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Itapira, 16 de Abril de 2024
Artigo
10/02/2013 | Nino Marcati: Isso é carnaval!

 

Continuo voz discordante dos que propalam que o carnaval acabou ou de que reúne poucas chances de reviver as glórias do passado. Concordo, em tese, com o argumento que diz o formato dos antigos bailes de salão não volta mais. As instituições associativas existentes pouco ou quase nada guardam do passado. Os associados de hoje buscam nos clubes atividades determinadas e diversificadas, o ano inteiro: com menos glamour, mais esportes e relacionamentos. Não enxergam mais o carnaval como evento quase único. Assim como nunca mais teremos – graças a Deus - aquela sensação de liberdade de expressão e comportamental que a gente só vivia no reinado de momo. Não precisamos mais dessa válvula de escape.  Mas carnaval sempre foi mais do que isso, é tradição cultural. E essas coisas não morrem e nem devem morrer, no máximo, adequação e modernização. A essência deve resistir.

O povo brasileiro, notoriamente, cuida mal das suas tradições, valoriza pouco as suas raízes, prefere, muitas vezes, a importação dos costumes alheios, o que não é nada bom. Precisamos, então, refletir mais e chorar menos.

Nenhuma atividade cultural, em qualquer lugar do planeta, envolve e agrada cem por cento do povo, a regionalização acomoda as diferenças. O que não é normal é quando essa comunidade, como em relação ao carnaval, defenestra ou indiferenta-se ao longo do tempo. Motivos não devem faltar!

O processo migratório acentuado a partir dos anos cinquenta pode ter influenciado as identidades regionais enfraquecendo a reação dos nativos. A revolução dos costumes, a liberação sexual, a flexibilização etária (a integração de menores de dezoito anos), o alto custo financeiro das orquestras, a música eletrônica, a falta de interesse ou criatividade ou iniciativa dos poderes constituídos e dos dirigentes dos clubes e até o encerramento da ditadura militar podem ter contribuído para a reversão das expectativas carnavalescas.  É possível perceber, que apesar de tudo, a despeito das aparências, o espírito do carnaval não morreu. Tem, por aí, um monte de gente que pensa ou quer fazer algo para revigorá-lo. Isso é tradição.

Percebo, a cada ano, que se mantém viva a resistência para que o carnaval recupere, não a nostalgia, mas a alegria, a diversão, a irreverência, o corpo solto, o descompromisso, a confraternização, o relacionamento livre e o cantar sem censura que esse período sempre nos ofereceu. Substituímos por chácaras, viagens, sonos prolongados, mas não sentimos satisfação equivalente, o mesmo prazer. O que fazer?

Desde o instante que a nova administração anunciou o resgate do carnaval de Itapira, rapidamente, os carnavalescos se animaram e se envolveram. Participaram das reuniões, ofereceram sugestões e buscaram as verbas necessárias, numa cabal demonstração de que o sangue ainda ferve com a tradição momesca. Isso é cultura.

A cidade está vivendo um clima diferente, neste carnaval, como há muito não se via. A avenida do samba foi deslocada para o Parque Juca Mulato, oferecendo espaço, ar puro e comodidade. Até o desfile sobre paralelepípedos, como nos tempos do Zé Candoia, completará o cenário, prometendo interação, diversão e alegria. Isso é carnaval!

Fonte: Nino Marcati

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