dos centenários continua crescendo e deverá levar a longevidade, segundo os cientistas, aos cento e cinquenta. Um incremento que devemos agradecidos à medicina.

O homem é, então, além de ser o único animal que esticou o próprio tempo de vida, o único que tem que pagar para nascer e para morrer. Custos da civilidade, da ciência, da tecnologia, da pesquisa... Enfim, da evolução.

Mas nem tudo evoluiu uniformemente nessa seara. Por exemplo, a crise sistêmica da Santa Casa de Itapira que eu acompanho, de longe, há pelo menos quarenta anos continua com o mesmo chororô, com as mesmas posturas e com os mesmos encobrimentos. Procedimentos que mancham, a cada ato, a cada ano, uma instituição que está prestes a completar cem anos de existência.

Deverá ser um centenário envolto em crise. Crises que sempre foram contornadas com o apoio da comunidade, que em troca ao buscar saber o que acontece no seu âmago, descobre grupos divididos, cada qual com suas histórias e verdades. Detecta que quando algumas pessoas elencam irregularidades em busca de soluções, descaminha-se. Nada é feito. Instaura-se o silencio obsequioso e entra o bloco do “a gente vai levando para ver no que dá”.

Em todas as crises, a mesma moda. Desvia-se rapidamente para as denúncias de uso político da instituição pelas autoridades constituídas e para os malfadados interesses financeiros do corpo clínico. Mas na ação de neutralização do eventual ataque político de um lado resolve-se com a inclusão de representantes do outro. Não se busca a neutralidade, mas a ardência. Na cantilena acusatória que envolve os médicos, os profissionais fingem-se de mortos, mas incentivam a participação parentesca ou de amigos do peito nas votações, nas diretorias e nos postos chaves. Quase nada se faz em busca da transparência e do entendimento. 

A Santa Casa não tem fôlego para continuar resistindo a tantos interesses. Falta-lhe criatividade, disciplina, organização e administração. Falta, sobretudo, comando, assunção das responsabilidades, definição dos comprometimentos e aprimoramento das sensibilidades quando se houve o conjunto da população. Sobra intranquilidade naqueles que querem ser assistidos diferenciadamente por conta da opção por alternativas às oferecidas pelo poder público.      

Lamento ver inertes, mas coniventes, as pessoas que poderiam solucionar o imbróglio, optantes, talvez, do embriago particular à lucidez coletiva.

A Santa Casa, para mim, a despeito da configuração, pertence a todos os itapirenses. Nem me refiro à noção de propriedade por conta das ações beneméritas, volumosas ou resultantes do lucro do pastel da Festa de Maio, mas pelo apego umbilical que ela representa para todos os que vieram a este mundo sentindo o “cheiro” dos seus corredores.

Que a luz da sabedoria recaia sobre aquela casa, esperada como santa. Santa quando salva e quer salvar vidas.

Fonte: Nino Marcati

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