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Itapira, 25 de Abril de 2024
Artigo
08/09/2013 | Nino Marcati: Nada a comemorar?
Nada a comemorar?
Não faz muito tempo, quando questionávamos “o que temos a comemorar a respeito da nossa independência?” carregávamos com um profundo simbolismo ideológico para criticar as festas patrocinadas orientadas pelo malfadado governo militar, sempre ávido em mostrar a importância da disciplina e do poderio armamentista, ou para dizer o quanto ainda éramos atrelados ao jugo americano ou para demonstrar nossa insatisfação com o arremedo da nossa vã democracia.
Hoje, não temos os militares no poder, nem os EUA como imperialistas de antigamente e, muito menos, uma democracia com grandes brechas e incorreções. Não deveríamos comemorar?
Como o próprio introito registra, nunca comemoramos a nossa independência, aquela que lutamos para ser livres de Portugal. Luta? Que luta? Nós comemorávamos uma data burocraticamente constituída. Mais ou menos como comemorar um gol do nosso time no vídeo tape. Sem graça nenhuma.
Acho que construímos mal a nossa história. Sobre a independência, por exemplo, temos uma versão escolar que pouco recurso nos dá para construirmos filmes ou livros que nos encha de orgulho ou nos faça refletir sobre aquele processo. Por outro lado, sabe-se que, naquele período, havia um temor da população elitizada e culta preocupada com a possibilidade do povo se revoltar, realizar a independência com as próprias mãos e ferir privilégios. Ter uma independência patrocinada pelo próprio príncipe foi a grande ideia que evitou a suposta rebelião, mantendo a ordem econômica e a preservação da escravidão. Enfim, uma independência, “pero no mucho.” Nada a comemorar, pois!
Tínhamos, então, a chance da remissão. A Proclamação da República poderia enterrar, de fato, o Brasil colônia, o Brasil dependente, o Brasil da corte. Mas eis que o nosso primeiro presidente, um fervoroso monarquista, achava que a república era coisa impossível, uma desgraça. Descobriu-se, que ele só aceitou o regime republicano na madrugada do dia 16 de novembro de 1889. Isso mesmo, no dia 15, não saiu da boca dele a palavra “república” e muito menos “proclamação” como fomos ensinados, assim como ele nunca esteve envolvido em qualquer levante republicano. Novamente, contamos e construímos mal a nossa história.
Nesse sábado que passou, foi propalado que haveria uma manifestação nacional gigante, cerca de 40 milhões de pessoas sairiam às ruas para protestarem contra a corrupção e ações políticas equivocadas. Antes disso, tivemos inúmeras manifestações dominadas por depredadores de bens públicos e particulares que mais serviram para afugentar que aglutinar, além das concentrações de caráter pacífico, porém desatreladas dos partidos e lideranças declaradas. O que se viu neste sábado pelo país, manifestações chamando mais atenção pelos atos de violência e depredações do que pelo número de participantes.

 

Sei não,  mas desconfio que mais uma vez estamos construindo e contando errado a nossa história. Tomara que a gente aprenda.       

 

Fonte: Nino Marcati

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