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Itapira, 24 de Abril de 2024
Artigo
13/10/2013 | Nino Marcati: De professor e médico todo mundo tem um pouco

 

 
Dia desses, surfando por uma rede social, me deparei com uma postagem que grafava: “Ao se deparar com um professor tenha cuidado! Ele tem o poder de colocar na sua cabeça que você pode mudar o Brasil (para melhor).”
 
Eu não tenho a menor dúvida de que o professor é um agente transformador. Portanto, a valorização dessa categoria, nunca deveria ter saído do dia-a-dia das ações do poder público, do apoio e acompanhamento da sociedade civil para virar tema de discursos políticos e sindicalizados.
 
Penso que não seja mais hora de ficar passando a mão na cabeça dos professores como se eles estivessem totalmente inocentes em relação ao caos que vive a educação brasileira e, mais, que a formação da consciência cidadã, que hoje impera nesta nação, não fosse, também, resultado do trabalho deles. Portanto, lamento ter que discordar da referida postagem: o professor, no Brasil, pode até ter o poder de colocar em nossas cabeças os requisitos mínimos para melhorar este país, mas foram pouquíssimos os que se empenharam nessa tarefa.
 
É provável que nessa altura do texto, alguém saia em defesa da categoria, jogando toda responsabilidade sobre o poder público, e invoque o ensino oficial de meados do século passado, na tentativa de nos iludir de que bastaria continuar na mesma linha para que a qualidade educacional se perenizasse. Ledo engano. Não podemos nos esquecer de que o tão cantado padrão de antigamente, não era generalizado, não se verificava em todas as unidades escolares, apenas naquelas que atendiam a elite das cidades, com destinação direcionada das vagas. Aliás, projeto que o ensino público de hoje, considerando a abrangência, seja muito melhor do que aquele dos anos cinquenta. Não tenho a menor dúvida em afirmar que: é preferível a democratização do conhecimento, mesmo deficiente, à concentração privilegiada do saber.
 
Acredito que os professores, nessa evolução histórica, perderam a capacidade de lutar pela educação com qualidade, pela valorização da categoria como instrumento de transformação da sociedade. Acabaram ganhando conformismos com as conquistas trabalhistas. A implantação do “educação para todos” fez do acesso ao magistério o caminho mais curto entre a faculdade e o mercado de trabalho. Uma incorporação pouco seletiva, levando a preparação universitária à prostituição. Os cursos superiores na área da educação brotavam como “tiriricas”. De repente, professores com formação ilibada eram nivelados por baixo. Sem falar naqueles, de conduta irrepreensível, tratados pelos colegas como bobos, cansados e humilhados que foram entregando os pontos, paulatinamente. Enquanto isso, a categoria se calava e se permitia.
 
No mesmo tempo histórico, a categoria médica, que passava por processo semelhante com a universalização do acesso à saúde, se uniu, controlou o quanto pode a criação de novos cursos, marretou as faculdades menos dotadas e criou mecanismos de manutenção do status quo. Exagerou! Passaram do ponto. Conseguiram que a remuneração em início de carreira se tornasse a maior dentre as demais categorias, mas não conseguiram garantir a excelência da maioria dos médicos formados. Tal comparação e lembrança nos servem para concluir que a valorização de uma categoria deve ser respeitada e entendida pela própria categoria como tal, que unida consiga refletir bons serviços para a sociedade. É fundamental, portanto, que a função social da profissão não seja perdida nesse processo. Não há categoria forte, valorizada, sem povo respeitado.
Fonte: Nino Marcati

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