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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Artigo
23/05/2013 | Nino Marcati: Fogo de paixão ou de palha?

No sábado passado, peguei a minha camisa azul cor do mar e fui para o Chico Vieira torcer pelo acesso da Vermelhinha à série A-2. Naqueles noventa e poucos minutos eu via em campo o time da minha cidade. No dia seguinte, em Mogi-Mirim, seria a vez de ver o time do meu coração.

É engraçado como coisas aparentemente parecidas, são mais distintas do que a gente imagina. Os quase três mil torcedores que lotaram as arquibancadas do velho Chico certamente dividiam amores. Lá estavam corintianos, palmeirenses, sãopaulinos e santistas como eu, todos torcendo pela Esportiva. Ou seria por Itapira?  Não, não é a mesma coisa!

Do meu posto, sentado ao lado de um corintiano amigo antigo, via o que acontecia no gramado, mas arriscava um olho, de vez em quando, na torcida. Posso estar enganado, mas pelo que observei, mesmo guardando as devidas proporções, a reação nada se comparava a um Corinthians e Santos, por exemplo. No Chico é Itapira de chuteiras. Na Vila ou no Pacaembu é  paixão.

A paixão por um time de futebol é um sentimento inexplicável. Como explicar as reações dos torcedores que veem a pressão arterial subir, a ansiedade dominar, o senso de censura desaparecer, a valentia assoberbar, as lágrimas rolarem e o choro copioso envolver marmanjos lanfranhudos?

Nelson Rodrigues, cronista e torcedor fanático do Fluminense, dizia que futebol não era um jogo banal em que onze jogadores de cada lado tentavam fazer um gol:  era um épico camoniano, era uma luta heroica, não pela vitória, mas pela vida, entre gladiadores uniformizados cercados por torcidas delirantes.

O que eu estou tentando dizer - não nos iludamos, pois - é que o time da Esportiva ainda não despertou nos itapirenses a paixão pela camisa, mas reconheçamos, soube representar o amor que dedicamos à nossa cidade. Em campo a disputa era entre a Esportiva e Inter. Fora, era Itapira contra Limeira, Sertãozinho e Sorocaba. Era o afloramento do velho e abençoado sentimento bairrista, o desejo em ver Itapira nos píncaros da glória.

O jogo mal começou, marcamos o primeiro gol. Não demorou. Para o pênalti, que tinha a intenção de fazer a nossa alegria durar pouco, juntamos as nossas mãos às de Matheus e evitamos o empate. Achei que o gol rápido e o pênalti perdido esfriariam os ânimos de Limeira. Que nada! Menos de dez minutos depois, veio o amaldiçoado empate que naquela altura nos tirava o acesso. Continuamos empurrando, gritando, xingando, reclamando do juiz e da bandeirinha que estava à nossa frente até chegarmos ao segundo gol, mas não ao relaxamento. Dali em diante, vimos Limeira, tentando virar o jogo, na maior pressão dentro do campo e fora, nas nossas veias. Seguramos. Conseguimos.

Não podemos repetir o pós 1969 que depois de conquistar o título da Terceira Divisão, abandonamos a rinha. Tampouco devemos fazer como em 2008, recém-chegados à série A-3, e apresentar um desempenho sofrível.

É hora de juntarmos a magia que contagia os brasileiros, a adoração pelo futebol, com o nosso sentimento bairrista. Mais do que empurrar o time em dia de jogo, precisamos sustentá-lo sem a necessidade da intervenção decisiva do poder público, nem jogar no esquecimento as demais modalidades esportivas.

A série A-2 vai colocar em cheque a relação da cidade com o seu time de futebol. Esperemos que a torcida não se mostre fogo de palha. Vai Esportiva!

Fonte: Nino Marcati

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