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Itapira, 20 de Abril de 2024
Artigo
12/05/2014 | Nino Marcati: Educação: a vaca no brejo

  

Dos meus quase sessenta anos, cerca de cinquenta ouço e leio sobre a importância da educação para o futuro. Não falo da importância individualizada, aquela que beneficia apenas os estu­dados, mas aquela que eleva e transforma a sociedade, para que os ganhos sejam contabilizados por todos. E quando me refiro aos ganhos, não destaco o saldo financeiro favorável. Aquele que vale muito pouco diante de uma sociedade que não evolui conjuntamente e que registra baixos índices de produtividade; que registra de forma constante as más escolhas políticas; que registra a entrada de cidadãos maus formados profissional e eticamente na vida cotidiana; que registra o aumento da criminalidade e da violência deixando-a refém da própria sorte. Enfim, uma sociedade assim - penso eu - não pode se considerar feliz, totalmente. Entendo que não existe bem estar completo, quando esse bem estar não é compartilhado, minimamente, com todos. Mantenho a crença de que só a educação tem o condão de transformar a sociedade tornando-a mais próspera, mais justa, mais solidária... A cada dia me convenço mais de que esse ente transformador nunca focou a nossa sociedade, mas a velha e conhecida determinação do “salve-se quem puder!” Pergunto, então: “estamos salvos?”

Sabemos que educação é um direito fundamental e essencial ao ser humano, previsto na Constituição, reforçado na Lei de Diretrizes e Bases e sacramentado - faz tempo - na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os meios de comunicação repetem à exaustão a importância e a necessidade da educação com qualidade. Os políticos, então, sempre denunciam o tema e fazem promessas. E o cidadão, do mais graduado ao analfabeto, diz, frequentemente, qual é a melhor herança a ser deixada aos filhos. Quer dizer, não patinamos por falta de consciência. Patinamos por quê?

O relatório produzido pela Pearson/Financial Times e pela consultoria Economist Intelligence Unit (EIU), ambas britânicas, revelou, nesta semana, que o Brasil ostenta a 38ª posição, entre os 40 países ranqueados. Nesse ranking, o escore Z é composto a partir da capacidade cognitiva (medida por resultados de alunos nos testes internacionais PISA, TIMSS e PIRLS) e sucesso escolar (índices de alfabetização e aprovação escolar) e indica a distância do país em relação à média dos 40 países ranqueados. Em 2012, o escore foi -1.65; neste ano, -1,73. Em um ano, aumentamos a distância. Como a comparação é em relação à média dos 40 paí­ses, das duas, uma, ou o Brasil piorou ou foi a média mundial que melhorou. De qualquer maneira, não evoluímos.

Como se não bastasse, foi divulgada, nesta mesma semana, uma pesquisa que envolveu 7,1 mil estudantes brasileiros que se candidataram a uma vaga de estágio. A pesquisa aplicou um ditado com 30 palavras do nosso cotidiano. Seriam considerados reprovados aqueles que errassem sete palavras ou mais. O índice de reprovação foi de 40,6%. Enquanto que o mesmo estudo aplicado no ano anterior apontou uma taxa de 28,8%. De novo, pioramos de um ano para outro. Esse estudo revela dois fatores interessantes. O primeiro é que o índice de acerto piora entre os candidatos mais jovens. O segundo é que os candidatos de Pedagogia, aqueles que deveriam estar melhores preparados para ensinar, foram os que apresentaram o pior desempenho, 86% seriam reprovados.

Eu não tenho a receita para tirar essa vaca do brejo, mas des­confio que o esforço não deva ficar só nas mãos dos governantes (eles tiveram tempo de sobra), mas com a sociedade - alunos, pais, profissionais da educação, políticos e empresários – se, de fato, interessada.

Fonte: Nino Marcati

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