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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
21/07/2014 | Nino Marcati: De volta, a normalidade

O ano nos oferece, de vez em quando, oportunidades para desgarrarmos do cotidiano. No dia a dia, temos o fim de semana ou a folga regulamentada. No ano, as férias trabalhistas, os feriados simples e os prolongados. Pausas que não são importantes pelo ócio oferecido, mas pelo fôlego, pela renovação e pela retomada da normalidade, pois a vida, dura ou bela, continua.

A Copa 2014 não nos ofereceu a ociosidade propriamente dita, mas passamos um mês diante do maior apagão de informação já vivenciado por nós brasileiros. Não me lembro de nenhum outro período similar. Antigamente o carnaval tinha esse condão, mas não passava de uma semana.

Um mês é muita coisa, tempo em que o país, assim como o mundo, continua produzindo sucessos e insucessos, vivenciando crimes e violências, sujeito às intempéries do tempo, da economia e da polí­tica. Mas a sensação – imagino - para a maioria dos brasileiros foi de que o mundo parou. Na frente, só Copa. Na retaguarda: um viaduto despencou em Belo Horizonte matando duas pessoas, uma obra que estava condenada e deveria ter sido implodida antes; ativistas continuaram protestando contra a Copa; em alguns pontos do país as fortes chuvas inundaram cidades, destruíram ruas e estradas, noutros seca e baixa umidade do ar; tivemos greves de motoristas e cobradores em várias capitais; a morte de quatorze pessoas e vinte e seis feridas num ataque suicida na Nigéria, cujas vítimas estavam se preparando para assistir ao jogo da Copa; com a renúncia de Jo­aquim Barboza um novo relator assumiu o processo do mensalão; Sarney se despediu da política depois de cinquenta e nove anos de vida pública; o Plano Nacional da Educação foi sancionado e deverá destinar 10% do PIB para a Educação, hoje investimos a metade; a lei da Palmada foi sancionada e determina que não se use castigo físico na educação das crianças ou qualquer outro procedimento cruel ou degradante para corrigi-las ou disciplina-las; depois de apertar a mão de Lula e Padilha, Maluf bandeou-se para o candidato Skaf, do PMDB; foi criado o califado no Iraque e Síria recuperando um regime da época de Maomé, muito sangue vai rolar; o pedágio nas rodovias paulistas foi reajustado entre 5,29% e 8,57%; bombardeios israelenses mataram mais de 170 palestinos; nos EUA, homem mata seis pessoas, entre elas, quatro filhos; foi testada a primeira vacina contra dengue em humanos... Todos esses fatos foram noticiados, mas a maioria passou batida, no todo ou em parte. Anestesia cole­tiva? Será que esse apagão intelectual é bom de vez em quando? Eu diria que sim!

Vivemos um bombardeio de informações negativas sobre o nosso país, muitas comprovadamente exageradas. Dizia-se, por exemplo, que a seleção iria cumprir a sua missão e resgatar 1950; que os es­tádios, os acessos, os aeroportos e a segurança nos levariam a um vexame descomunal e; finalmente, que a Fifa cuidaria com eficiência da parte que lhe cabia. E o que foi que aconteceu?

Retomamos a normalidade, com uma visão diferenciada dos acontecimentos, descobrimos que não somos competentes para ganhar o mundial de futebol, mas podemos bancar qualquer grande evento. A aprovação dos estrangeiros sobre a nossa organização bateu em 83%. Mais de um milhão, vindos de 202 países diferentes, nos visitaram. Na última copa, na África do Sul foram 300 mil. Um país que recebia 3,5 milhões de turistas por ano, dois depois, passou a receber 13,5 milhões. Mostra que a propaganda funcionou. No que­sito hospitalidade demos um banho, 95% disseram que a recepção foi ótima ou boa. 69% deles gostariam de morar no Brasil. Sobre a segurança dos turistas – pasmem – 82% avaliaram como ótima ou boa. Quer dizer, nós podemos.

Tomara que a normalidade não seja o normal de antes, que povo e governo busquem um país normal. Seria pedir muito?

Fonte: Nino Marcati

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