Fidelidade é o atributo de quem é fiel, de quem honra os compromissos, de quem é leal. De quem é confiável. Tem gente que pensa que isso é coisa de antigamente. Não é não! A fidelidade está associada aos amigos, aos cônjuges, aos patrões ou chefes, aos líderes ou governantes... Às ideias. Para alguns, submissão. Para outros, virtude. Não existe fidelidade para malefícios, que nesse caso, no mínimo, cumplicidade.

 

A sabedoria popular costuma dizer que a infidelidade não deve povoar nem mesmo os pensamentos. Pode ser! Mas a fidelidade, sim. Sobre esse assunto, grandes pensadores da humanidade vêm se debruçando ao longo da nossa história. Sponville, filósofo vivo, nos ensina que não há virtude sem fidelidade e que a fidelidade é a virtude da memória, ou melhor, a própria memória. Santo Agostinho não pensava tão diferente, dizia que a memória é o presente do passado e que a dignidade do homem está no pensamento, em tudo o que ele guardou na memória.

 

Jesus, segundo Lucas, disse: “quem não é por mim é contra mim, quem comigo não ajunta, espalha”. É Jesus estabelecendo a fidelidade aos pensamentos divinos e quem não a suportar como tal, que procure outros caminhos. Mais clareza, impossível.

Nenhum outro segmento requer tanta fidelidade como política e religião. No segundo, sempre existe a salvaguarda do perdão. Na primeira, nem sempre.

 

A infidelidade ronda o universo político itapirense. Nem sempre é tratada com a seriedade que o assunto requer. Quando se trata de desgarre, mal intencionados formadores de opinião atacam a mesma questão diversamente. Dependendo do lado, varia da mais sórdida traição ao sintoma mais sublime da evolução humana. Muitas vezes, bem sabemos, tais alterações são regadas por trocas de interesses ou doações de presentes especiais. Entre a expulsão por infidelidade e o aliciamento a preço de ouro, os justos, acredito, ficam com a primeira situação.

 

Acho que as eleições são medidores periódicos da fidelidade dos eleitos. Reparei que no ano passado, a grande maioria que pulou o muro foi punida. Assistimos uma renovação espetacular na câmara na ordem em oitenta por cento. Colocou muita gente no esquecimento.

 

Os confiantes nos desígnios da democracia - assim como eu – não viram apenas a simples condenação de governo e renovação na nossa casa leis. Viram sinal para o futuro. Ao colocar nove representantes de um mesmo grupo, de dez possíveis, o povo de Itapira deixou claro que não queria assistir vereadores se engalfinhando e muito menos criando dificuldades legislativas para um prefeito com projeto político bem intencionado. É bom lembrarmos que propaganda não falhou nesse sentido, pois além de defenderem seus programas, todos os candidatos a prefeito – eu disse todos – rogavam aos eleitores que votassem nos vereadores das suas coligações. Ora, qual seria a razão da insistência desse pedido, senão a garantia de ter a fidelidade aos pensamentos do grupo? E o povo entendeu o recado, buscou a melhor opção e atendeu. E fez mais, deixou claro que queria que o prefeito eleito usasse e abusasse da força política e do prestígio do deputado de Itapira.

Quem é este ou aquele para julgar uma decisão popular de tamanha envergadura ou dizer como devem se comportar prefeito e vereadores, em relação às suas fidelidades programáticas aprovadas nas urnas?

 

Sabem os eleitos, que o povo, de um jeito ou outro, os acompanha. Sabem os eleitos, que o que mais pesará na eleição seguinte será a fidelidade ao projeto de governo. O que eu quero dizer é que a democracia sabe se cuidar, não precisa de tutela. O povo quer resultados. Ninguém faz a cabeça de ninguém