Natal não é a data mais famosa e a mais comemorada do ano? Não é a época que reúne manifestações associadas à paz, luz, alegria, saúde, força, abraço, metas, amizade, harmonia, tolerância, felicidade, coragem, amor, bondade, perdão, conquistas, dedicação, perseverança, serenidade, humildade, superação, promessa, sabedoria, unidade, comprometimento, socialização, confraternização, irmandade, generosidade, vida e renovação?  Pois é!

Antigamente, o Natal parecia durar uns sessenta dias. Vivíamos, então, cerca de dez meses longe do chamado “espírito natalino”, tempo que incomodava o escritor Carlos Drumond de Andrade ao ponto de fazê-lo imaginar que um dia essa divisão poderia ser invertida: dez para o Natal, dois para o ano propriamente dito. Assim, dizia ele, amaríamos mais, nos desejaríamos mais felicidades, veríamos o reino da crueldade ser transposto para o reino do amor, a poesia escrita ser identificada com o perfume das moitas antes do amanhecer, até que a morte não fosse mais procurada, tampouco esquivada e nos faria compreender a existência da noite, como já compreendíamos a da manhã: o Natal para sempre.

Caminhamos, ao que parece, contrariamente ao imaginado por Drumond. O Natal anda começando uns quinze dias antes e terminando, no máximo, no terceiro dia do novo ano. Nem esperamos mais o dia de Reis. Nosso tempo, longe do Natal, já passa de onze meses. Mas há fios de esperanças.

O Natal, mesmo mais curto, ainda nos faz lembrar de que somos seres humanos, que gostamos de viver em harmonia, de despertar para a solidariedade e, principalmente, de saborear a paz. O Natal continua sendo um tempo de felicidade coletiva. Por isso, não devemos descartar o ideário do poeta. Talvez estejamos em um processo transitório. Ainda viveremos em paz, o ano inteiro, respeitando as pessoas, perdoando com mais simplicidade e maior frequência. Não viemos para este mundo para fazer coisas que não nos fazem bem.

Afinal, o Natal não é como o Papai Noel!