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Itapira, 25 de Abril de 2024
Artigo
19/05/2013 | Nino Marcati: Cuidar da vida dos outros!

 

 
Não sei se todo mundo tem a mesma percepção, mas a sensação que eu tenho é de que os países desenvolvidos não se diferenciam de nós nas barbaridades como imaginamos. Por lá acontecem, também, coisas do arco da velha.
 
Nos últimos dias assistimos que um cidadão norte-americano, de cinquenta e dois anos, sequestrou três jovens e as manteve presas, na casa dele, por quase dez anos, com o intuito de saciar seus instintos sexuais, estuprando-as. Tamanha perversidade se revelava, ainda, quando esse cidadão comemorava o dia do sequestro de cada uma delas, servindo-lhes um bolo de aniversário.
 
As três mulheres chegaram a ser mantidas no porão da casa acorrentadas "como cães", depois foram realocadas para o segundo andar da casa, que passou abrigar uma menina, hoje com seis anos, filha do sequestrador com uma das sequestradas. Ainda, no mesmo lugar, moravam dois irmãos do denunciado, que por enquanto não foram considerados envolvidos no sequestro e cárcere. Será que eles nada sabiam ou percebiam?
 
Amanda, 27, Gina, 23, e Michelle, 32, foram encontradas nessa casa não muito longe de onde desapareceram. Elas eram agredidas quando engravidavam e, por isso e por desnutrição, abortavam. 
 
Michelle foi a primeira da lista a ser sequestrada aos 21 anos, depois de visitar uma prima. Amanda tinha 16 quando foi apanhada ao sair do trabalho em uma lanchonete e, finalmente, Gina quando tinha 14, foi levada após deixar a escola.
 
Resumo da ópera: alguém sequestra e mantém três mulheres por vários anos, estupra, engravida, uma criança nasce outras são abortadas, numa rua normal de uma cidade normal, cheia de vizinhos normais e ninguém percebe nada de anormal, apesar do que acontecia. Um enredo que não é inédito, nem no crime de um, nem na participação dos vizinhos. 
 
É comum ouvirmos que Itapira é uma cidade que de um jeito ou de outro se sabe da vida de todo mundo. É rotineira a reclamação de que, nós brasileiros interioranos, somos tendentes a cuidar da vida dos outros, bisbilhotar o que acontece na casa dos vizinhos, abrir janelas, sair na calçada, rodar o pescoço ou aguçar os ouvidos à leve suspeição ou estranheza ou curiosidade. Duvido que um caso daquele chegasse, por aqui, ao primeiro aniversário sem que ninguém metesse a colher.
 
Não tenho como precisar qual seria o limite ideal nos relacionamentos sociais comunitários ou nas preocupações enxeridas dos moradores de uma mesma rua ou bairro, mas acho que o sistema do cada um por si e Deus para todos não é o melhor e nem o único caminho.
 
O que é pior: o crime silencioso praticado por um cidadão maluco ou a indiferença das pessoas que nos rodeia?
 
Os vizinhos da casa “invisível”, onde tudo acontecia, querem, agora, a demolição do imóvel para que aquele lugar não os lembre do que não viam. 
Fonte: Nino Marcati

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